Revista Infraestrutura e Logística
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Por Ana Luiza Mahlmeister


Cortes, da Volks: primeiras 20 unidades do modelo de condução autônoma — Foto: Wander Malagrine/Divulgação
Cortes, da Volks: primeiras 20 unidades do modelo de condução autônoma — Foto: Wander Malagrine/Divulgação

Exigências ambientais e de produtividade e custos estimulam a renovação da frota de caminhões e ônibus por transportadoras e motoristas autônomos em todo o país. Mas essa modernização ficou aquém do esperado em 2023: de janeiro a agosto, as vendas tiveram queda de 16% em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) prevê uma queda de 11% no acumulado do ano.

“O alto custo do crédito e um aumento em torno de 20% no valor dos veículos impulsionado pelas diretrizes do Proconve8 (P8), ou Euro-6, regulamentação que exige uma redução média de cerca de 75% na emissão de gases, desestimularam as compras”, afirma Marcelo Paciolo, diretor de logística da AGR Consultores.

O governo lançou em junho a Medida Provisória 1175/23, que oferece R$ 700 milhões para a renovação da frota de caminhões e R$ 300 milhões para a renovação da frota de ônibus com mais de 20 anos, com descontos que variam de R$ 33 mil a R$ 99 mil e redução do preço de automóveis, caminhões e ônibus por meio de créditos tributários às montadoras.

Alguns requisitos para troca no caso dos caminhões, como o de ter 20 anos de uso, no entanto, dificultaram a adesão. “Ou o veículo não é tão antigo ou o transportador não consegue fazer o salto”, diz Paciolo. Outros fatores como o custo de manutenção da frota, a volatilidade do valor do óleo diesel e aumento do preço dos pneus também influenciaram a queda.

Segundo Roberto Zampini Junior, conselheiro da Associação Brasileira de Logística (Abralog), o Euro-6 elevou o preço dos caminhões entre 15% e 20% e os juros altos desestimularam o financiamento. “Algumas empresas anteciparam compras em 2022 e neste ano esperam a queda de juros e o equilíbrio dos preços dos caminhões”, afirma Zampini.

Algumas empresas filiadas à Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol) reduziram em até 50% o planejamento de renovação da frota em 2024. “Observamos, no entanto, alta nos investimentos em inovação e fontes alternativas de energia, como é o caso de veículos elétricos e híbridos e combustíveis menos poluentes, como etanol e gás natural veicular (GNV) ”, afirma Marcella Cunha, diretora-executiva da Abol.

Investindo na modernização, a Vamos, do grupo Simpar, que faz locação e venda de caminhões, máquinas e equipamentos, terminou o segundo trimestre de 2023 com uma frota de mais de 45 mil ativos, 33,4% superior ao mesmo período do ano passado. “Em 2022 antecipamos compras com a aquisição de caminhões no sistema Euro-5/P7, garantindo um estoque competitivo cujo valor foi apreciado devido à escassez de oferta durante a transição para o Euro-6/P8 e que deve ser completamente locado até o fim do terceiro trimestre deste ano”, afirma Gustavo Couto, presidente da companhia.

Com o escoamento desse estoque, a Vamos retomou a compra de caminhões em 2023, com a aquisição de 140 unidades no modelo Euro-6/P8 por meio do programa de renovação de frota lançado pelo governo federal. “Essa aquisição de caminhões novos seguiu outra iniciativa de redução do impacto ambiental com a compra de 140 caminhões antigos, com idade média de 36,4 anos, de caminhoneiros autônomos pela Vamos – veículos retirados das estradas e encaminhados à Gerdau, responsável por transformá-los em matéria-prima para a produção de aço 100% reciclável”, destaca Couto.

Paciolo, da AGR Consultores: dificuldades com nova regulamentação e crédito caro — Foto: Divulgação
Paciolo, da AGR Consultores: dificuldades com nova regulamentação e crédito caro — Foto: Divulgação

Em outro movimento, a Vamos adquiriu 2.926 caminhões do grupo Petrópolis, por meio de proposta vinculante, no contexto do plano de recuperação judicial da Petrópolis, com investimentos de R$ 576,2 milhões. Dos ativos, 76% dos modelos são de fabricação a partir de 2019.

Para cumprir as metas ambientais, as montadoras lançaram veículos elétricos, com combustível a gás e caminhões autônomos. A Volkswagen Caminhões e Ônibus entregou as primeiras 20 unidades do VW Constellation 31.280 8x4 com direção autônoma, destinadas a locações no agronegócio. “O benefício está no sistema que identifica sua posição e segue a rota pré-programada, com precisão de 2,5 centímetros com variações mínimas, impossíveis de se atingir na condução humana”, explica Roberto Cortes, presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus.

Segundo Alex Nucci, diretor de vendas de soluções da Scania Operações Comerciais, a empresa reforçou atuação nos segmentos de caminhões de médias distâncias nas aplicações de carga geral, sider, baú e combustível e numa linha de modelos semipesados movidos a gás. “Com a queda da Selic, a tendência é um aumento de vendas em 2024, principalmente nos mercados de agronegócio, combustíveis, cargas frigoríficas, cana e mineração”, afirma Nucci.

A modernização da frota permite aos gestores ter acesso a plataformas digitais, ganhando eficiência com a análise de dados gerados a partir de dispositivos embarcados. A Scania oferece serviços conectados com o Scania Zone, disponível para os caminhões da linha Euro-6. É um portal para gestão da frota em que é possível definir o limite de velocidade em trechos de risco da operação por meio de cercas virtuais ou geocercas.

Quando o veículo chega a uma região predeterminada, aparece um aviso ao motorista no painel e entra em operação o ajuste automático, limitando a atuação do pedal do acelerador sem qualquer interferência do condutor. “O veículo avisa ao motorista sobre o limite a ser seguido naquele trecho e aciona um mecanismo de trava de aceleração em trechos críticos, controlado pelo gestor da frota”, explica Nucci.

Outro recurso é o “control tower”, que acompanha em tempo real o veículo e a forma de condução de cada motorista, integrando dados da frota e das viagens em seus sistemas internos de gestão de ativos.

“As plataformas de gestão de frota permitem acompanhar o desempenho dos veículos, onde circulam e como são dirigidos, para identificar as oportunidades de melhoria e alcançar economia média de até 15% na redução de custos operacionais e 3,5% de diminuição de tamanho da frota”, afirma Diego Aguiar, diretor de operações da Telefónica Tech IoTCo, que oferece o sistema de gestão Vivo Frotas.

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