Meio Ambiente
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE
Por — Para o Valor, de São Paulo


As mudanças climáticas já fizeram com que o clima do norte na Bahia mudasse de vez. Uma região da Caatinga de 5,7 mil km2, na divisa com Pernambuco, se tornou definitivamente árida - a primeira do país, mostra um estudo recente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Agora, produtores rurais e cientistas somam esforços para adaptar espécies e evitar os riscos de desertificação, o que tornaria essas terras improdutivas.

O hidrólogo Javier Tomasella, do Inpe, diz que a região já tinha clima historicamente mais rigoroso, com maior incidência de radiação solar e menos chuvas. "Bastou o último empurrão para jogar ela para outro tipo de clima", diz. O empurrão veio com o aumento da temperatura do planeta, associado à degradação do solo e à diminuição das chuvas, segundo os especialistas. "Essa região concentra os maiores aumentos de temperatura do país", diz a meteorologista Ana Paula Cunha, do Cemaden.

Os pesquisadores analisaram dados de chuvas e evaporação de solo e dos vegetais desde a década de 1960. Ao comparar a faixa de 1990 a 2020 com o período anterior, descobriram, além de uma região árida, que todo o país ficou mais seco, com exceção do Sul. Também constataram tendência de expansão de áreas do semiárido no Nordeste e no norte de Minas Gerais, a uma taxa média superior a 75 mil km2 por década.

A primeira região árida do Brasil compreende os municípios de Macururé, Abaré, Chorrochó, Curaçá, Macururé, Rodelas, Juazeiro e Sobradinho, na Bahia, e de Belém do São Francisco, em Pernambuco.

O produtor Humberto Miranda, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia, conta que chove pouco e de maneira disforme em toda essa área, com estiagens que duram de seis meses até um ano. “A má distribuição da chuva leva, consequentemente, a uma degradação do solo", diz. A seca traz prejuízos à safra, mas produtores locais aprenderam a conviver com o clima. Curaçá, por exemplo, é o maior produtor de coco da Bahia, diz Miranda. Também produz outras frutas, como manga e goiaba. "Qual a diferença dentro disso? Choveu mais, choveu menos, o sol foi mais quente ou menos quente dentro do mesmo município?", indaga o ruralista. A resposta, afirma, está no desenvolvimento de tecnologias e na capacitação dos produtores.

A Embrapa desenvolve sementes que aguentem a seca e animais resistentes à estiagem. "Buscamos, por exemplo, diminuir o intervalo entre partos das criações e diminuir o tempo para esse animal chegar ao abate. Quanto menor o tempo em que esse animal for abatido, por menos dificuldades de alimentação ele passa", conta Iêdo Sá, engenheiro florestal e pesquisador da pesquisador da Embrapa Semiárido. Outro exemplo é a diminuição do ciclo de vida do milho, de 90 para 60 dias. "Hoje, a planta passa muito menos tempo em campo. Ela não vai precisar estar bebendo água por 90 dias", diz.

Entretanto, mesmo a adaptação de plantações e animais às temperaturas mais elevadas e à menor disponibilidade hídrica pode não ser suficiente se a situação se agravar. Os resultados do estudo alertam para o risco de desertificação; nesse caso, o solo se tornaria tão improdutivo que sequer sustentaria as plantas nativas da Caatinga. Os impactos para a segurança alimentar e o aproveitamento econômico dessas áreas seria catastófico, afirma Washington Rocha, coordenador da Equipe Caatinga do MapBiomas. "Como são áreas que já são bolsões de pobreza, ter esses processos [de desertificação] significa que vai ter mais fome e, possivelmente, implicar em migração de população", aponta.

Nessa região árida, já com fragilidades e suscetível à desertificação, o desmatamento acrescenta riscos, diz Rocha. Em 2023, os alertas de desmatamento cresceram 43% na Caatinga - o único bioma que ocorre apenas em território brasileiro e um dos mais ameaçados do país-, para 201,7 mil hectares, segundo o MapBiomas.

Mais recente Próxima Fazenda muda práticas para evitar colapso da bacia do rio Araguaia

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

Definição de um nome é considerada uma virada de página para a mineradora, avaliada em quase R$ 300 bilhões no mercado

Análise: na Vale, há uma lista de desejos, mas escolha do futuro CEO segue em aberto

A ONG disse que as ordens de evacuação e a destruição das instalações de saúde deixaram as pessoas no norte de Gaza com muito poucas opções de atendimento médico

Médicos Sem Fronteiras fecham última instalação de saúde no norte de Gaza

Queda do CPI de junho reforça percepção de que início do ciclo de cortes de juros americanos está mais próximo

Ibovespa e dólar sobem com inflação americana no radar

Média móvel de quatro semanas ficou em 233.500 pedidos, uma queda de 5.250 em relação à média revisada da semana anterior

Pedidos de seguro-desemprego nos EUA ficam em 222 mil na semana anterior

Presidente colombiano está prestes a ter maioria de indicados no banco central do país; nervosismo de economistas aumentou com a recente turbulência no mercado brasileiro após ataques de Lula à política monetária brasileira

Colômbia olha para o Brasil com medo de nomes de Petro no banco central

Contratos para setembro, os mais negociados, fecharam em alta de 0,79%, a 828,0 yuans (US$ 113,79) a tonelada

Minério de ferro sobe na Bolsa de Dalian

A avaliação é que os cálculos sobre como ficará o valor da alíquota geral, cujo teto foi fixado em 26,5% no texto da Câmara, terão de ser refeitos no Senado.

Senado adota cautela sobre regulamentação da reforma tributária e avalia tirar urgência

Na operação desta quinta-feira, PF cumpriu cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão, e entre os presos está Marcelo de Araújo Bormevet, agente da PF que integrou a equipe de Ramagem na Abin

Moraes retira sigilo de operação sobre Abin paralela

Recursos serão destinados, em grande parte, no desenvolvimento e produção de um veículo totalmente novo, de um segmento no qual a montadora ainda não atua, revelou o presidente da GM na América do Sul

Dos R$ 7 bilhões de investimento anunciados pela GM no país, R$ 1,2 bilhão vão para fábrica do RS

Volume de vendas cresceu 1,8% em maio ante abril, acima da média brasileira, que foi de 1,2%. Já a receita teve alta de 1,2% no estado, ante variação de 1,3% no Brasil

Corrida aos supermercados e doações puxam alta das vendas do comércio no Rio Grande do Sul