![Guido Germani, CEO da MRN: iniciativa para minimizar a captação de água nova nos rios como o Trombetas — Foto: Wanezza Soares/Divulgação](https://s2-valor.glbimg.com/9zFiI45AIpeIeWTEufmLJgGXQNg=/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2023/3/M/L68asbRkKwRaBX7oTw8Q/foto29rel-111-subcapa-f2.jpg)
Os preços internacionais dos principais minérios comercializados globalmente, como ferro, cobre, alumínio, níquel e estanho, tendem à normalidade até o fim de 2024 e o início de 2025, quando deve se iniciar um novo ciclo de alta. “Será um ciclo curto, de quatro a cinco anos, e não trará oscilações intensas de preços”, diz o consultor Helcio Takeda, sócio-diretor da Pezco Economics, um dos painelistas do Congresso Brasileiro da Mineração, que debate os principais desafios do setor mineral entre 29 e 31 de agosto, em Belém do Pará.
Segundo Takeda, não existe no horizonte previsível novos superciclos de demanda de commodities como o gerado pelo consumo da China entre 2000 e 2014, nem mesmo movimentos de grande retração dos preços como ocorreu de 2015 a 2017. “Estamos na fase dos miniciclos pouco intensos, gerados por reequilíbrios constantes da oferta e demanda”, afirma.
Esse cenário econômico, sem grande valorização nos preços internacionais, exigirá que as mineradoras intensifiquem suas ações em busca de eficiência operacional, na otimização do aproveitamento de recursos naturais e dos insumos produtivos, como energia e água, assim como a geração de coprodutos com os resíduos. Algumas das principais experiências do país em inovações que proporcionam ecoeficiência produtiva vão estar em debate no Congresso da Mineração.
A Norsk Hydro, produtora integrada de alumínio com ativos de mineração e refino no Pará, por exemplo, investe na descarbonização de suas atividades e em energias renováveis. Por meio da Hydro Rein, criada em 2021, a companhia desenvolve três projetos de geração de energia eólica e solar fotovoltaica que somarão uma capacidade instalada cerca de 1,5 gigawatt. A energia será destinada a atender a sua unidade de refino Alunorte e a produtora de alumínio primário Albras.
Na Alunorte, a energia elétrica renovável já está sendo utilizada desde 2022 para alimentar uma caldeira elétrica que gera vapor para produzir o vapor necessário para o processo de refino da alumina. Com isso, substitui caldeiras alimentadas com combustíveis fósseis.
A nova caldeira da Alunorte é a maior já instalada em uma indústria; tem capacidade nominal de geração de 95 toneladas de vapor por hora. “Ela tem potencial de reduzir em 100 mil toneladas as emissões de CO2 por ano”, diz José Erik Araújo, gerente sênior de P&D da Norsk Hydro. No total, serão cinco as caldeiras elétricas implantadas na refinaria nos próximos anos. “Com todas em operação, o projeto vai representar uma redução de mais de 400 mil toneladas de emissões de carbono por ano”, diz Araújo.
A Vale implementa um programa de investimentos de até US$ 6 bilhões para reduzir o consumo de insumos e aumentar a sustentabilidade de suas operações. A meta é reduzir em 33% as emissões de carbono de suas atividades produtivas até 2030 e atingir 100% de uso de energia renovável em suas atividades no Brasil até 2025. Globalmente, o índice deve ser atingido até 2030. Outra iniciativa, ainda em fase de testes, é a substituição do uso do diesel, com eletrificação de equipamentos, locomotivas e caminhões de até 72 toneladas.
“Brumadinho foi um ponto de inflexão para a companhia”, diz Eduardo Bartolomeo, presidente da Vale, referindo-se ao rompimento da barragem de rejeitos de Brumadinho (MG), que vitimou 273 pessoas em janeiro de 2019. “Passamos a atuar de forma estratégica para eliminar os riscos de nossas operações e remodelar o nosso negócio de forma mais sustentável”, afirma o executivo.
A MRN, mineradora de bauxita em Oriximiná (PA), está empenhada em reduzir o impacto de suas operações em meio ao ecossistema amazônico. Uma ação é minimizar a captação de água nova nos rios da região, como o Trombetas. “Já reutiliza 85% da água em várias etapas de seu processo produtivo”, diz o diretor-presidente Guido Germani. Outro desafio é o reflorestamento de áreas impactadas pela mineração. A companhia mantém um viveiro com capacidade de produzir um milhão de mudas por ano e anualmente reflorestar de 300 a 400 hectares. “Temos áreas que foram reflorestadas há mais de 20 anos e o monitoramento demonstra o retorno da fauna silvestre”, diz Germani.