Mudanças climáticas
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE
Por — Para o Valor, de Salvador


As mudanças climáticas já figuram entre os dez principais riscos aos negócios no mundo. No Brasil, já são consideradas o principal risco para a economia, segundo a pesquisa Allianz Risk Barometer 2024, realizada com 3.069 especialistas de 24 setores econômicos em 92 países. A preocupação galgou sete posições em relação ao levantamento de 2023, sinalizando que as empresas sentem o impacto de eventos climáticos extremos e seus efeitos na economia.

O ano passado quebrou recordes em vários aspectos: foi o mais quente desde o início dos registros da Organização Meteorológica Mundial (OMM), com elevação da temperatura terrestre e na superfície do mar, o que potencializou fenômenos climáticos como o El Niño. O setor de seguros, do qual faz parte o grupo Allianz, mentor do estudo, registrou perdas seguradas de catástrofes naturais acima de US$ 100 bilhões pelo quarto ano consecutivo; apenas os prejuízos por tempestades severas atingiram US$ 60 bilhões.

De acordo com a pesquisa, a agricultura é o setor da economia mais vulnerável às mudanças climáticas, seguido da indústria pesada e mídia (segundo maior risco). Bens de consumo, petróleo e gás, alimentos e bebidas têm nas mudanças climáticas seu terceiro maior risco. “O fato de o Brasil ser um país rico em recursos naturais, como florestas, e ao mesmo tempo ter uma economia dependente da exportação de commodities agrícolas e minerais eleva a percepção de risco em relação à questão climática”, afirma David Colmenares, diretor-geral da Allianz Commercial para a América Latina.

Para empresas brasileiras o risco climático é triplo, aponta o executivo, pois envolve riscos físicos (perda ou dano de ativos, interrupção de negócios), de transição (evolução para uma economia mais sustentável, com pressões regulatórias e de mercado) e de responsabilidade, por litígios climáticos que possam causar danos financeiros e de reputação. Ao mesmo tempo, o país tem oportunidades com a transição energética, por ser competitivo na geração de fontes renováveis, biocombustíveis e hidrogênio verde, fundamentais para o cumprimento do Acordo de Paris, que busca evitar a elevação da temperatura média global acima de 1,5ºC.

O custo das mudanças climáticas para a economia global pode chegar a US$ 22 bilhões por ano, afetando de maneira desigual os países, segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Para o Brasil, foram calculadas perdas de US$ 2,6 bilhões. Mas as estimativas ainda não captam perdas nas finanças públicas, avalia Maria Netto, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade (ICS). “Ainda não temos a quantificação da perda real e sistêmica para a economia brasileira, levando em conta perdas fiscais de Estados e municípios quando é necessário reconstruir infraestrutura ou auxiliar populações afetadas”, afirma. Segundo ela, o país está começando a incluir a resiliência climática no planejamento de ações governamentais, mas ainda faltam políticas transversais, que envolvem mais de uma área do conhecimento.

Um dos desafios é estimular atividades com baixa emissão que valorizem os ativos ambientais”
— Viviane Romeiro

Um passo nessa direção foi dado com o Plano de Transformação Ecológica do governo federal, lançado durante a COP28, em Dubai, em 2023. Capitaneado pelo Ministério da Fazenda, com colaboração de várias pastas e do setor empresarial, é a grande aposta do governo Lula para atrair investimentos alinhados à economia verde: finanças sustentáveis, adensamento tecnológico, bioeconomia, transição energética, economia circular e nova infraestrutura e adaptação às mudanças climáticas. “Um dos maiores desafios é reverter o processo de desindustrialização e, ao mesmo tempo, estimular atividades com baixa emissão de carbono que valorizem os ativos ambientais do país. O plano sinaliza nessa direção”, diz Viviane Romeiro, diretora de clima, energia e finanças sustentáveis do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), que colaborou na sua elaboração.

As questões regulatórias, contudo, precisam caminhar mais rápido. Embora publicada há 15 anos, a Política Nacional de Mudança Climáticas não avançou na implementação de seus principais instrumentos, como o mercado de carbono. Ao mesmo tempo, a União Europeia, que já conta com um sistema de comércio de emissões desde 2005, aprovou um mecanismo para evitar o dumping ambiental - a realocação de negócios para países sem precificação de carbono, de modo a baratear a produção.

Na prática, esse mecanismo deve afetar exportações de países sem mercado de carbono regulado. “Se persistir a falta de política de Estado, produtos brasileiros estarão sujeitos ao ajuste de pagamento de preço do carbono equivalente ao que teria sido pago se a produção ocorresse na União Europeia”, diz Márcio Pereira, sócio de direito do ambiente e clima do BMA Advogados. Em sua primeira fase, a partir de 2026, o mecanismo europeu será aplicável a ferro, aço, cimento, fertilizantes, alumínio e hidrogênio, mas essa lista poderá ser ampliada no futuro, incluindo produtos do agronegócio.

Mais recente Próxima Pouco explorado, mercado de carbono atrai projetos

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

Segundo o CEO da fintech, aquisição "é um passo estratégico em nossa visão de longo prazo”

Fitbank compra Rodobank, plataforma de serviços financeiros voltada ao transporte rodoviário

Banco corta projeção para o dólar no fim deste ano de R$ 5,50 para R$ 5,40 e reduziu a estimativa para a moeda americana de R$ 5,50 para R$ 5,20 no fim de 2025,

Itaú revisa cenário e passa a projetar Selic a 12% no início de 2025

Contratos para janeiro, os mais negociados, encerraram o dia em alta de 3,97%, a 707 yuans (US$ 99,30) a tonelada

Minério de ferro tem forte valorização na Bolsa de Dalian

O ministro da Fazenda ressaltou o sistema de câmbio flutuante e que o banco central tem liberdade para “fazer essas intervenções quando são necessárias e tem feito muito pouco”

BC tem que ser parcimonioso mesmo em intervenções cambiais, diz Haddad

Assistente com inteligência artificial da Intranet Mall localiza produtos e coloca os clientes em contado com os vendedores para venda remota

'Concierge digital' conecta consumidor e lojista de shopping centers

Entrevistas são realizadas com os três candidatos mais bem colocados nas pesquisas; Quaest divulgada quarta-feira (11) mostra Paes com 64% das intenções de voto

Prefeito do Rio e candidato à reeleição, Eduardo Paes participa de sabatina do 'Valor', 'O Globo' e rádio CBN

Proposta tem relação com o acordo de leniência que a empresa assinou no âmbito da Lava Jato feita ao longo da década passada; empresário se comprometeu a pagar 50% da multa, hoje em torno de R$ 43,6 milhões

Qualicorp convoca assembleia para deliberar acordo com José Seripieri Filho

Ministro da Fazenda disse que apresentou para Lula cenários para chegar no fim do governo com a cifra de R$ 5 mil para isenção do IR, e destacou que economia deverá crescer mais de 3% neste ano

Haddad diz que soma da inflação com desemprego é uma das mais baixas da série histórica

Companhia resolveu apresentar detalhes para tentar dissipar o que chamou de "descaracterizações públicas" de suas negociações

Nippon Steel divulga negociações com sindicato sobre U.S. Steel