Mesmo diante da complexidade do novo ecossistema de troca de dados criado pelo Banco Central e dos ajustes feitos ao longo do período pelas instituições financeiras, que enfrentaram dificuldades na padronização das informações, os resultados do open finance têm sido considerados positivos. Os bancos agora estão investindo na criação de valor para o cliente, agregando serviços e produtos que tornem visíveis para o usuário os benefícios de autorizar o compartilhamento de dados.
“A primeira fase foi de aprendizado, houve problemas, foi uma jornada pesada. A fase de compartilhamento de dados também gerou ajustes e precisa de melhorias. Agora estamos na fase de as instituições criarem seus produtos, pensarem nos casos de uso. Está no início, mas o potencial é imenso”, diz João André Pereira, chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central. A média de chamadas mensais de APIs, tecnologia usada por instituições financeiras que obtiveram autorização do BC para operar no open finance, chegou a 4 bilhões em julho, mas já foi de 1 bilhão no ano anterior. É por meio das APIs que as instituições têm acesso aos dados dos usuários que concordaram em dividir suas informações financeiras.
Passada essa segunda fase do processo, a terceira, já em curso, é a de pagamentos. “O principal caso de uso é o de cash in, que é o carregamento de contas pré-pagas, no Mercado Pago ”, diz Pereira. A seu ver, os 3,9 milhões de consentimentos ativos dados por usuários, que totalizaram 1 bilhão de pagamentos efetuados no trilho de open finance, por meio do Pix, estão em linha com o previsto.
Mardilson Queiroz, consultor do BC, ressalta que o setor bancário está concluindo a implementação das interfaces determinadas pelas normas do banco para, em seguida, passar a ofertar novos produtos e serviços.
“Os bancos estão correndo, cada um no seu ritmo, para utilizar da melhor forma, porque precisam produzir valor”, diz Queiroz. Pesquisa da Febraban realizada em 2022 revelou que 80% dos bancos informaram que até 10% de sua base de clientes havia aderido ao open finance no ano passado. Para 2023, 47% já estimavam que entre 11% e mais de 20% da base de clientes fariam a adesão. Segundo a pesquisa, o volume de consentimentos tende a subir, conforme os bancos evoluam nas jornadas digitais e os clientes passem a usufruir dos benefícios.