Mudanças climáticas
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Por — Para o Valor, de São Paulo


As siderúrgicas ArcelorMittal e Gerdau , a fabricante de material de construção Saint-Gobain e a gigante da química Basf têm em comum a atuação em setores responsáveis por grande parte da emissão de gases de efeito estufa da indústria e um objetivo ambicioso: zerar a emissão líquida de carbono até 2050. Para chegar lá, traçaram metas intermediárias, de cortes para 2030 ou 2031. Os planos incluem, entre outras medidas, utilização de biomassa, eletrificação de processos, reciclagem, mudanças no transporte, ajustes para reduzir o consumo de energia e utilização de energia renovável.

O aço é responsável por cerca de metade das emissões de gases de efeito estufa da indústria. “Como no Brasil cerca de 6% das emissões vêm das indústrias, algo em torno de 3% vem do aço”, diz Guilherme Abreu, gerente-geral de sustentabilidade da ArcelorMittal Brasil. O setor está entre aqueles que o jargão chama de “hard-to-abate” - ou seja, de difícil redução, por motivos econômicos ou falta de soluções tecnológicas. A categoria, que também inclui segmentos como cimento, vidro, produtos químicos e transportes pesados, é fundamental para o cumprimento das metas do Acordo de Paris, por ser responsável por cerca de 20% das emissões globais.

No caso do aço, a dificuldade vem da química. É que sua produção exige a retirada do oxigênio do minério de ferro. “Na grande maioria dos processos utilizados globalmente, o carvão mineral é utilizado para isso, e a junção desse carbono com oxigênio vira CO2 ”, afirma Abreu. “Então, o grande desafio em se tornar carbono neutro até 2050 é que é preciso descobrir uma nova forma de fazer aço”, conclui. ”São tecnologias disruptivas, que ainda não existem”, acrescenta Cenira Nunes, gerente-geral de meio ambiente na Gerdau.

Por enquanto, para reduzir as emissões nos próximos anos, as duas siderúrgicas apostam em processos como substituição parcial do carvão mineral pelo vegetal, utilização de sucata na produção e uso de gás natural, menos intensivo em carbono. As empresas participam do programa Aliança, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que visa à redução do consumo de energia com ajustes de processos.

Com medidas assim, a ArcelorMittal pretende alcançar a meta de redução de 25% nas emissões de carbono até 2030. Já a Gerdau tem como objetivo diminuir as emissões para 0,82 tonelada de CO2 por tonelada de aço até 2031, queda de 11,8% sobre as emissões de 2020.

A descarbonização também pode exigir a busca de novas formas de transporte. A Gerdau anunciou no ano passado um investimento de R$ 3,2 bilhões na construção de um mineroduto em Minas Gerais, que transportará, com água, o minério de ferro da mina em Ouro Preto até a usina em Ouro Branco, a 23 km dali. A previsão é que o sistema comece a funcionar em 2026 e evite a emissão anual de 8 mil toneladas de CO2 ao substituir os caminhões, conta Nunes.

Em relação às tecnologias disruptivas para 2050, ela e Abreu mencionam o uso do hidrogênio verde para substituição do carvão ou gás natural. O setor também prevê a implementação da captura e estoque de carbono. O processo ocorre em fase experimental na planta de Dunquerque, na França, da ArcelorMittal, com a extração do carbono e seu transporte, na forma de gás, por dutos para armazenamento em poços offshore. A empresa também pesquisa na Europa formas de tornar viável - tanto do ponto de vista tecnológico como econômico - a utilização do carbono liberado para a produção de plástico ou etanol.

O desafio em se tornar carbono neutro até 2050 é que é preciso descobrir uma nova forma de fazer aço”
— Guilherme Abreu

Mas tudo isso terá um preço. “O que se diz é que a produção de aço no mundo ficará, de forma geral, 30% mais cara quando a indústria estiver descarbonizada, em 2050”, afirma Abreu. Mas ele pondera: “Eu particularmente não gosto dessas estimativas, porque daqui a cinco anos a estimativa pode ser outra.” Mesmo tecnologias já utilizadas são mais caras. O executivo diz que a maior parte das unidades da ArcelorMittal já tem instalações para utilização do gás natural.

“Mas o custo atual inviabiliza a produção do aço”, diz. Ele conta que no Brasil o preço está em torno de US$ 16 por milhão de BTU (unidade de medida usada para definir a quantidade de calor necessária para alteração térmica). “Para se tornar viável, o valor deveria cair pelo menos pela metade.”

Para atingir o objetivo de 2050, a Saint-Gobain tem como meta a redução de 33% das emissões diretas e do uso de energia elétrica em comparação com 2017 para todas as regiões de atuação. Para o escopo 3, que inclui emissões da cadeia produtiva, o corte previsto é de 16%. “As projeções indicam que o Brasil, mesmo com previsão de crescimento de produção acima da média global da empresa, deve atingir os objetivos antes do prazo”, afirma Javier Gimeno, vice-presidente sênior do grupo e CEO para a América Latina. A empresa quer eletrificar com energia limpa todos os processos que forem possíveis e usa gás natural naqueles em que a eletrificação não é possível.

Mas a companhia também adotou a estratégia de substituir o gás natural por outros menos poluentes ou nada contaminantes. A troca começou no ano passado com a utilização do biometano na planta da Quartzolit em Queimados, no Rio de Janeiro. O gás, originado do lixo urbano, é utilizado na fabricação de placas de drywall e reduz, na fábrica, a emissão de CO2 em 870 toneladas anuais. Segundo o executivo, a multinacional também pesquisa a geração de energia a partir da biomassa originária de produtos agrícolas. “Procuramos opções disponíveis a baixo custo em todo o Brasil”, afirma.

Novas biomassas também estão na mira da Basf. “Estamos pesquisando diferentes alternativas para ver que fonte de energia é mais adequada para cada forma de produção”, diz Cristiana Xavier de Brito, diretora de relações institucionais e sustentabilidade da companhia.

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