Revista Inovação
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Por Genilson Cezar


Karin Schoner, da Maersk: rede abrangente para integrar todo o processo de logística — Foto: Divulgação
Karin Schoner, da Maersk: rede abrangente para integrar todo o processo de logística — Foto: Divulgação

O setor brasileiro de logística e transporte de cargas, cujos gastos respondem por 13% do Produto Interno Bruto (PIB), aproximadamente R$ 900 bilhões, concentra importantes soluções de tecnologia avançada baseadas em inteligência artificial (IA), análise de dados e internet das coisas (IoT), que buscam aumentar a eficiência e a produtividade dos ativos envolvidos no armazenamento, embarque e tráfego das mercadorias.

A eletrificação cada vez mais intensa dos equipamentos de transporte, em substituição aos meios baseados em combustíveis fósseis, por exemplo, é uma das estratégias que se fortalecem nas operações de logística e transporte de mercadorias. Esse é o caso da empresa dinamarquesa de logística integrada A.P. Moller-Maersk, que investiu recentemente R$ 150 milhões na compra de novos equipamentos elétricos, entre eles três guindastes móveis sobre pneus (RTGs), para operação de contêineres no pátio do terminal portuário de Pecém, na região metropolitana de Fortaleza (CE).

Em paralelo, a Maersk desenvolve projetos-piloto com caminhões elétricos, modelos cavalo mecânico, ou caminhão-trator, para permitir o transporte rodoviário de contêineres (FCL). O objetivo é avaliar as possibilidades de fornecer conectividade entre o modal rodoviário e os terminais portuários. “No Brasil, estamos construindo uma rede abrangente com o objetivo de integrar todo o processo de logística para nossos clientes e reduzir as emissões”, explica Karin Schoner, presidente para a Costa Leste da América do Sul da Maersk.

De fato, as iniciativas das empresas deixam claro que buscar reduções substanciais dos níveis de emissão de CO2 em diversas frentes de trabalho é um dos principais objetivos dos sistemas inovadores. Empenhada nessa direção, a fabricante brasileira de suco de laranja Citrosuco, sediada em Matão (SP), com vendas totais acima de US$ 1 bilhão, formalizou parceria com a nstech, empresa de tecnologia e mobilidade. O objetivo foi implantar uma plataforma aberta (open logistics) para rastrear, monitorar e gerenciar o fluxo de transporte entre as plantas de produção da Citrosuco e o terminal de exportação em Santos (SP).

Vela inflável da Michelin para navios de carga: consumo 20% menor de combustível — Foto: Divulgação
Vela inflável da Michelin para navios de carga: consumo 20% menor de combustível — Foto: Divulgação

Ao todo, a empresa implantou cinco soluções de tecnologia avançada nas operações e processos de transporte de sua frota de caminhões, como informa Vasco Oliveira, CEO da nstech: gerenciamento de transporte, gestão de pátio, roteirizador, software de agendamento e uma torre de controle digital, para análise de dados e tomada de decisão.

O tamanho da frota da Citrosuco e o volume transportado pelos veículos tornam o ambiente a ser administrado bastante complexo, destaca Karen Lopes, gerente de operações e exportações da fabricante de sucos. Durante o período de safra e entressafra, a frota oscila entre 160 a 180 caminhões-tanques operados por mais de 350 motoristas, transportando suco de laranja 24 horas por dia, sete dias por semana, numa performance de mais de 24 milhões de quilômetros por ano, até o terminal de Santos. “Com a implantação da Central de Controle Logístico Digital, o sistema permitirá a gestão com visibilidade em tempo real, assegurando um aumento de 30% da produtividade operacional, sem contar o bem-estar dos motoristas e redução das emissões de CO2”, afirma Lopes.

A francesa FM Logistic, um dos principais operadores logísticos do país, também pretende transformar suas operações para ampliar a descarbonização no transporte de carga. A empresa já realiza o transporte de produtos na modalidade green, com veículos ecologicamente corretos (elétricos, híbridos, gás ou hidrogênio), e agora está investindo no uso de energia fotovoltaica em seus armazéns.

No centro de distribuição de São Paulo, localizado na rodovia Anhanguera, que movimenta 240 mil toneladas de cargas diversas, a FM Logistic fez a instalação de 45 painéis solares, fabricados pela empresa chinesa Jinko Solar. Com isso, deixou de emitir em torno de 43 toneladas de CO2 por ano na atmosfera por meio de geração de eletricidade limpa de quase 2,1 mil kWh/mês, diz Ronaldo Fernandes da Silva, presidente da filial brasileira. “Dessa forma, garantimos uma cadeia de suprimentos ecológica, sustentável e efetiva”, afirma. A empresa também reduziu em 94% a quantidade de plástico utilizado nas operações de armazenagem e transporte, reflexo do uso de papel kraft.

