A logística vem desempenhando um papel duplo na destinação de recursos privados, inclusive estrangeiros, a alguns Estados. Ao mesmo tempo em que projetos de infraestrutura atraem investidores, a melhoria da malha logística serve como chamariz para outros investimentos, que dependem da rede de transporte e de operadores azeitada para viabilizar a distribuição de produtos.
Com posição geográfica privilegiada, vizinho aos principais mercados do país, na rota entre o Sul-Sudeste e o Nordeste, próximo da capital federal e ao lado do Centro-Oeste, Minas Gerais é um dos Estados que vem recebendo investimentos nesse setor.
A Invest Minas, estatal voltada a atração de investimentos e comércio exterior, destaca o BH Airport, o aeroporto internacional de Belo Horizonte, um hub de logística multimodal integrado com área de armazéns alfandegários no qual operações de comércio exterior podem ser realizadas com suspensão de impostos. “Para se ter uma ideia, estamos a uma hora de voo de 70% do PIB nacional”, afirma o secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Fernando Passalio.
Segundo Geovane Medina, gestor de produtos e serviços aeroportuários e cargo do BH Airport - que em 2023 movimentou 28 mil toneladas, 8% acima de 2022 -, foi adotado no terminal um modelo de condomínio logístico para atrair indústrias ao local.
Desde 2019 já foram aportados R$ 6 bilhões em investimentos privados em projetos de e-commerce, centros de distribuição e condomínios logísticos nos municípios mineiros, afirma Passalaio. No ano passado, foram assinados R$ 60,2 bilhões em protocolos para infraestrutura - e R$ 114,4 bilhões considerando todos os setores, o maior montante desde 1998. Em fevereiro, por exemplo, foi inaugurado um centro de distribuição da Adidas em Extrema - cidade próxima de São Paulo com incentivos fiscais - focado no e-commerce, com envio para todo o país.
“A logística tem muito peso na decisão do investidor sobre onde ele irá aplicar o seu dinheiro”, afirma o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). O Estado quer ser hub para a produção industrial e agropecuária da América do Sul por ligar a região Sul do país ao Sudeste e ao Centro-Oeste, servir de corredor de exportação pelo porto de Paranaguá para parte da produção agropecuária do Brasil e fazer fronteira com Paraguai e Argentina. “Como estamos conseguindo consolidar no Estado a nossa vocação de central logística, temos conseguido atrair muito investimento”, diz Ratinho Jr., que afirma ainda que o Estado está no centro de 70% do PIB do continente.
O governador diz que, desde 2019, foram atraídos quase R$ 230 bilhões em investimentos privados. O Paraná também está conduzindo um programa de concessões de rodovias envolvendo um total de 3.300 km. O programa foi separado em seis lotes, dos quais dois foram concedidos no ano passado. Outros dois vão a leilão na B3 em novembro próximo e os dois restantes, em 2025. Os três aeroportos mais importantes do Estado - Foz do Iguaçu, Londrina e Curitiba - já são operados pela iniciativa privada, e o de Maringá, cujo terminal de passageiros será ampliado de 3.500 m2 para 8.000 m2, aguarda a resolução da trâmites da concessionária do terminal de cargas para poder receber mercadorias internacionais.
O governo paulista também tem adotado iniciativas para atrair investidores. Em parceria com o Ministério dos Portos e Aeroportos, abriu em março a consulta pública para a concessão do túnel Santos-Guarujá, no litoral do Estado. A construção será uma parceria público-privada (PPP) orçada em R$ 5,96 bilhões. No ano passado, o governador Tarcísio de Freitas realizou um roadshow pelos Estados Unidos para apresentar projetos a investidores internacionais. No começo deste ano, realizou nova viagem à Europa, passando por Paris, Milão e Madri com o mesmo objetivo.
De acordo com Rui Gomes, presidente da InvestSP, agência de promoção de investimentos vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico paulista, dos R$ 245 bilhões do programa estadual de infraestrutura, R$ 43 bilhões são de projetos de rodovias e R$ 130 bilhões, de mobilidade urbana. Inicialmente, 20 projetos foram qualificados e outros já estão sendo estruturados no âmbito do Programa de Parcerias em Investimentos (PPI-SP).
Na área de transportes, recentemente foram leiloados o Rodoanel Norte, o Trem Intercidades Campinas-São Paulo e o Lote Litoral, concessão que abarca a administração de 213 km de rodovias que ligam a Grande São Paulo à Baixada Santista e ao Vale do Ribeira. Estão previstos investimentos de R$ 5,1 bilhões ao longo dos 30 anos de concessão dessas rodovias. “Uma novidade nesse empreendimento será a adoção do pedágio free flow, que além de ampliar a fluidez do tráfego, permite que o usuário pague pelo trecho percorrido”, afirma Nei Moreira, CEO da Companhia Brasileira de Infraestrutura (CBI), que venceu a concessão.