Revista Infraestrutura e Logística
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE

Por Lourdes Rodrigues


Pela Hidrovia Tietê-Paraná, mercadorias chegam ao porto de Santos — Foto: Divulgação
Pela Hidrovia Tietê-Paraná, mercadorias chegam ao porto de Santos — Foto: Divulgação

O novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado pelo governo federal em agosto, trouxe um alento para o transporte aquaviário brasileiro. Os investimentos em projetos hidroviários do programa somam R$ 4,1 bilhões, sendo R$ 2,8 bilhões até 2026. Estão previstos 131 projetos, entre derrocamentos, dragagens, sinalizações e eclusas, que permitirão a navegabilidade ao longo de todo o ano, com a participação das hidrovias na matriz de transporte do país reduzindo custos logísticos.

Segundo James Theodoro, presidente da Korsa Riscos e Seguros, os investimentos em modais hidroviários são muito bem-vindos. “Entre os benefícios, podemos citar aqueles que se referem diretamente ao meio ambiente, por ser um modal menos poluente, além de reduzir o número de caminhões nas rodovias.”

Elisangela Pereira Lopes, assessora técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), diz que os problemas nas hidrovias são os mesmos de sempre, mas vê com bons olhos o PAC. “Há previsão de estudos para toda a extensão de rios navegáveis, ou potencialmente navegáveis, para viabilizar as concessões desses rios, porque há uma necessidade de saber quem vai gerenciar os rios para que sejam navegáveis o ano todo.” Os principais estudos previstos incluem os rios Madeira, Paraguai e Tocantins. Também há estudos e projetos hidroviários nacionais com obras já previstas. O rio Tocantins terá recursos superiores a R$ 1 bilhão para o derrocamento do Pedral do Lourenço, que tem extensão de 43 km. A licença prévia já foi autorizada e as obras devem ser iniciadas em 2024, com prazo de entrega de cinco anos.

Raimundo Holanda, vice-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e presidente da Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária (Fenavega), é mais cético em relação aos projetos anunciados. Para ele, o principal entrave para o setor é a ausência de uma política de Estado. “Há tempos afirmo que no Brasil convivemos com política de governo, o que não propicia nenhuma segurança jurídica para o setor, visto que, a cada novo governo que se instala, muda o panorama. Assim, vivemos ora dando um passo para frente, ora dois passos para trás.”

Segundo Holanda, é preciso concentrar as ações e os investimentos em locais onde já existe navegação e haja viabilidade econômica. Para ele, é urgente que obras que estão paradas há anos sejam retomadas. “Os rios navegáveis devem ser dotados de infraestrutura, com sinalização, balizamento, cartas náuticas atualizadas, calado mínimo garantido o ano inteiro, para que possamos planejar a nossa atividade e executá-la com segurança”, destaca.

Dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) indicam que, no primeiro semestre deste ano, o transporte de carga por vias interiores no país foi de 66,46 milhões de toneladas, um aumento de 13,3% em relação a igual período de 2022, quando foram transportados 58,67 milhões de toneladas. O recorde foi impulsionado pelo transporte de soja, com pouco mais de 26,6 milhões de toneladas, 33% a mais em comparação ao mesmo período do ano passado.

A Antaq destaca a região hidrográfica amazônica com o transporte de 40,67 milhões de toneladas entre janeiro e junho deste ano, 14,5% a mais em comparação a igual período de 2022. A RH Amazônica foi responsável ainda por mais da metade de todo o transporte feito por vias interiores.

Transportando grãos, minério de ferro, fertilizantes, bauxita e celulose, a empresa de soluções logísticas Hidrovias do Brasil tem registrado bons resultados em 2023, tanto no Corredor Sul (grãos e minério de ferro) quanto no Corredor Norte (grãos e bauxita). No Corredor Sul, onde houve restrição hídrica nos últimos dois anos, só no primeiro trimestre, a empresa registrou recorde de volume transportado, consolidando a companhia como um dos principais players logísticos para a movimentação de minério de ferro em Corumbá (MS), encerrando o período com 52% de market share. No total dos corredores, foram 4,4 milhões de toneladas no primeiro trimestre do ano, um aumento de 24,7% em relação a igual período de 2022. E no segundo trimestre, foram 5,1 milhões de toneladas. “Os seis primeiros meses de 2023 nos dão confiança de que estamos navegando na direção certa e de que nossas prioridades estratégicas estão corretas”, diz Fabio Schettino, CEO da empresa.

