Meio Ambiente
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Por — Para o Valor, de Salvador


Um movimento liderado pelo Fórum Econômico Mundial pretende funcionar como um “clube de compras” para estimular o mercado de soluções capazes de combater a emissão de gases de efeito estufa. O problema, segundo estimativas da entidade, é que metade da redução nas emissões previstas para ocorrer até 2050 deve vir de tecnologias que ainda não estão disponíveis em larga escala. A ideia é que o "clube de compras" tenha compromissos setoriais para promover tecnologias emergentes, de modo que elas ganhem escala a tempo de evitar que a temperatura global se eleve acima de 2 ºC, o objetivo do Acordo de Paris, firmado por quase 200 países em 2015.

A coalizão First Movers (“Pioneiros”, em tradução livre), criada pelo fórum em parceria com John Kerry, enviado presidencial especial dos EUA para o Clima, durante a COP26, em Glasgow, Escócia, em 2021, conta com 98 empresas globais que, juntas, querem movimentar US$ 16 bilhões na aquisição de tecnologias verdes até 2030 e acelerar o passo na transição para soluções de baixa emissão. Sete setores são considerados críticos para a descarbonização: aço, alumínio, cimento, aviação, transporte naval, transporte rodoviário e captura e remoção de carbono.

“Hoje ainda não temos produtos sustentáveis a preços competitivos e, mesmo quando alguma commodity tem vantagens em relação à pegada de carbono, o mercado global não reconhece isso, pois não paga um preço prêmio”, afirma Ricardo Assumpção, representante para a América Latina da empresa de consultoria e auditoria EY na coalizão First Movers.

Segundo essa ótica, produtos primários brasileiros como alumínio e aço já estão bem posicionados em termos de competitividade verde. O primeiro emite entre 1,3 e 1,7 tonelada de carbono equivalente (CO2 e) por tonelada produzida, abaixo da média global do setor, que é de 2,0 t CO2 e. Já a produção de alumínio no Brasil emite, em média entre 4,5 t e 6,5 t CO2 e, cerca de um terço da média global. A coalizão fixou metas mais arrojadas: entre 0,4 t e 0,5 t CO2 e para o aço e menos de 3 t CO2 e por tonelada de alumínio, além do compromisso de que, até 2030, ao menos 10% dos produtos adquiridos pelos membros do grupo sejam de baixo carbono.

É fundamental a criação de um ecossistema de apoio robusto”
— Viviane Romeiro

Um estudo criado após um seminário realizado pela First Movers em São Paulo, em outubro do ano passado, para aproximar o movimento do setor privado e do governo, aponta oportunidades da descarbonização para os setores de aço, alumínio e aviação, destacando tecnologias emergentes que podem auxiliar essas indústrias a mitigar emissões. Para Assumpção, o Brasil tem potencial para se tornar fornecedor global de produtos como o hidrogênio verde (H2V) e os SAFs (combustíveis sustentáveis de aviação, na sigla em inglês). Atualmente, o país já é o terceiro maior produtor dos substitutos de origem renovável para o querosene das aeronaves, atrás de Estados Unidos e Índia, além de ser signatário de uma aliança global para promover o uso de biocombustíveis. “A aviação é uma indústria que só vai conseguir uma redução efetiva das emissões com a substituição do querosene fóssil por biocombustíveis, de modo que o Brasil tem oportunidades ainda não exploradas nesse campo”, afirma Assumpção.

Um dos pilares da coalizão, o apoio à inovação de baixo carbono, será fundamental para que o Brasil avance como fornecedor global de tecnologias verdes. Além dos biocombustíveis, o H2V, obtido por meio da eletrólise de fontes renováveis, tem sido aclamado como uma resposta para mitigar emissões em diferentes indústrias. Mas requer investimentos para reduzir seu custo de produção, de cerca de US$ 6 a tonelada, o que o torna pouco competitivo frente combustíveis como o gás natural da Rússia (US$ 1,50/t).

“Para que essas tecnologias ganhem escala, é fundamental a criação de um ecossistema de apoio robusto, que inclui políticas direcionadas, com marcos regulatórios favoráveis, parcerias público-privadas e linhas de crédito específicas para investimento em infraestrutura e inovação. Só assim será possível reduzir os custos de implementação”, diz Viviane Romeiro, diretora de clima, energia e finanças sustentáveis do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), que fomenta iniciativas de descarbonização no setor empresarial e acompanha a First Movers.

Única empresa brasileira a aderir à coalizão, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) ingressou no grupo visando acessar e compartilhar inovações centrais para reduzir emissões em seu segmento - entre elas, processos avançados de reciclagem, captura e armazenamento de carbono e o desenvolvimento de anodos inertes. “Estas tecnologias são essenciais para aumentar a oferta de produtos de baixo carbono e tornar viável sua implementação em larga escala, fortalecendo a capacidade da indústria de contribuir para a mitigação das mudanças climáticas”, diz Luciano Alves, CEO da CBA.

A empresa já opera em uma faixa de emissões bem próxima à meta fixada pela coalizão. Em 2023, as emissões da companhia foram de 3,2 toneladas de CO2 e por tonelada de alumínio líquido produzido. Mas a meta é alcançar emissões líquidas zero até 2050, sendo que 50% da redução deverá vir da adoção de tecnologias emergentes, 40% de ações de eficiência energética e uso de energia renovável e 10% de créditos de carbono derivados da conservação de uma área de 11,5 mil hectares de reserva no Cerrado. Mantida pela empresa, a área já gerou créditos certificados referentes ao período de 2017 a 2023, sendo considerado o primeiro projeto de geração de créditos de carbono florestal no bioma, hoje o mais desmatado do país.

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