Revista Agronegócio
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Por Gustavo Rossetti Viana


O agronegócio é uma das atividades econômicas que mais sofrem a influência do clima. A maior intensidade e frequência de eventos extremos no Brasil representa um risco que pode causar redução da produtividade – o clima é responsável por 30% do desempenho da produção de alimentos – e dificuldade de planejamento para organizar a produção como é feita tradicionalmente, ou seja, a partir da sazonalidade climática.

Os eventos ocorridos nos últimos anos, como estiagem profunda, granizo e geada, provocaram expressivas quebras de safra. No ano agrícola 2021/22, a forte estiagem fez as indenizações crescerem mais de quatro vezes em relação à safra anterior, segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep). O Brasil perdeu R$ 287 bilhões de sua produção agropecuária entre 2013 e 2022 por causa de secas e excesso de chuvas, de acordo com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM).

Para Rodrigo Castro, membro da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura e diretor da Fundação Solidaridad, o zoneamento agroclimático vai sofrer mudanças significativas nas próximas décadas, com impactos nas regiões produtoras de milho, soja, frutas, café e cana-de-açúcar. “A temperatura média, ao lado da disponibilidade de água, é o que vai definir para onde as culturas vão se movimentar no futuro e como ficará o mapa dos produtos agrícolas brasileiros.”

Segundo pesquisa da consultoria EY, as mudanças climáticas representam o maior risco ao agronegócio. Realizado com executivos de Brasil, Argentina e Chile, o estudo revela que 47% dos investidores do setor reconsiderariam o investimento com base nos riscos climáticos. O sócio-líder de consultoria para o setor de agronegócios da EY para América Latina Sul, Alexandre Rangel, chama a atenção para as análises que indicam uma tendência de temperaturas mais quentes no Brasil. “Se for confirmado, podemos ter redução no potencial produtivo de soja e, principalmente, de milho na safrinha.”

A Embrapa não dispõe de um estudo conclusivo acerca da migração de culturas por conta do clima. Por meio da simulação de cenários agrícolas futuros, no entanto, é possível identificar indícios de como pode ficar o zoneamento agrícola em algumas décadas. Com a tendência de aumento da temperatura, o café, que não resiste às geadas, poderia se adaptar melhor à região Sul. Por outro lado, a mandioca, base da alimentação de boa parte da população brasileira, teria um aumento potencial da área de cultivo no Brasil como um todo, exceto justamente no Nordeste, onde chegaria ao seu limite térmico.

Já a cana-de-açúcar, uma planta que necessita de calor e umidade, teria condições de melhorar sua produção e prosperar mesmo diante de um cenário de aumento de temperatura. “Mas o fenômeno de migração de cultura depende também de outros fatores, não somente do clima, entre eles o avanço da genética, uso de novos insumos e adubos, tecnologia de defensivos agrícolas, mecanização, sistema de manejo, preparação do solo, rotação de culturas, acesso a recursos e investimentos e até o fator cultural”, diz Giampaolo Pellegrino, pesquisador da Embrapa.

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