Revista Infraestrutura e Logística
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Por Jiane Carvalho


Terminal da Gollog em São Paulo: receita cresceu 16,1% de janeiro a junho — Foto: Divulgação
Terminal da Gollog em São Paulo: receita cresceu 16,1% de janeiro a junho — Foto: Divulgação

A volta à normalidade no transporte aéreo de carga deve ser a marca de 2023, após a desorganização causada pela pandemia, que afetou preços, reduziu oferta de espaços e alterou o mix de produtos que utilizam o modal. Volumes maiores transportados para datas como Natal e Black Friday e uma retomada mais forte nos voos internacionais de longo curso devem levar o setor a recuperar os volumes transportados em 2019, na pré-pandemia.

“Estamos caminhando para entrarmos em novo ciclo virtuoso e retomar o que foi perdido na pandemia”, comenta Ruy Amparo, diretor de segurança e operações de voo da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). No ano passado, a carga internacional já havia conseguido alcançar o mesmo nível pré-pandemia, mas a doméstica ficou devendo.

Neste ano até julho, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os números se inverteram. A carga doméstica movimentou 246 mil toneladas, alta de 2,6% sobre igual período de 2022, enquanto a internacional recuou 7,4%, totalizando 464 mil toneladas. “Até o fim do ano há espaço para uma melhora considerável, tanto na área doméstica como na internacional”, explica Amparo. Para ele, os voos internacionais de longo curso chegarão em dezembro a 94% do registrado em 2019. Hoje estão em 85%. “Com a economia local melhorando, a aviação irá investir e o setor deve crescer entre duas e duas vezes e meia o PIB. Será necessário elevar a oferta de espaços e as companhias ficarão mais confortáveis em assumir riscos”, afirma.

No Aeroporto Internacional de São Paulo, operado pela GRU Airport, no acumulado de janeiro a julho, a carga internacional avançou 0,6%, a 248,2 mil toneladas, enquanto a doméstica subiu 5,26%, movimentando 114,4 mil toneladas. “A GRU Airport continua a apresentar um crescimento motivado pelo aumento da malha aérea, novos destinos, aumento da importação de e-commerce e também pela preferência dos clientes pelos aeroportos que proporcionam mais frequência”, comenta João Pita, diretor comercial e de cargas do aeroporto.

“Na carga doméstica, o reforço obtido com a operação do Mercado Livre e com o fortalecimento do hub de cargas em GRU elevou o número total de cargueiros em 63% sobre 2019. Já a operação cargueira internacional, embora retroceda no ano, segue bem acima da pré-pandemia. A movimentação de cargueiros internacionais foi 217% maior, com 2.086 operações nos primeiros sete meses de 2023, sobre 2019”, destaca Pita. Ele acredita que, para os próximos anos, o mercado será “tanto mais atrativo para cargueiros quanto a GRU for capaz de se consolidar como o hub de cargas no Brasil e na América do Sul”. Até o fim do ano, a GRU Airport entrega a primeira fase de ampliação dos armazéns de carga, com mais 50 mil metros quadrados de área disponível.

No Aeroporto de Brasília, operado pela Inframerica, o movimento no terminal de carga no primeiro semestre avançou 350% em relação a 2022, reflexo do aquecimento do e-commerce na capital federal e por parcerias e acordos fechados. Recentemente, informa a concessionária, a Latam deu início à operação de um cargueiro de Miami (EUA) para Brasília duas vezes por semana. A expectativa é transportar anualmente para o Distrito Federal cerca de duas mil toneladas de carga.

Nas duas maiores empresas aéreas em volume de carga movimentada, a Latam Cargo e a Gollog, o desempenho foi distinto. Enquanto o braço logístico da Gol viu o volume transportado subir dois dígitos, a Latam Cargo ficou praticamente no zero a zero.

De janeiro a junho, a Latam Cargo e suas afiliadas transportaram 130,7 mil toneladas de cargas em voos domésticos e internacionais no Brasil, volume estável comparado a igual período de 2022. A empresa não divulga as receitas da operação por país. “Se comparadas às receitas de carga no mesmo período de 2019, contudo, houve aumento de 37,6%”, diz Otávio Meneguette, diretor da Latam Cargo Brasil. As receitas do grupo, porém, recuaram 18,1% no primeiro semestre como reflexo da queda do volume transportado versus aumento da capacidade.

A menor demanda da carga no primeiro semestre ocorreu, segundo Meneguette, por questões macroeconômicas e pela consequente redução de consumo e fluxos de transporte de cargas entre países. “No mercado doméstico, o setor enfrentou a recuperação da indústria e a expectativa de melhora no consumo com menor inflação”, diz. Na carga doméstica, a Latam Cargo transportou de janeiro a julho 63,1 mil toneladas.

O plano de crescimento da operação inclui a renovação e ampliação da frota, por meio da conversão de aviões de passageiros Boeing 767-300 em cargueiros, e ampliação da malha coberta. A empresa passou a contar com 18 cargueiros neste ano, devendo chegar a 19 em 2024. Meneguette está otimista: “Por sazonalidade, este período apresenta maior movimentação de produtos atrelados ao consumo [eletrônicos e têxteis], além de carga geral movida também pelo e-commerce e varejo”.

No braço logístico da Gol, até julho foram transportadas 58 mil toneladas de produtos, 60,3% acima de igual período de 2022. A receita cresceu 16,1%, chegando R$ 297 milhões. “Além das melhorias feitas no portfólio de serviços, esse crescimento foi potencializado pelas operações cargueiras para atender o Mercado Livre e outras empresas”, explica Rafael Martau, diretor-executivo da Gollog. Desde o voo inaugural da parceria com o Mercado Livre, em 2 de setembro de 2022, na rota GRU-FOR, já foram realizadas mais de 2,8 mil decolagens para diversos destinos, transportando 28 mil toneladas de carga.

Martau destaca o lançamento do portal do cliente como movimento importante para incrementar a operação e dar sustentação ao crescimento. Trata-se de um ambiente que permite acessar todas as informações sobre os envios. Outra iniciativa é a parceria com a Clique e Retire. “Passamos a oferecer a opção de receber encomendas nos smart lockers das estações de metrô do Rio de Janeiro e de São Paulo”, conta.

A Gollog também trabalha com a Porsche Consulting para aprimorar os processos em terminais. “Temos outros projetos em desenvolvimento que ainda não podem ser divulgados”, diz Martau. Os maiores crescimentos na carga transportada pela Gollog, em termos regionais, foram registrados na região Nordeste, com um aumento de 96,1%. “Nossa perspectiva é avançar mais de 76% na demanda no ano. Só nas datas comemorativas de fim de ano, esperamos um aumento de cerca de 57,5% em relação a 2022”, estima o executivo.

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