Pará
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Por Sérgio Adeodato — De São Paulo


Quase sempre o destino dos jovens na comunidade Campo Limpo, em Santo Antônio do Tauá (PA), a 56 km de Belém, é o êxodo para a capital em busca de oportunidades. Hoje, porém, dezenas deles começam a operar destiladores, caldeiras e outros maquinários no vilarejo - e já enxergam com outros olhos a continuidade na agricultura familiar. Além da profissionalização que beneficia essa nova geração de produtores, a receita bruta poderá aumentar 60% com a agroindústria de óleos essenciais inaugurada em fevereiro pela empresa de cosméticos Natura. A renda da comunidade deverá passar dos atuais R$ 800 mil por ano para R$ 1,3 milhão, por meio do fornecimento de insumos da biodiversidade já beneficiados, de maior valor agregado.

O projeto prevê processar cerca de 150 toneladas anuais de cultivos. Desde 2003, a cooperativa fornece plantas, como pataqueira, estoraque, priprioca e capitiú, em volumes próximos a 70% da matéria-prima amazônica de perfumaria demandada pela empresa. Os insumos eram vendidos para intermediários, responsáveis pelo processamento. Com a nova fábrica, os postos de trabalho aumentarão de 75 para 100, e outros produtos - como velas e essências aromáticas - poderão ser desenvolvidos pelas famílias.

A unidade de Santo Antônio do Tauá sinaliza a atual estratégia de agregar valor na origem como forma de tornar a produção baseada na floresta em pé mais rentável do que atividades que a degradam. Das 41 comunidades amazônicas com as quais a Natura mantém contratos de fornecimento, 17 possuem biofábricas. “Até 2030, o compromisso é atingir 55 comunidades e quadruplicar o valor pago pelo fornecimento dos insumos”, afirma Angela Pinhati, diretora de sustentabilidade de Natura &Co América Latina.

A unidade de sabonetes instalada há dez anos pela companhia em Benevides (PA), com centro de pesquisa em novos bioativos, contribuiu para expandir o relacionamento com fornecedores. “Mantemos relação de fair trade [comércio justo] e negociação de custos transparente, criando condições para que as comunidades prosperem, com pagamento pelo acesso ao conhecimento tradicional”, reforça Pinhati.

No Pará, a empresa aposta no modelo agroflorestal com árvores de dendê e outras espécies, para produção de óleo de palma, hoje oriundo de monocultura. A meta é atingir 500 hectares neste ano, com cerca de dez produtos.

A iniciativa engloba produtores de Tomé-Açu (PA), descendentes de imigrantes japoneses que chegaram à região em 1929 para plantar arroz, cacau e seringueira. Após pragas e outros percalços, o grupo obteve apoio do governo do Japão para plantar maracujá e pimenta do reino junto a culturas perenes, como cacau e dendê, sem desmatar novas áreas. Hoje, o sistema agroflorestal, com selo de certificação, é o modelo reinante. “É a melhor opção para áreas degradadas e para reduzir o problema da mudança climática que já afeta a nossa produção”, diz Alberto Oppata, presidente da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu.

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