Mudanças climáticas
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE
Por — Para o Valor, de São Paulo


Os segmentos de transporte comercial de carga e de passageiros atuam para encontrar as rotas de descarbonização mais adequadas para cada um de seus modais. “Não há apenas uma tecnologia. Existem diferentes soluções possíveis”, diz Carlos Líbera, especialista em transportes pesados da consultoria Bain. Para equalizar custo e desempenho, esses caminhos podem levar à eletrificação ou uso de biocombustíveis, HVO, biogás, biometano, metanol e hidrogênio verde, dependendo do tipo de veículo.

O setor de transportes, incluindo automóveis, responde por 15% das emissões globais de CO2, de acordo com dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC). Desses, 10 pontos percentuais vêm do transporte terrestre. No Brasil, dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) apontam que, em 2022, os transportes emitiram 216,9 milhões de toneladas de CO2 equivalente, menos de 10% das 2,3 bilhões de toneladas de CO2 lançadas na atmosfera pelo país ao longo do ano.

O professor Marcio D’Agosto, do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diz que o uso de motores elétricos se presta melhor para o transporte de entregas “last mile” (última milha, ou a entrega final das mercadorias) em grandes centros urbanos. “Ele funciona como gerador e realimenta as baterias. Quanto mais ‘anda e para’ houver, melhor para recarregá-las”, explica. Normalmente, acrescenta, nesse tipo de entrega se roda cerca de 100 km/dia, uma distância possível para os limites atuais de autonomia das baterias. E o recarregamento total pode ser feito à noite.

Para os grandes caminhões, há necessidade de baterias maiores e mais potentes para percorrer grandes distâncias e transportar cargas pesadas e de uma grande infraestrutura de carregamento. Marcel Martin, diretor-geral no Conselho Internacional sobre Transporte Limpo (ICCT), afirma que o grande desafio dos pesados é a recarga. “O carregador tem que ser muito mais tecnológico, para prover mais energia em um tempo de recarga mais otimizado”, diz. Ônibus de longa distância têm os mesmos desafios dos caminhões, mas os elétricos são viáveis no transporte urbano de passageiros.

Precisamos buscar soluções mais acessíveis e fáceis. E a adição do biodiesel é uma delas”
— Flavio Ribeiro

Segundo Martin, outras opções são biogás, biometano, biodiesel e HVO, o óleo vegetal hidrotratado. Este, além de reduzir as emissões, é “drop in”, ou seja, não requer alterações nos motores - justamente o tipo de solução mais almejado pela aviação e navegação, segmentos que têm mais dificuldades para substituir os combustíveis atuais, por precisarem de grandes quantidades de energia. “O que se imagina é que vão absorver combustíveis renováveis, permitindo que aviões e navios continuem usando as mesmas turbinas e os mesmos motores”, diz D’Agosto.

A Bunker One, comercializadora de bunker, o combustível marítimo, e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) se uniram para testar a viabilidade do uso de biodiesel em embarcações. O produto era composto por 50% de resíduos animais (sebo suíno ou gordura de porco) e 50% de óleo de cozinha usado. A embarcação, um rebocador, foi abastecida com uma mistura que adicionou 7% de biodiesel ao bunker. O resultado mostrou que o motor funcionou normalmente e o consumo foi o mesmo. E houve redução de 2% nas emissões.

“No processo de transição energética, precisamos, primeiramente, buscar as soluções mais acessíveis e mais fáceis. E a adição do biodiesel é uma delas. Não há perda de eficiência”, diz Flavio Ribeiro, CEO da Bunker One. Amanda Gondim, professora de química do petróleo da UFRN, explica que, quanto maior for a adição de biodiesel, maior será a redução das emissões. Além do “drop in”, o setor de navegação também testa o uso de hidrogênio verde.

No transporte aéreo, o combustível de aviação sustentável (SAF) pode ser gerado a partir do HVO, que pode ser utilizado para fazer diesel verde e querosene verde. A KLM informa em seu site que cada voo de Amsterdã é abastecido com uma mistura de combustível que tem 1% de SAF. O objetivo é chegar a 10% até 2030. Segundo a empresa, o SAF é de três a quatro vezes mais caro que o querosene de aviação, por não estar disponível em grande escala.

Mais recente Próxima Cresce a procura por 'crédito verde' em instituições regionais

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

O presidente eleito indicou lunáticos para cargos-chave que estão dispostos a virar as instituições americanas ponta-cabeça em busca de vingança

FT/ANÁLISE: Ao mirar o inimigo interno, Trump fortalece Rússia e China, os verdadeiros inimigos dos EUA

"Devemos defender o sistema internacional centrado na ONU, a ordem internacional sustentada pelo direito internacional e as normas básicas das relações internacionais baseadas nos propósitos e princípios da Carta da ONU”, destaca Xi Jinping

Presidente da China defende 'menos quintais com cercas altas' e mais cooperação entre países

Segmento é considerado um dos mais opacos nos mercados financeiros

Bancos dos EUA fazem parceria com BlackRock por dados de títulos

Será a primeira visita de um premiê indiano à Guiana desde a passagem de Indira Gandhi, em 1968

Premiê da Índia vai visitar a Guiana em busca de acordo de energia

Após sequência frenética de superação de recordes de preço, maior criptomoeda em valor de mercado inicia a semana 'acomodado' no patamar dos US$ 91 mil

Cripto Solana registra maior valor em três anos

Keir Starmer afirmou que a última década foi perdida na luta contra a pobreza por causa da pandemia, das mudanças climáticas e dos níveis crescentes de conflito

Premiê britânico elogia Aliança contra Fome, mas diz que maior passo viria da resolução de conflitos mundiais

Otávio Damaso reforçou que todas as empresas do segmento de criptoativos só poderão atuar no país com autorização do BC e serão supervisionadas

Nem todas as plataformas de cripto vão querer ser reguladas pelo BC, alerta diretor

O megacampo de Vaca Muerta é uma grande área com gás de xisto (“shale gas”) e petróleo na província de Neuquén, na Patagônia argentina

Demanda da indústria no Brasil pode impulsionar importação de gás da Argentina, aposta mercado

Em discurso aos demais chefes de Estado presentes na cúpula do G20, no Rio, o presidente da Argentina fez críticas indiretas ao projeto da Aliança Global contra a Fome, lançado oficialmente governo brasileiro

Exclusivo: No G20, Milei diz que só o capitalismo tira as pessoas da pobreza

Segundo dados de 221 cidades brasileiras reunidos pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), os lançamentos de imóveis subiram 20,1% no período

Lançamentos imobiliários sobem e vendas anotam recorde no 3º trimestre, aponta Cbic