Revista Agronegócio
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Por Rita Cirne


Balistiero, da Citrosuco: crescimento com ajuda de IA — Foto: Divulgação
Balistiero, da Citrosuco: crescimento com ajuda de IA — Foto: Divulgação

Os olhos dos produtores de frutas brasileiros estão voltados para o segundo semestre, período em que surgem janelas de oportunidades de exportação para Europa e Estados Unidos. No primeiro semestre, apesar dos bons resultados, não se chegou ao patamar de 2021. O setor se ressente das perdas no ano passado, quando as chuvas no Nordeste prejudicaram as produções de uva e manga e a seca no Sul afetou a safra de maçã.

“A nossa expectativa é conseguirmos voltar a bater o recorde de exportação de US$ 1,6 bilhão de 2021. Acreditamos que isso é possível, porque não temos problemas de falta de contêineres, nem de adubos, não temos gargalos que existiram na pandemia ou no início da guerra na Ucrânia”, afirma Guilherme Coelho, presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). Além disso, há negociações para a abertura de novos mercados. Em breve, ele viajará para a China para negociar exportações de uva.

Segundo Coelho, os importadores da Europa e dos Estados Unidos começaram a visitar as fazendas produtoras de frutas do Brasil porque é o momento de planejamento das compras para o próximo semestre. Nem a nova legislação antidesmatamento da União Europeia (UE), com exigências mais rígidas para alguns produtos, afeta a expectativa dos exportadores brasileiros. Mesmo considerando que a UE consome 70% das frutas vendidas no exterior pelo Brasil.

Uvas do Vale do São Francisco, que responde por 99% das exportações da fruta — Foto: Leo Caldas/Valor
Uvas do Vale do São Francisco, que responde por 99% das exportações da fruta — Foto: Leo Caldas/Valor

A fruticultura brasileira, diz Coelho, respeita todos os certificados internacionais de governança, ambientais e sociais que a comunidade mundial exige. A produção de frutas não desmata ou queima florestas e pratica o uso racional de água e de insumos agrícolas. Ele lembra que mesmo o açaí, uma cultura extrativista da Amazônia, não desmata, só colhe o que a floresta gera.

Essa é também a opinião de Tassio Lustoza, gerente-executivo da Valexport – Associação de Produtores e Exportadores do Vale do São Francisco. Para ele, uma das principais exigências do mercado europeu é que as frutas exportadas sejam originárias de regiões que já têm vários anos de produção, comprovando que não seriam de áreas desmatadas. Assim, os produtores da Valexport se enquadram nessa exigência, porque suas plantações de uva e manga no Vale do São Francisco são projetos que têm mais de 40 anos.

“Fomos muito prejudicados pelas chuvas de 2022. De janeiro a junho deste ano, exportamos 68 mil toneladas de uva e manga, 10 mil toneladas a menos do que em igual período do ano passado. O resultado era esperado, porque a maior parte das vendas externas se dá no segundo semestre”, diz Lustoza. A projeção é de exportação de 270 mil toneladas de manga e 60 mil toneladas de uva, principalmente para Holanda, Espanha e Estados Unidos. Os produtores do Vale do São Francisco respondem por 90% da manga exportada pelo Brasil e por 99% da uva de mesa, enquanto os do Sul suprem a produção de sucos e vinhos.

Um dos produtores de uva de Petrolina, no Vale do São Francisco, Daniel Eijsink, da Kuara Fruta, que trabalha com a produção de 600 hectares da fruta entre as que produz em suas terras e as que terceiriza, também tem expectativa positiva em relação ao segundo semestre. “No primeiro semestre, a produção de uva no Vale do São Francisco cresceu 40% em relação a igual período de 2022. Mas, como em 2022, a perda no primeiro semestre foi de 52%, ainda precisamos crescer mais 20% para chegarmos ao patamar de 2021. Mas o clima está bom e, mesmo sem uma safra recorde, teremos um resultado bom neste ano.”

Segundo ele, os produtores do Vale são profissionais e têm investido nos últimos anos em plasticultura, uma cobertura de plástico que se coloca sobre as parreiras de uva. Além de proteger da chuva e evitar perdas, a técnica permite maior padronização da fruta e reduz em pelo menos 30% o uso de defensivos agrícolas. Isso acontece porque o microclima criado embaixo do plástico diminui a possibilidade de doenças.

Letícia Fonseca, assessora técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), também acredita que os produtores brasileiros estão preparados para as novas exigências de qualidade e sustentabilidade do mercado europeu. Ela destaca que as empresas certificadoras fazem um monitoramento frequente para verificar a qualidade, a existência de resíduos de defensivos e o ambiente de trabalho. “Hoje, os produtores que não exportam estão buscando essa certificação. É um momento de profissionalização da cadeia produtiva. Há também uma preocupação em investir em tecnologia de armazenamento de água. Para isso, faltam recursos, mas o Plano Safra, recentemente divulgado, tem uma linha de financiamento para esses investimentos que ainda precisa ser liberada.”

Em relação ao suco de laranja, as perspectivas também são boas. De acordo com Tomás Balistiero, diretor agrícola e de operações da Citrosuco, a produção brasileira conseguiu evoluir em função de inovações tecnológicas. O resultado, segundo ele, é que a safra de laranja de 2022/23 será de 309 milhões de caixas, enquanto a de 2023/24 deverá chegar a 314 milhões de caixas, aumento de 17%.

“O Brasil vem ampliando participação no exterior e, na última safra, o país respondeu por 79% do mercado mundial de suco de laranja. Há dez anos, os Estados Unidos produziam por ano 250 milhões de caixas de laranja [de 40,8 kg]. Em 2022, a produção deles caiu para 16 milhões de caixas por causa do greening, que é a pior doença para os citrus.” No Brasil, diz Balistiero, os investimentos eliminaram o vírus que causa a doença.

A Citrosuco, maior produtora mundial de suco concretado de laranja, cresceu 25% nos últimos dois anos com investimentos em inteligência artificial (IA), desenvolvendo modelos para saber se vai ocorrer alguma doença na plantação e como preveni-la. Isso permitiu à companhia ganhar produtividade e competividade, afirma Balistiero. Além disso, criou uma empresa para desenvolver produtos naturais a partir de fibras de laranja que sirvam de insumos para a indústria de alimentos. O trabalho faz parte das metas do compromisso assumido pela companhia de reduzir as emissões de carbono e outros gases de efeito estufa até 2030.

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