Revista Agronegócio
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Por Erivelto Tadeu


Cerignoni, da Koppert: biológico é mais barato e tem melhor resultado — Foto: Divulgação
Cerignoni, da Koppert: biológico é mais barato e tem melhor resultado — Foto: Divulgação

O mercado de defensivos agrícolas movimentou cerca de US$ 20 bilhões no Brasil durante o ciclo 2022/23, o que representa um crescimento de 43% na comparação com 2021/22, quando alcançou aproximadamente US$ 14 bilhões, de acordo com dados da Kynetec. Segundo a consultoria especializada em pesquisa de mercado em saúde animal e agricultura, o incremento se deu basicamente por dois motivos: aumento da área plantada, que atingiu 90 milhões de hectares no período, e alta nos preços dos herbicidas, inseticidas e fungicidas.

Na avaliação do diretor-executivo da Kynetec para a América Latina, André Dias, os preços dos defensivos tiveram papel preponderante no desempenho da indústria do setor. Ele usa como parâmetro o fato de a representatividade dos Estados em termos de área potencial tratada (PAT) não ter se alterado significativamente no período. “Cresceu no Mato Grosso e Rondônia, caiu um pouco em São Paulo, por exemplo, mas a área tratada por Estado foi praticamente uniforme, apesar do aumento no faturamento da indústria. Por isso, o preço teve grande influência na performance do setor”, diz. Para a safra 2023/24, no entanto, Dias acredita que a tendência é haver uma queda, em valor de mercado, nos preços dos defensivos. “Mas isso ainda precisa se confirmar”, afirma.

Os agentes do mercado agrícola avaliam que alguns fatores podem contribuir para a redução nos preços dos defensivos, especialmente dos agroquímicos. Um deles é que os estoques estão elevados e alguns produtores ainda aguardam para realizar as suas aquisições para o ciclo 2023/24. Além disso, a valorização do real frente ao dólar e a queda nos preços das commodities agrícolas, que afeta a rentabilidade do agricultor, devem fazer com que o movimento de preços comece a se reverter.

Amália Borsari, da CropLife: negócios dentro da perspectiva de crescimento  — Foto: Rogerio Vieira/Valor
Amália Borsari, da CropLife: negócios dentro da perspectiva de crescimento — Foto: Rogerio Vieira/Valor

O vice-presidente da divisão de soluções para agricultura da Basf no Brasil, Marcelo Batistela, observa que o mercado já vinha num ritmo mais lento na comparação com as safras anteriores. “A colheita de soja atrasou neste ano e, consequentemente, o plantio do milho safrinha também. Isso fez o agricultor aguardar algumas definições para realizar as tomadas de decisões para a próxima safra. Mas o mercado já está retomando o ritmo de negociações e começou a aquecer a partir de junho”, afirma. Ele diz que é importante contextualizar a dinâmica das últimas duas safras que foram de forte crescimento para o setor, inclusive para a Basf.

Segundo Batistela, o crescimento se deu em razão de uma conjunção de fatores, a começar pelos bons preços das commodities agrícolas, proporcionando uma excelente rentabilidade para o agricultor e intensificando o aumento da área plantada e do investimento em tecnologia. “Isso tudo somado a uma maior elasticidade da demanda para mitigar os riscos de suprimento de defensivos e fertilizantes, resultante dos impactos da pandemia e do conflito entre a Rússia e Ucrânia na produção e logística global”, destaca.

Para a safra 2023/24, o executivo diz que a percepção é que os agricultores e o mercado estão mais conservadores. “Mas seguimos confiantes, porque devemos ter, mesmo que tímido, um aumento da área plantada no Brasil e os agricultores vão continuar investindo na adoção de tecnologia e manejo eficiente das lavouras, o que nos traz a perspectiva de mais uma safra com alta produção”, diz.

Um fator que deve contribuir para impulsionar os negócios da indústria é o aumento da demanda por defensivos biológicos, tecnologia que se baseia no controle de pragas por meio de organismos vivos que são seus inimigos naturais. Nos últimos anos, quase todos os grandes fabricantes de agroquímicos passaram a atuar também nesse segmento.

Embora os biológicos representem uma pequena parcela do mercado total de defensivos quando comparados com os agroquímicos, que respondem por 96% do faturamento do setor, o crescimento vem sendo contínuo. Dados da Kynetec mostram que o segmento saiu de 2%, registrados no ciclo 2018/19, para 4% na safra 2021/22, totalizando mais de R$ 2,9 bilhões de receita. Para se ter uma ideia desse avanço, somente neste ano foram registrados 55 defensivos agrícolas formulados – produtos que efetivamente estarão disponíveis para uso pelos agricultores. Destes, 13 são considerados biológicos, sendo 7 destinados à agricultura orgânica.