Com um total de 2,4 mil km navegáveis, sendo 800 km no trecho paulista, a Hidrovia Tietê-Paraná conecta os Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Minas Gerais, Goiás e São Paulo e é usada principalmente para o transporte da produção agrícola até o porto de Santos. Nos primeiros seis meses do ano, foram transportadas 810,7 mil toneladas de produtos, principalmente soja in natura e farelo de soja, 76% mais que em igual período de 2022, quando foram transportadas 460,3 mil toneladas. A hidrovia escoa também a produção de milho, madeira, areia e derivados da cana-de-açúcar.

Em julho, houve um crescimento de 10% em relação a igual mês de 2022 no transporte de passageiros, principalmente em Barra Bonita (SP). Com relação ao transporte de cargas, em agosto foram movimentadas 313 mil toneladas de cana-de-açúcar, soja, farelo de soja e milho, 68,5% a mais do que no mesmo mês do ano passado.

No primeiro semestre, foi iniciada a obra de ampliação do canal de navegação de Nova Avanhandava, com previsão de término em 2026 e verba de R$ 293 milhões do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

“A obra é para prevenir, em nova crise hídrica como a de 2020 e 2021, a navegação, aumentando o calado em 2,5 metros”, informa Jamille Consulin, diretora no departamento hidroviário do Estado de São Paulo, da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil).

Consulin acrescenta que estão na agenda outras obras até o fim da atual gestão, entre elas a construção, em 2024, de um atracadouro de espera em Bariri. Com custo previsto de R$ 48 milhões, a obra deve ser licitada até o fim deste ano.

Mais recente Próxima Momento de recuperação nos aeroportos

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

Definição de um nome é considerada uma virada de página para a mineradora, avaliada em quase R$ 300 bilhões no mercado

Análise: na Vale, há uma lista de desejos, mas escolha do futuro CEO segue em aberto

A ONG disse que as ordens de evacuação e a destruição das instalações de saúde deixaram as pessoas no norte de Gaza com muito poucas opções de atendimento médico

Médicos Sem Fronteiras fecham última instalação de saúde no norte de Gaza

Queda do CPI de junho reforça percepção de que início do ciclo de cortes de juros americanos está mais próximo

Ibovespa e dólar sobem com inflação americana no radar

Média móvel de quatro semanas ficou em 233.500 pedidos, uma queda de 5.250 em relação à média revisada da semana anterior

Pedidos de seguro-desemprego nos EUA ficam em 222 mil na semana anterior

Presidente colombiano está prestes a ter maioria de indicados no banco central do país; nervosismo de economistas aumentou com a recente turbulência no mercado brasileiro após ataques de Lula à política monetária brasileira

Colômbia olha para o Brasil com medo de nomes de Petro no banco central

Contratos para setembro, os mais negociados, fecharam em alta de 0,79%, a 828,0 yuans (US$ 113,79) a tonelada

Minério de ferro sobe na Bolsa de Dalian

A avaliação é que os cálculos sobre como ficará o valor da alíquota geral, cujo teto foi fixado em 26,5% no texto da Câmara, terão de ser refeitos no Senado.

Senado adota cautela sobre regulamentação da reforma tributária e avalia tirar urgência

Na operação desta quinta-feira, PF cumpriu cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão, e entre os presos está Marcelo de Araújo Bormevet, agente da PF que integrou a equipe de Ramagem na Abin

Moraes retira sigilo de operação sobre Abin paralela

Recursos serão destinados, em grande parte, no desenvolvimento e produção de um veículo totalmente novo, de um segmento no qual a montadora ainda não atua, revelou o presidente da GM na América do Sul

Dos R$ 7 bilhões de investimento anunciados pela GM no país, R$ 1,2 bilhão vão para fábrica do RS

Volume de vendas cresceu 1,8% em maio ante abril, acima da média brasileira, que foi de 1,2%. Já a receita teve alta de 1,2% no estado, ante variação de 1,3% no Brasil

Corrida aos supermercados e doações puxam alta das vendas do comércio no Rio Grande do Sul