Processos efetivos de descarbonização começam com a apuração das emissões. A avaliação é de Guarany Osório, professor e pesquisador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Primeiro é preciso ter um belo inventário para fazer o diagnóstico e, com base nessas informações, fazer a gestão das emissões”, diz.
Uma dessas ferramentas é o GHG Protocol, adaptado no Brasil pela FGV e atualmente adotado por cerca de 400 empresas do país. O sistema permite apurar emissões dos três escopos: o escopo 1, que mede as emissões resultantes de operações próprias; o 2, aquelas originárias do uso de eletricidade; e o 3, da cadeia de atuação.
“O maior desafio para a indústria vem da medição do escopo 3, com resultados de fornecedores e fornecedores de fornecedores, entre outros”, afirma o engenheiro Felipe Barcellos, pesquisador do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema).
Com meta de reduzir em 15% as emissões de seus fornecedores até 2030 em comparação com 2018, a Basf disponibiliza a eles sua própria ferramenta, que apura a pegada de carbono dos cerca de 45 mil itens produzidos para a multinacional. “Se as empresas oferecerem para nós os produtos já calculados por nossos critérios, conseguimos oferecer uma pegada de carbono exata do nosso produto”, diz Cristiana Xavier de Brito, diretora de relações institucionais e sustentabilidade da companhia.
A distribuição também é alvo no combate às emissões. Em 2023, a multinacional lançou uma embalagem de papel para a Suvinil , o que reduz o número de viagens de caminhões necessárias para transportar o produto. Também foi cortada a quantidade de matérias-primas das tintas, para redução de 65% da pegada de carbono da cadeia produtiva.
Outra estratégia vem da economia circular. Em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, a fábrica de plásticos de engenharia, usados em setores como automotivo e eletroeletrônico, compra a sobra de material do processo fabril dos seus clientes e a utiliza na produção. A empresa tem meta global de neutralidade líquida de emissões até 2050, com redução de 25% de emissões equivalentes de CO2 dos escopos 1 e 2 até 2030, sobre 2018.