Revista Energia
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Usina solar da RZK Energia, em Nova Londrina (PR) — Foto: Divulgação
Usina solar da RZK Energia, em Nova Londrina (PR) — Foto: Divulgação

A energia solar brilha cada vez mais no processo de transição energética no Brasil. Em abril deste ano, a potência instalada de geração fotovoltaica no país alcançou 41 gigawatts (GW) – 17,4% de toda a matriz energética brasileira. A marca equivale a quase três vezes a capacidade de produção da usina de Itaipu, cuja potência é de 14 GW. O país ocupa atualmente a sexta posição no ranking mundial dos países com maior potência solar acumulada, atrás da China, Estados Unidos, Japão, Alemanha e Índia.

Os dados são da Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (Absolar). Até dezembro de 2024, a previsão da entidade é que a potência solar instalada chegue a 47,3 GW, crescimento de 25% em relação ao ano passado (37,9 GW). “É uma projeção conservadora, pois há espaço para um crescimento ainda maior”, celebra o CEO da Absolar, Rodrigo Sauaia.

Fatores como novas e mais baratas tecnologias para instalação de equipamentos, contas de energia cada vez mais caras ao consumidor, queda nas taxas de juros e maior acesso a financiamentos bancários contribuem para a expansão das placas fotovoltaicas. A queda dos juros torna os financiamentos mais atraentes para a instalação da energia solar residencial, comercial ou industrial.

Diante disso, é um mercado que atrai startups, como a fintech Solfácil, que concede financiamentos para instalação de energia solar. Com uma carteira de cem mil clientes atendidos e receita de R$ 1 bilhão anuais, a Solfácil planeja dobrar o faturamento neste ano, lançando novas modalidades de financiamento, venda de equipamentos para distribuição de energia e soluções IoT. “Um sistema de energia solar está mais viável do que nunca para o consumidor brasileiro. A demanda tem sido forte e as perspectivas de crescimento são boas”, afirma Fabio Carrara, CEO da Solfácil.

Outros setores, como o de seguros, também são atraídos pela energia solar. A seguradora Mapfre lançou portfólio específico com coberturas para instalação, operação e manutenção de plantas solares. Isso inclui apólices de proteção a danos materiais em todo o sistema, como placas, inversores, estrutura e elétrica, disponíveis para equipamentos novos e usados. “As perspectivas para o mercado de seguros em energia solar são promissoras no Brasil, à medida que o país continua a expandir sua capacidade de geração de energia renovável”, justifica Givânia Silva, líder comercial de corporate e brokers da Mapfre.

“Estamos no melhor momento para investir na tecnologia. Houve melhoria nos processos produtivos e, apenas no ano passado, o custo das placas solares sofreu queda de cerca de 50%”, explica Sauaia. O destaque é para a geração distribuída (ou geração própria), que responde por dois terços de toda a potência solar instalada no país. São os consumidores de pequeno e médio porte que possuem sistemas fotovoltaicos próprios instalados em telhados, fachadas, propriedades rurais, comércios, órgãos públicos e pequenos terrenos.

Violante, da Sabesp: produção própria vai atender 4,5% do consumo — Foto: Flavio Florido/Divulgação
Violante, da Sabesp: produção própria vai atender 4,5% do consumo — Foto: Flavio Florido/Divulgação

Atualmente, cerca de 3,5 milhões de consumidores são atendidos pela geração própria de energia solar, segundo estimativa da Absolar. Juntos, respondem por 28 GW de toda a energia solar produzida no país, ou duas usinas Itaipu. Os outros 13 GW são produzidos pelas grandes usinas solares, a chamada geração centralizada.

Esse mercado gigantesco, que já movimentou mais de R$ 195 bilhões em investimentos desde 2012, atrai consumidores, investidores e grandes empresas. Estudo da consultoria McKinsey estima que as fontes eólica e solar, juntas, devem responder pela maior parte da energia produzida no país até 2040, chegando a 47% da matriz energética. “O potencial é gigantesco, até porque, com o desenvolvimento contínuo da tecnologia, a tendência é que a energia solar seja a mais barata em 2040”, afirma o consultor Henrique Ceotto.

As mudanças climáticas e os eventos extremos, como as recentes ondas de calor, incentivam as pessoas a buscar fontes mais limpas de energia. “Porém o aumento das temperaturas também pode trazer desafios para a produção de energia solar, como a necessidade de implementar tecnologias mais eficientes e resilientes para lidar com condições climáticas extremas”, ressalta Mauricio Barros, CEO da MTR, distribuidora de equipamentos para usinas de geração distribuída.

