Empresas de entregas expressas têm uma perspectiva de crescimento em 2023, apesar de enfrentarem alguns desafios importantes. Entre os principais, o aumento das exigências do consumidor e usuário, principalmente com relação a mecanismos de segurança e de devolução; novas taxações dos governos, não só do Brasil, mas também dos países de origem, como China e Estados Unidos; e a necessidade de se adequar às novas tecnologias, especialmente as ferramentas que contam com inteligência artificial para mecanismos de entrega. A opinião é de João Carlos Daniel, especialista em logística e diretor de operações da Higline Venture Builder, empresa gestora de ativos em marketing, tecnologia Web3 e educação. “Os sites hoje precisam de uma arquitetura que inclua inteligência artificial e mecanismos que agilizem a seleção por parte do cliente, que de alguma maneira ‘leiam’ o pensamento do consumidor e rapidamente indiquem um produto e facilitem o faturamento da compra on-line.”
Hofstatter, da Logcomex, acrescenta aos desafios o custo logístico, armazenamento, manutenção, roubos de cargas, visibilidade e rastreamento. “Por isso, acreditamos que agregar tecnologia a esses desafios pode ser um diferencial competitivo. O cliente não busca apenas a entrega de qualidade, mas também um serviço que envolva rastreio e informações seguras”, destaca.
“Pensar grande e agir de maneira que todos possam comprar e receber seus pacotes em mãos, de forma rápida e eficiente, é uma das nossas missões”, diz Thomas Kampel, líder para comunicação corporativa na Amazon Brasil. Segundo ele, a empresa procura inovar de forma constante e busca recursos aliados à tecnologia para aprimorar suas operações. As entregas são feitas por meio de operação própria e por parceiros que ajudam a vencer desafios logísticos. “Por exemplo, hoje entregamos em comunidades, como Paraisópolis (SP), por meio dos serviços da transportadora Favela LLog, que pertence ao grupo Favela Holding. Eles possuem conhecimento local em rotas que, muitas vezes, não possuem CEP nos serviços de GPS e, com isso, nos ajudam a diminuir os prazos de entrega nessas localidades”, destaca Kampel.
O faturamento do e-commerce brasileiro chegou a R$ 80,4 bilhões no primeiro semestre, um aumento de 2% na comparação com o mesmo período de 2022, de acordo com dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). A tendência para 2023 é de crescimento em um dígito. As vendas on-line registraram forte avanço em 2020 e 2021 com a pandemia.
Eletrodomésticos, moda, alimentos e bebidas, eletrônicos, telefonia, casa e decoração e informática foram os itens mais comercializados no período. Segundo a ABComm, atualmente, as compras pela internet representam mais de 10% de todo o segmento de varejo nacional. A entidade espera que o comércio on-line fature R$ 185,7 bilhões até o fim deste ano, porque no segundo semestre eventos como a Black Friday e o Natal devem dar impulso adicional às vendas.
“Na pesquisa que fizemos sobre a Black Friday com lojistas e consumidores, identificamos que os segmentos mais relevantes para esses dois públicos neste ano são moda e acessórios, eletrônicos, casa e decoração, perfumaria e cosméticos e informática. Depois da pandemia houve uma mudança no comportamento de compra on-line do consumidor, e o e-commerce continua com muita força no segmento de entregas expressas, mesmo com uma queda nas vendas do setor”, diz Helmuth Hofstatter, CEO da Logcomex, empresa especializada em logística para comércio exterior.
Segundo Bruno Tortorello, CEO da Jadlog, empresa de transporte de cargas fracionadas, os anos de 2020 e 2021 tiveram grande crescimento do e-commerce. Em 2022, esse desempenho foi menor e neste ano deve seguir o mesmo percentual, principalmente em relação ao volume, por conta dos ajustes de patamares de venda com a economia normalizada no pós-pandemia e porque a inflação e os juros altos afetam o varejo.
No primeiro semestre de 2023, a Jadlog cresceu 15% em faturamento e em volume em relação ao mesmo período do ano passado. Os resultados são atribuídos ao aumento do portfólio de clientes e ao crescimento de volume em parcerias já estabelecidas. “Esperamos crescer 20% neste ano em relação a 2022”, diz Tortorello.
O executivo destaca que os principais desafios estão relacionados aos anseios dos consumidores, que querem prazos cada vez mais curtos para receber suas encomendas, várias opções de entregas e, ao mesmo tempo, fretes competitivos. “Adicionalmente, temos a questão do desafio de reduzir a circulação de veículos de entregas nos grandes centros urbanos e, assim, promover melhorias no trânsito, reduções das emissões de CO2 e da poluição sonora.”
A inteligência artificial (IA) é a ferramenta que a Eu Entrego, plataforma que conecta varejistas e entregadores autônomos, utiliza desde o início do ano para otimizar as rotas de entregas dos clientes de e-commerce. “Nossa IA reduziu em 15% os custos e em 20% o tempo médio das entregas”, diz Vinicius Pessin, CEO da empresa. A Eu Entrego cresceu 55% em receita no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2022. “Os investimentos em tecnologia e atendimento aos clientes foram o principal fator que contribuiu para o nosso crescimento. Nossa expectativa é fechar o ano com faturamento de R$ 70 milhões”, afirma Pessin.
Investimento em tecnologia e inovação também é a escolha da fabricante de bebidas Ambev, que em entrega expressa se destaca com duas plataformas: o BEES, um aplicativo B2B da companhia que atua como uma plataforma digital que cria pontes entre a indústria e os pontos de venda oferecendo soluções, serviços e produtos; e o Zé Delivery, que se tornou o maior aplicativo de entrega de bebidas do país, ao atender o consumidor com conveniência e agilidade. Ele reúne mais de 90 marcas e indústrias diferentes, como energéticos, destilados, vinhos e snacks.