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Por — De São Paulo


Jéssica Lopes: “É um trabalho de formiguinha, olhando um mundo melhor para minha filha” — Foto: Sérgio Adeodato
Jéssica Lopes: “É um trabalho de formiguinha, olhando um mundo melhor para minha filha” — Foto: Sérgio Adeodato

Ser mãe solteira não ajudou a engenheira agrônoma Jéssica Lopes, 29 anos, a prosperar no mundo do agronegócio. Ela trocou o serviço de assistência técnica nas lavouras de soja, milho e sorgo por uma nova profissão, no comando do viveiro que fornece mudas à restauração do Cerrado, em Piranhas (GO). “Junto, mudei de visão sobre o tema do meio ambiente, ao ajudar fazendeiros a reflorestar, no drama de ver a produção mais difícil a cada ano devido à escassez de água”, conta a viveirista.

Na lida com as plantas nas estufas, como uma “maternidade”, Lopes lidera um time de mulheres que compartilham igual condição de vida e lá conseguem adaptar a rotina do cuidado com os filhos. O salário é menor em relação ao emprego anterior nos cultivos agrícolas, mas há perspectivas de crescimento diante das demandas das mudanças climáticas.

Sob coordenação da viveirista, o Centro de Produção Florestal do Cerrado tem capacidade de 360 mil mudas por ano, de 50 espécies nativas. A estrutura é mantida pelo Instituto Espinhaço para recuperação de nascentes e outras melhorias nas propriedades rurais das microbacias do rio Araguaia, impactadas pela degradação dos solos e alterações do clima.

“É um trabalho de formiguinha, olhando um mundo melhor para minha filha”, diz Lopes, que também acompanha o resultado das mudas no campo, fora do ambiente controlado do viveiro - rotina tradicionalmente masculina, sob sol quente, riscos de picadas de cobra e infestação de carrapatos.

Apesar dos avanços, a igualdade de gênero na cadeia da restauração florestal - para além dos viveiros - representa um desafio. “Falta uma política mais clara das empresas no contexto ESG [ambiental, social e de governança]”, aponta Ludmila Pugliese, gerente de restauração da Conservação Internacional (CI-Brasil). Estudo preliminar de doutorado da bióloga mostra que, neste setor, menos de um terço dos postos de trabalho são ocupados por mulheres.

A análise partiu do levantamento da Universidade de São Paulo (USP) que prevê o potencial de 1 milhão a 2,5 milhões de empregos diretos para restaurar 12 milhões de hectares até 2030 - meta brasileira no Acordo de Paris. “Há muito espaço para a igualdade de gênero, sem que o trabalho da mulher esteja associado à informalidade, longe dos maiores ganhos financeiros”, afirma Pugliese, também líder da força-tarefa de socioeconomia no Pacto pela Restauração da Mata Atlântica. A maior participação feminina, diz ela, se evidencia nas redes de coleta de sementes, herança da tradição indígena que se perpetua.

No viveiro Atacadão Florestal, em Lorena (SP), além de participar da coleta de sementes nativas que vão gerar as mudas, a viveirista Suelen Joia controla o desenvolvimento das plantas até a entrega para os plantios. A demanda da restauração da Mata Atlântica a fez mudar de destino, que provavelmente seria retirar leite nos estábulos, como muitos na região. “No viveiro, é fundamental estar em conexão com a natureza”, diz Joia, reconhecendo-se como uma “profissional do clima”.

A produção que coordena abastece plantios que estão restaurando o entorno do Santuário Nacional de Aparecida, no Vale do Paraíba - complexo de turismo religioso que precisa de árvores para garantir abastecimento de água. Com apoio da SOS Mata Atlântica, o objetivo é plantar 248 hectares, junto a ações de educação ambiental. Os morros da região receberam até agora 470 mil mudas, viabilizadas por doações e recursos como compensação de impactos ambientais, por meio do programa Florestas do Futuro.

“É importante garantir que a crescente demanda por mudas no país tenha olhar igualitário e envolva mulheres, jovens e populações marginalizadas”, defende Mariana Oliveira, gerente de florestas, uso da terra e agricultura no WRI Brasil. Segundo relatório da União Internacional pela Conservação da Natureza, a equidade de gênero pode gerar um incremento de US$ 12 trilhões na economia global. Inserir o tema nos projetos de florestas é uma forma de compartilhar benefícios em todos os elos da cadeia econômica do setor.

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