No ano passado, de acordo com a diretora de biológicos da CropLife Brasil, Amália Borsari, foram registrados 136 produtos biológicos. Ela corrobora a percepção geral de que os agricultores estão postergando a compra de produtos. “No entanto, na comparação com outras áreas, o impacto está sendo bem menor, e os negócios estão dentro da perspectiva de crescimento de 35% do segmento de biológicos”, ressalta.

O mercado de produtos biológicos tem sido impulsionado fortemente também, safra após safra, em decorrência do aumento da resistência adquirida por lagartas de alta complexidade aos inseticidas de base química e às biotecnologias de última geração, afirma o diretor de marketing da AgBiTech, Pedro Marcellino. “As dificuldades do produtor de soja em controlar as lagartas de alta complexidade no ciclo 2022/23 empurraram para cima as nossas vendas.” Apesar do adiantamento das compras por boa parte dos agricultores, Marcellino diz que a expectativa da empresa é crescer 40% neste ano. “No ano passado, projetamos crescimento de 40% e acabamos atingindo 70%. Então, pode ser que tenhamos surpresas.”

De fato, as empresas que estavam preparadas, tanto com fungicidas quanto com inseticidas biológicos, tiveram crescimento acima do mercado, conforme atesta o gerente administrativo comercial da Koppert Brasil, André Cerignoni. De acordo com ele, existia uma brecha no mercado, ou por não haver defensivo químico disponível ou pelo fato de os estoques estarem muito elevados, o que acabou contribuindo para o aumento da demanda por biológicos.

“O biológico tem uma característica singular, porque entra como uma das ferramentas do manejo integrado do produtor agrícola para quebrar o ciclo de resistência. Muitas pragas e doenças tratadas com agroquímicos necessitam de um número maior de aplicações, o que eleva o custo para o produtor. E aí entra o biológico como substituto ou agregado ao defensivo químico para obter resultados melhores e com menor custo”, explica ele.

Por esta e outras características, os grandes players da indústria de defensivos químicos passaram a integrar ao seu portfólio produtos biológicos, como é o caso da Corteva Agriscience e da Syngenta, que em 2020 adquiriu a italiana Valagro, fabricante de produtos biológicos com uma posição de destaque no mercado de bioestimulantes e nutrientes especializados. Em decorrência disso, neste mês a empresa adotou o nome SyngentaBiologicals como sua nova marca corporativa na área de biológicos.

Além disso, no ano passado, a Syngenta Proteção de Cultivos firmou um acordo de colaboração com a Scheffer, no qual as empresas usam suas capacidades complementares para desenvolver conjuntamente produtos biológicos derivados de microrganismos, especificamente adaptados para fazendas brasileiras – bactérias e fungos com foco no controle das principais pragas e doenças de soja, milho e algodão.

O diretor de portfólio da Syngenta Proteção de Cultivos, Leandro Bessa, ressalta que o controle biológico é uma importante ferramenta complementar para o manejo integrado de pragas e doenças e vem demonstrando um expressivo potencial no mercado, com um crescimento anual substantivo para o Brasil. “Os biológicos, além de contribuírem com o manejo de resistência, têm evoluído tecnologicamente no controle de pragas e doenças, proporcionando um desempenho melhor e uma agricultura mais sustentável”, enfatiza.

As grandes culturas agrícolas, como soja, milho, cana e algodão, tradicionalmente são os maiores mercados consumidores de defensivos biológicos, conta o líder de marketing de proteção de cultivos da Corteva Agriscience, Gustavo Haddad. “No entanto, também temos visto demanda em pastagens, arroz e hortifrúti, com o agricultor procurando por produtos mais eficientes e sustentáveis, como os biológicos.” Segundo ele, o produtor rural percebeu que os insumos biológicos são uma excelente ferramenta para se associar aos defensivos, conseguindo atingir resultados ainda melhores e sustentáveis.

Ao enfatizar que o Brasil é o segundo mercado mais importante para a Corteva no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, Haddad diz que recentemente a empresa lançou um fixador biológico de nitrogênio, aprovado para a cultura de milho. “O produto é aplicado de forma foliar e permite à planta a obtenção de nitrogênio durante todo o seu ciclo de vida por meio de um modo de ação inédito e inovador”, diz ele, acrescentando que a Corteva investe US$ 1,6 bilhão por ano globalmente em pesquisa e desenvolvimento em inovações de proteção de cultivos.

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