Nascida como uma subsidiária de uma empresa centenária, a Acciona Carbon Technologies é um caso que ilustra como organizações convencionais estão apostando na transição para a nova economia da sustentabilidade. A controladora é o grupo global espanhol Acciona, do setor de infraestrutura, fundado em 1900 e que atua em dezenas de países em todo o mundo, entre eles o Brasil. No começo dos anos 2000, a Acciona começou a direcionar seus investimentos a projetos relacionados à economia circular, e no começo de 2023 deu vida à Acciona Carbon Technologies, que tem como principal objetivo ofertar soluções sustentáveis em setores como transporte, saneamento e energia a um preço acessível.
Não por acaso, José Luis Blasco, o CEO da Acciona Carbon Technologies, acumula o cargo de diretor global de sustentabilidade da matriz. “O nosso foco é o desenvolvimento de tecnologias no mercado de carbono. Atuamos tanto na redução quanto na absorção de emissões”, diz. Um dos projetos inovadores de redução de emissões é uma usina de dessalinização de água na África cuja fonte de energia é 100% renovável. Blasco explica que a dessalinização é um processo de consumo intensivo de energia e que antes só era possível em países onde o preço desse insumo era baixo - a energia renovável torna a tecnologia possível e acessível. Na área de absorção de emissões, o CEO destaca a produção de biochar, material obtido a partir de resíduos florestais capaz de absorver 2,3 vezes mais CO2 do ambiente do que o próprio peso.
Estar na fronteira da inovação sustentável, segundo Blasco, não compromete a viabilidade econômica do negócio. “O que torna isso possível é a tecnologia e a eficiência. Se considerarmos a energia renovável, por exemplo, a tecnologia vem reduzindo os custos, aumentando o acesso e a facilidade de utilização. Além disso, nosso portfólio de serviços é tão amplo que podemos catalisar esforços e conectar projetos de energia com água limpa, por exemplo, como é o caso da dessalinização”, diz. Por atuar em um setor com projetos de longo prazo, o negócio acaba atraindo o que Blasco chama de “bom investidor”, que também tem essa perspectiva mais duradoura. Ele prevê que a Acciona Carbon Technologies atinja o ponto de equilíbrio (break-even) este ano.
A crescente regulação das atividades que causam impacto ambiental por parte da Comissão Europeia tem apontado o caminho para empresas como a Acciona e sua subsidiária. “Hoje 99% do nosso investimento é alinhado com a taxonomia europeia [sistema de classificação da UE para identificar atividades sustentáveis]. Não é só mais uma questão de compromisso com o meio ambiente, mas de modernidade. O novo tempo é um tempo limpo.”