![Murilo Barbosa: “Setor tem demanda por baixa latência, velocidade e estabilidade” — Foto: Divulgação](https://s2-valor.glbimg.com/VlIzlL-boKMAX0dPUelaiZdc3pM=/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2023/X/w/NT54sIT3KfDdXCh3Vwlg/foto31rel-301-teles-h5.jpg)
Ainda que incipiente, a demanda de grandes hospitais por projetos envolvendo redes 5G começa a se materializar. Albert Einstein, Hospital das Clínicas e Sírio-Libanês são alguns que têm realizado testes, inclusive de redes privativas sem a presença de operadoras. De olho nesse interesse, fabricantes de equipamentos e operadoras de telecom têm traçado estratégias para o setor de saúde.
Denise Rahal, gerente de parcerias e operações da diretoria de inovação do Einstein, informa que o hospital dois laboratórios 5G, sendo, ambos em São Paulo: um na Vila Mariana, na incubadora de startups Eretz.bio e em teste com a Claro; e outro no hospital, no Morumbi, em teste com a Vivo. “Ainda temos muitos testes a serem feitos antes de incluir as soluções na operação. Temos seis casos de uso voltados para serviços Einstein”, diz.
No hub Morumbi, a Vivo e a Ericsson desenvolveram uma cobertura interna dedicada, usando tanto a frequência mais baixa de 3,5 GHz quanto a faixa mais alta e de grande capacidade em 26GHz. “Estão disponíveis 700 MHz, mais que a soma de todas as operadoras antes do leilão de 5G. Isso viabiliza o uso de altíssima capacidade para qualquer aplicação”, diz Vinícius Dalben, vice-presidente de negócios da Ericsson para a Vivo.
Diego Aguiar, diretor de operações da Telefónica Tech, diz que a Vivo quer atuar como um “orquestrador” de soluções por meio de um portfólio, que vai desde o monitoramento com telemetria de ambulância até soluções como prontuários eletrônicos separados por criticidade. “Cirurgia remota não é para já”, diz.
Adriano Rosa, diretor-executivo da Embratel, diz que no laboratório de inovação Eretz.bio, do Einstein, o modelo é de cocriação para resolver problemas ainda não solucionados com a conectividade atual. São dois projetos. O primeiro, “Einstein Até Você”, visa levar o hospital à casa do paciente, com monitoramento. O segundo é para análise de imagens usando 5G em situações como um AVC, para avaliações rápidas por especialistas.
Murilo Barbosa, vice-presidente de negócios da Ericsson para a Claro, destaca que o setor de saúde tem demandas críticas exigindo estabilidade, baixa latência e altas velocidades. No Hospital das Clínicas, foram instalados um rádio pequeno e uma antena da Ericsson para levar o sinal 5G da Claro a uma sala cirúrgica para medição dos sinais vitais de um paciente durante uma cirurgia. “O comitê do HC atestou uma velocidade até 800 Mbps, dez vezes maior que a rede WiFi. Eles validaram que a transmissão é estável e, com essa solução, é possível explorar novos casos de uso”, conta Barbosa.
André Alcântara, gerente de vendas da Embratel para o governo, explica que um carrinho de anestesia foi ligado a um monitor e aos equipamentos da Ericsson, e os sinais vitais eram enviados para uma nuvem interna de forma anonimizada para serem acessados remotamente por outros médicos.
Marco Bego, diretor-executivo de inovação do InovaHC, ressalta três projetos na instituição; o que foi conduzido com a Claro funcionou de março a setembro e entrará agora numa segunda fase. O foco era identificar o quão viável seria a transmissão por 5G de dados do procedimento cirúrgico feito no hospital, em São Paulo, para Natal, no Rio Grande do Norte. “Concluímos que não há perda de dados e que a velocidade atendeu a expectativa. Agora vamos testar transmitir dados e imagens, o que vai nos permitir fazer treinamentos”, ressalta.
Os outros dois testes são com tecnologia open ran (sistemas abertos não proprietários de um fabricante) da NEC numa rede 5G privativa (independente de operadora). O InovaHC tem uma autorização da Anatel e quer se integrar com localidades que não têm estrutura, sem precisar fazer investimento em tecnologia da informação. “Onde tem operadora regular, não vale a pena ter rede privativa, que é útil onde não há presença de operadoras”, diz Bego.
A TIM conduziu um piloto em parceria com o Sírio-Libanês e a Deloitte para oferecer ambulância conectada com tecnologia 5G. Paulo Humberto Gouvea, diretor de soluções corporativas da TIM, diz que o objetivo é monitorar e compartilhar os procedimentos e resultados realizados no veículo ainda em trânsito, iniciando a discussão do caso com a equipe multiprofissional que atenderá o paciente no pronto atendimento cardiológico da instituição.
A TIM e a Vivo também apostam num modelo que aproveita seus ativos de base de clientes, rede, lojas e faturamento para fechar parcerias na área de saúde. Na TIM, o foco é na atenção primária, a fim de desafogar o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de uma parceria com o Grupo Cartão de Todos. O objetivo é oferecer descontos no uso de clínicas de saúde populares, exames e farmácias. A Vivo criou o Vida V, um marketplace de saúde e bem-estar que oferece acesso a consultas (presenciais e telemedicina), exames e procedimentos cirúrgicos com preços acessíveis, mediante pagamento de assinatura mensal.