Mulheres de negócios
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Por Vanessa Barone — Para o Valor, de São Paulo


Fernanda Faria (à esq.), Mariel Reles e Carla de Bona, cofundadoras da Reprograma, que oferece cursos gratuitos — Foto: Divulgação
Fernanda Faria (à esq.), Mariel Reles e Carla de Bona, cofundadoras da Reprograma, que oferece cursos gratuitos — Foto: Divulgação

Chamar “o cara do help desk”, em meio a uma pane no computador, costuma ser uma prática comum em grandes empresas que contam com o apoio de profissionais de tecnologia internos. E o uso do termo no masculino confirma o que traz o Relatório de Diversidade no Setor de TIC, da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), de dezembro de 2023. De acordo com o estudo, a área de TIC no Brasil, que reúne 1,2 milhão de profissionais, tem somente 39% de profissionais do sexo feminino. A presença de mulheres negras é ainda menor: representam 11,5% do percentual de contratações desse setor (que possui 18% de homens negros).

Além de estarem em menor número, as mulheres também têm menores salários. Conforme o relatório, os homens do setor ganham, em média, R$ 3.818 por mês; elas, R$ 2.696. Segundo Iana Chan, fundadora da PrograMaria, na crise recente das chamadas big techs, as funcionárias mulheres foram a maioria entre os demitidos. “Acredito que, com menos experiência na função, elas foram consideradas mais dispensáveis”, diz.

Mas pode haver também motivos inconscientes. “Basta olhar o estudo sobre preconceito de gênero na área de ciências exatas, feito por Corinne Moss-Racusin, psicóloga social do Skidmore College, dos Estados Unidos”, afirma Chan. Ela refere-se ao experimento que submeteu dois currículos quase idênticos à apreciação de instituições acadêmicas. A única diferença era o nome dos candidatos fictícios, Jennifer e John. Apesar de contar com a mesma formação e habilidades do “colega” John, Jennifer perdeu a disputa: foi considerada menos competente e a ela foi oferecido um salário 13% menor.

E é contra isso que a PrograMaria está lutando. Fundada em 2018, a empresa se define como um negócio de impacto social para promover diversidade e inclusão nas diferentes áreas da tecnologia. Tem foco na formação de mulheres cis e trans, além de outras minorias. Apesar dos cursos não serem gratuitos, a PrograMaria concede bolsas de estudo para quem não pode pagar. “Para isso, contamos com parceiros como o Grupo Boticário, a Totvs e o banco Itaú ”, diz Iana. Até o momento, a empresa formou 13 mil pessoas. As bolsas de estudo receberam mais de 8 mil inscrições, sendo 45% de pessoas negras. “A diversidade na área de tecnologia ajuda a diminuir a desigualdade e colabora para um mundo mais inclusivo e justo”, diz Chan.

Para Carla de Bona, cofundadora da empresa social Reprograma, o pouco acesso das mulheres ao universo da tecnologia e da programação é multifatorial e começa já na infância. “Meninas não são incentivadas a seguir carreira na área e o computador acaba sendo um ‘brinquedo’ dos meninos”, diz. Com menos mulheres lidando com tecnologia, não há representatividade de gênero e futuras profissionais acabam desestimuladas. Por isso, os cursos de programação da empresa, gratuitos, destinam-se a mulheres e adolescentes em situações de vulnerabilidade social, econômica e de gênero.

Entre as empresas parceiras da Reprograma, estão Accenture, Nubank, Mercado Livre, IBM e Microsoft. “Priorizamos pessoas negras, trans e travestis, em nossos processos seletivos”, diz Bona, ela mesma uma web designer que passou boa parte da carreira em ambientes majoritariamente masculinos. “A diversidade só traz benefícios, aumenta a inovação e permite um olhar mais amplo do mundo”.

Com cursos de Excel, Power BI, VBA, Python, SQL, entre outras ferramentas, a plataforma de treinamentos on-line Hashtag realizou estudo com 37 mil alunos sobre a presença feminina nas aulas. O levantamento revelou um grupo majoritariamente masculino (71%). E enquanto cursos como Python e Power BI tendem a atrair predominantemente alunos do sexo masculino (86% e 68%, respectivamente), o de Excel mostra uma distribuição mais equilibrada, com 40% de mulheres contra 60% de homens. De acordo com João Martins, CEO da Hashtag, a menor presença feminina na área de programação é consequência do menor número de alunas nos cursos universitários de exatas.

Isso ainda dificulta o ingresso delas no mundo dos investimentos. Para Jaqueline Bourscheidt, cofundadora da edtech Melver, as mulheres, muitas vezes, se autossabotam, achando que não são boas com números, o que não corresponde à realidade. “Mulheres têm melhor performance na área comercial, desenvolvem uma relação duradoura com os clientes, vão melhor na comunicação e têm muito mais empatia.”

Fundada em 2021, a Melver conta com mais de 130 mil alunas e alunos ativos na plataforma e mais de 1 milhão de matrículas feitas, nos cursos de formação de assessores de investimento, certificações para o mercado financeiro, mentoria em alta performance e produtividade. Somente 25% são mulheres. Mas isso pode mudar. “As corretoras têm buscado mais mulheres para trabalhar como brokers”, diz Bourscheidt.

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