A exemplo da MTR, outras empresas aproveitam o “boom” para ampliar suas operações. Com foco na geração, comercialização e consultoria em eficiência energética no mercado de geração distribuída, a RZK Energia projeta para este ano investimento total superior a R$ 550 milhões em suas plantas fotovoltaicas. Com 15 mil clientes em geração distribuída e 200 no ambiente livre de contratação (mercado livre), a capacidade atual da empresa é oferecer 220 megawatts (MW) de energia. “Nossa ambição é adicionar mais 90 MW nos próximos meses”, explica o CEO da RZK, Luiz Fernando Marchesi Serrano.

Gigante mundial no setor de energia e produção de alumina, a Hydro Rein possui investimentos na ordem de US$ 800 milhões em três projetos solares no Brasil: Boa Sorte, em Minas Gerais; Mendubim, no Rio Grande do Norte; e Ventos de São Zacarias (híbrido eólico e solar), no Piauí e Pernambuco. As duas primeiras usinas já estão em operação e possuem, juntas, potência instalada de 969 MW.

O investimento em energia limpa é um dos degraus para a multinacional cumprir a meta global de neutralização de suas emissões de carbono até 2050. Segundo a head da Hydro Rein, Marcela Jacob, os investimentos em energia solar também atendem o projeto de neoindustrialização brasileira: “As indústrias terão melhores condições para fabricar produtos a partir de uma matriz energética verde, com baixa pegada de carbono, que é uma demanda crescente do mercado atual.”

CCR investiu R$ 30 milhões em usinas solares no Rodoanel — Foto: Divulgação
CCR investiu R$ 30 milhões em usinas solares no Rodoanel — Foto: Divulgação

Proposta semelhante é da Gerdau, que possui participação no Parque Solar Arinos, em Minas Gerais. Com investimento de R$ 1,5 bilhão, o empreendimento, que deve estar concluído até o fim deste ano, terá capacidade para produzir 420 MW de energia. Deste total, 30% serão destinados à produção de aço da Gerdau no país. “Nos últimos anos, temos trabalhado em um plano estratégico com objetivo de descarbonizar nossa matriz de energia e nossa autoprodução de eletricidade, como parte do compromisso em reduzir as emissões de gases de efeito estufa”, diz o diretor industrial Maurício Metz.

Outras grandes empresas também buscam economizar recursos com energia mais barata. Em São Paulo, a Sabesp implementou o Programa de Geração de Energia Fotovoltaica. Até 2025, 43 usinas de energia solar devem estar construídas em cidades atendidas pela companhia de água e saneamento. Destas, 16 já estão em operação, gerando 19,5 MW.

Quando o projeto estiver totalmente implementado, a previsão é de que sejam produzidos 60 MW, suficientes para atender 4,5% do consumo total da empresa. “O consumo de energia é relevante na prestação dos serviços de saneamento, principalmente nas estações de bombeamento de água e esgoto, e representa uma das maiores despesas das companhias”, explica Paula Violante, diretora de engenharia e inovação da Sabesp.

Além de garantirem energia elétrica mais barata a médio e longo prazo, os projetos próprios de geração distribuída vão ao encontro das metas ESG e descarbonização das companhias. O grupo CCR concluiu recentemente dois novos empreendimentos próprios de energia solar. Foram investidos R$ 30 milhões em usinas solares no Rodoanel, na Grande São Paulo, e no trecho da BR-101, entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Foram instaladas 7,6 mil novas placas fotovoltaicas às margens das duas estradas, o que elevou a potência total de energia solar instalada pela empresa de 3,14 MW para 7,34 MW. Os dois projetos vão evitar a emissão de 447 toneladas de carbono por ano e gerar economia superior a R$ 2 milhões por ano nas contas de energia da CCR.

Também contribuem para a expansão da energia solar os subsídios concedidos pelo governo federal para instalação de novos parques solares. No dia 9 de abril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou medida provisória que estende em 36 meses o prazo para novos projetos eólicos e solares com subsídios. A medida divide opiniões, uma vez que, para os especialistas, os incentivos foram criados no passado para promover a expansão das energias renováveis no país – o que já teria ocorrido.

A advogada Ana Carolina Katlauskas Calil, sócia das áreas de energia e infraestrutura do escritório TozziniFreire Advogados, explica que as energias renováveis representam hoje mais de 83% da matriz energética brasileira, incluindo as fontes hídrica, biomassa, eólica e solar. “Uma vez que os subsídios alcancem seus objetivos, é necessário que eles sejam extintos para mitigar distorções setoriais”, considera.

Já para a Absolar, os subsídios devem ser retirados de outras matrizes poluentes. “É necessário retirar de quem é poluente. As usinas termelétricas, usinas de gás e carvão contam com incentivos públicos há décadas. É necessário rever a questão dos subsídios, mas é preciso começar a retirada do lado certo, e não das energias limpas”, pontua Sauaia.

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