Meio Ambiente
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Por — De Salvador


O licuri, cujo óleo tem propriedades há muito tempo usadas por sertanejos — Foto: Divulgação
O licuri, cujo óleo tem propriedades há muito tempo usadas por sertanejos — Foto: Divulgação

Chamado de “ouro do sertão”, o licuri, fruto da palmeira Syagrus coronata, nativa da Caatinga, tem sido estudado em razão de suas propriedades cicatrizantes, antimicrobianas e anti-inflamatórias, há muito usadas pelas populações sertanejas. Duas patentes de produtos para uso bucal foram depositadas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) a partir de um projeto de desenvolvimento da cadeia produtiva do coquinho, ancorado no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

O óleo extraído da amêndoa é rico em ácido láurico, substância muito valorizada pelas indústrias farmacêutica e cosmética pela capacidade de combater microorganismos. Mas não só. O Laboratório Nacional de Biociências do Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (LNBio/CNPEM) mapeou a composição química e princípios ativos do óleo, apontando seu potencial para combater bactérias que causam infecções. Outros estudos sugerem indicações contra acne, diabetes e outras complicações metabólicas.

As descobertas relacionadas ao fruto inauguraram um fato inédito na ciência brasileira: pela primeira vez, uma comunidade extrativista, a Cooperativa da Região do Piemonte da Diamantina (Coopes), de Capim Grosso (BA), foi co-depositária da patente, em conjunto com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), atestando a potência do encontro do conhecimento tradicional associado aos biomas brasileiros. "As pesquisas envolvendo nossa biodiversidade podem colocar o Brasil em um novo patamar de inovação. A palavra chave é o co-desenvolvimento com as comunidades, que se relacionam com a floresta de maneira respeitosa" afirma Maria Augusta Arruda, diretora do LNBio/CNPEM.

As matas podem guardar o tratamento e a cura para incontáveis doenças, mas o caminho até a descoberta desse potencial requer muito investimento. O LNBio, dedicado a pesquisa e inovação nas áreas de biotecnologia e desenvolvimento de fármacos, com instalações abertas à comunidade científica e empresas, se firma como o epicentro dos estudos envolvendo a biodiversidade brasileira. Conta com uma biblioteca com cerca de 10 mil amostras químicas da biodiversidade, coletadas a partir de cerca de mil plantas, bactérias e fungos ao longo da última década.

O número, embora expressivo, ainda é a ponta do iceberg do que pode ser estudado, levando-se em conta que o Brasil tem 70 mil espécies de plantas conhecidas - fora o que ainda está para ser descoberto. "A biblioteca até agora é um piloto, visto que a biodiversidade brasileira tem uma diversidade química muito grande, com moléculas desconhecidas com potencial farmacêutico que nunca foram estudadas", diz Daniela Trivella, pesquisadora líder do grupo de descoberta de fármacos do LNBio/CNPEM.

O laboratório mantém um pipeline com nove projetos de pesquisa em conjunto com farmacêuticas e empresas especializadas em bioprospecção de ativos. Entre os parceiros estão os laboratórios Aché, Cristália e Phytobios, com foco em áreas como oncologia, doenças infecciosas, cardiometabólicas, analgesia, chagas, malária e leishmaniose. Escrutinar as moléculas demanda a combinação de diferentes tecnologias de ponta, incluindo o acelerador de partículas Sirius, o HTS - sistema de triagem biológica de alto desempenho - e a cristalografia de proteínas.

Com oito projetos envolvendo ativos da Amazônia e da Mata Atlântica, o Aché Laboratórios aposta no desenvolvimento de novos fármacos a partir de sua plataforma Bioprospera, que abarca a parceria com o CNPEM e startups. Um dos mais avançados é voltado para o tratamento do vitiligo, mas o pipeline conta com pesquisas em oncologia, dermatologia e cardiometabólica, o que inclui tratamentos para obesidade e diabetes. Para essas finalidades, da biodiversidade brasileira pode surgir uma droga apta a fazer frente à semaglutida, composto ativo do Ozempic, sucesso comercial do laboratório dinamarquês Novo Nordisk.

O caminho é longo - da descoberta de um novo ativo até sua concretização em medicamento leva-se em torno de 15 anos, segundo Édson Bernes, diretor de inovação do Aché. Foi o caso do Acheflan, anti-inflamatório desenvolvido pela empresa a partir da erva-baleeira, nativa da Mata Atlântica. "O fomento à pesquisa pautado pela biodiversidade pode ser nosso ponto forte para agregar valor à indústria brasileira", afirma o executivo.

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