A fabricante de lubrificantes Iconic investiu perto de R$ 1 milhão para concluir o processo de eletrificação de 100% da sua frota de empilhadeiras utilizadas no embarque de graxas e fluidos para os clientes na unidade de Osasco, em São Paulo. Com esta iniciativa, a empresa reduziu a emissão de aproximadamente 60 toneladas de CO2 na unidade de embarque de mercadorias, informa Márcio Aziz, diretor de operações da Iconic.

“A substituição das máquinas convencionais por empilhadeiras movidas a bateria elétrica proporcionará maior segurança operacional, maior conforto térmico e acústico em nossos armazéns e áreas operacionais, além de eliminar completamente a exposição dos funcionários aos gases de combustão”, explica o executivo.

O grupo CCR, um dos maiores operadores de transporte e infraestrutura do país, com atuação nas estradas, metrôs e aeroportos do país, com receita de R$ 19,1 bilhões em 2022, tem uma agenda bastante ambiciosa para levar adiante uma política de descarbonização no setor de transporte, avalia Pedro Suter, vice-presidente de sustentabilidade e governança. “A meta é reduzir as emissões de gás carbônico em 60% até 2033. Não é pouco, se considerar que hoje emitimos por volta de 70 milhões de toneladas de gás de efeito estufa”, diz ele.

Um dos projetos é o free flow, um sistema de pagamento de pedágio sem cancela, em substituição às praças convencionais de pedágio, que funciona por meio de equipamentos de monitoramento instalados em três pórticos construídos ao longo da rodovia Rio-Santos, nos municípios de Itaguaí, Mangaratiba e Paraty, no Estado do Rio de Janeiro.

O sistema é dotado de sensores, câmeras e antenas que realizam a leitura de TAG e fazem a detecção, classificação e leitura da placa dos veículos, para posterior cobrança eletrônica. “A ausência de interrupção na viagem do motorista, sem a necessidade de parar ou diminuir a velocidade frente a uma praça de pedágio, numa região sensível geologicamente, como a Mata Atlântica, contribui significativamente para a redução de emissão de gases de efeito estufa”, diz Suter.

O grupo também tem iniciativas para redução das emissões de carbono nos 17 aeroportos que administra em quatro regiões do país. No aeroporto internacional de Confins, em Belo Horizonte, por exemplo, a CCR já implantou equipamentos GPU 400HZ/PCA, que fornecem energia elétrica e ar condicionado para as aeronaves durante os serviços de solo, substituindo o uso de querosene de aviação e geradores a diesel.

“Isso resulta em uma diminuição de 40% das emissões diretas no aeroporto de Confins, o que representa uma redução de 450 toneladas de gás carbônico por ano”, diz Suter. Cada equipamento custa em torno de R$ 2 milhões, por instalação em pontos de finger, e o objetivo é replicar essa iniciativa em todos os aeroportos que o grupo opera sob concessão.

No setor de transporte naval, as soluções de vanguarda tecnológica requerem maiores investimentos e, por isso mesmo, têm um desenvolvimento mais lento. Contudo tendem a proporcionar impacto relevante na indústria naval. É o caso do sistema wing sail mobility (Wisamo) de velas infláveis, que está sendo testado pela Michelin, uma das maiores fabricantes de pneus do mundo, em parceria com a companhia francesa de transporte marítimo Nantaise. “É uma solução inovadora para qualquer tipo de navio e, mais particularmente, navios de carga, que deverá estar pronta para entrega comercial em 2026”, conta Gildas Quemeneur, diretor da Wisamo Michelin.

A tecnologia possui três elementos principais: um mastro telescópico totalmente retrátil que eleva e retrai automaticamente; vela tipo asa confeccionada em tecido leve e resistente; um sistema de controle automatizado que gerencia as operações de acolhimento e retração das velas, aperfeiçoando o desempenho e garantindo a segurança de acordo com as condições climáticas. “O design revolucionário da tecnologia permite que um navio tenha um impacto positivo no meio ambiente, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa em até 20% para uma embarcação existente”, diz Quemeneur. “E pode melhorar a eficiência de combustível de um navio de 20% até mais de 50%”, assinala.

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