Hospitais
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Por Carlos Vasconcellos — Para o Valor, do Rio


Eli Szwarc, da Philips: softwares especializados, como o Tasy, são estratégicos para a entrega de valor da companhia — Foto: Divulgação
Eli Szwarc, da Philips: softwares especializados, como o Tasy, são estratégicos para a entrega de valor da companhia — Foto: Divulgação

O avanço de tecnologias como a inteligência artificial, (IA) a internet das coisas (IoT) e a conexão 5G pode impulsionar o mercado de sistemas digitais especializados na gestão operacional da saúde. Segundo o estudo global Future Health Index, da Philips, o investimento do setor de saúde no Brasil em IA, por exemplo, deve crescer 90% nos próximos três anos.

Eli Szwarc, líder médico de informática para a América Latina da Philips, afirma que softwares especializados, como o Tasy, são estratégicos para a entrega de valor da companhia na área de saúde. “O valor é criado a partir dos dados, e as novas tecnologias potencializam o acesso dos dados pelos softwares”, diz. “Ao mesmo tempo, os sistemas são depositórios de informação fundamentais para alimentar as bases de dados da inteligência artificial na área de saúde.”

Com uma carteira de cerca de 800 clientes entre clínicas, hospitais, cooperativas e operadoras de saúde, a Totvs aposta no crescimento da digitalização no setor. “A área de saúde é um dos segmentos que mais crescem em nosso negócio”, diz Rogério Pires, diretor de produtos de saúde da empresa.

Pires observa que o setor vive um período de grande pressão sobre os custos, em função do aumento nos atendimentos represados durante o período da pandemia. A saída, segundo o executivo, é focar em soluções que melhorem o atendimento primário, de caráter preventivo, para mitigar os gastos. Nesse sentido, a IA será fundamental, avalia. “Usando modelos preditivos, podemos atuar para evitar internações ou acelerar a recuperação dos pacientes”, afirma.

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Para o diretor da Totvs, a rede de dados em 5G pode impulsionar a adoção dos sistemas em pequenos hospitais, especialmente nas regiões mais remotas do país, onde é mais difícil implantar redes de fibras óticas. “Muitos hospitais ainda controlam seus processos em papel ou planilhas, e a melhoria da gestão é estratégica para o controle de custos. Por isso, o mercado tem muito potencial de crescimento.”

Felipe Clemente Santos, CEO da Pixeon, aponta o grande potencial da tecnologia 5G para o uso dos wearables, equipamentos portáteis de monitoramento de saúde. “Com isso, é possível trazer o hospital para a casa do paciente”, afirma. Para Santos, a adesão às novas tecnologias é irreversível e vai afetar todos os processos, não apenas nos diagnósticos. “Nossa ferramenta de agendamento com inteligência artificial já responde por 25% das marcações nos clientes que adotaram a solução.”

Os sistemas digitais também ajudam a dar mais eficiência à cadeia de serviços da saúde. “Hoje, cerca de 60% do tempo dos profissionais médicos é gasto em burocracia”, diz Andrey Abreu, diretor corporativo de tecnologia da MV Sistema s . Presente em dez países da América Latina, a MV atende cerca de 1.400 hospitais de médio e grande porte na região. De acordo com Abreu, o 5G vai permitir mais velocidade na transmissão e possibilitar o uso da tecnologia para transmissão de imagens por pequenos aparelhos. “Já temos carrinho de alimentação com câmera monitorada por IoT, que permite verificar se a temperatura dos alimentos está adequada antes de servi-los para o paciente, reduzindo riscos de contaminação”, diz.

A indústria de equipamentos também investe na incorporação das novas tecnologias a seu portfólio. É o caso da GE Healthcare. O equipamento de ressonância magnética Air Recon DL, por exemplo, utiliza deep learning (aprendizagem profunda, um campo do aprendizado de máquina) e IA para gerar imagens de qualidade superior e reduzir em 30% o tempo do paciente em exames.

Para Thiago Galan, diretor de imagem digital da GE Healthcare para a América Latina, o uso de dados integrados favorece a prevenção e a predição para que pacientes tenham melhores respostas, com menores custos, principalmente com redução de desperdícios. “Isso tudo será operável a partir do momento que todos os dados estiverem no mesmo lugar”, diz. O grande desafio, segundo Galan, é fazer com que os sistemas “conversem” entre si, porque o paciente é um só. “Seria como o paciente ter a consciência de que pode tirar proveito de todos os seus dados, para saber os próximos passos da sua própria saúde”, exemplifica.

Santos, da Pixeon, avalia que essa interoperabilidade será fundamental para que as novas tecnologias atinjam todo seu potencial. “Mas vai ser preciso alinhar os players da saúde e da área de tecnologia, e ajustar a legislação nesse sentido”, afirma.

Abreu, da MV, observa que essa abertura no uso de dados poderia trazer grandes benefícios. “O uso de dados anônimos nos sistemas de inteligência artificial permite uma série de insights importantes, mas ter acesso aos dados completos do paciente permitiria desenvolver tratamentos mais eficientes e personalizados”, conclui.

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