Hidrogênio verde
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Por Vladimir Goitia — Para o Valor, de São Paulo


Rosana Santos, diretora-executiva do Instituto E  Transição Energética: “Temos de tentar transformar essa molécula em algo de maior valor agregado” — Foto: Rogerio Vieira/Valor
Rosana Santos, diretora-executiva do Instituto E Transição Energética: “Temos de tentar transformar essa molécula em algo de maior valor agregado” — Foto: Rogerio Vieira/Valor

O hidrogênio de baixo carbono a ser produzido no Brasil pode transformar-se em um dos mais competitivos do mundo e atrair 8% dos US$ 350 bilhões de investimentos globais previstos até 2030, segundo a Thymos Energia. Fatores como a farta disponibilidade de energia elétrica renovável (eólica e solar, por exemplo) e a oferta de recursos hídricos sustentam essa tese na produção de H2V, que traz vantagens importantes para a descarbonização da economia.

Entretanto, o hidrogênio verde, que não emite gases poluentes durante a combustão e nem durante o processo de produção, ainda possui um custo bastante elevado, comparativamente a outras tecnologias ou opções energéticas. Cálculos preliminares apontam que produzir um kg de H2V no Brasil custaria entre U$ 6 e US$ 8. Para ser competitivo, esse custo teria de baixar para US$ 1,5 a US$ 2.

“Mas esse é um patamar para exportação. Ou seja, para competir no mercado global. Esses US$ 1,5 a US$ 2 são os preços da molécula colocada no porto de destino”, aponta Rosana Santos, diretora-executiva do Instituto E+ Transição Energética. Na avaliação dela, a diferença, para alcançar a competitividade, seria paulatinamente absorvida pela sociedade brasileira. “Exatamente por isso temos de tentar transformar essa molécula em algo de maior valor agregado, que realmente represente o esforço financeiro da sociedade”, diz.

A energia elétrica pode corresponder de 60% a 80% dos custos de produção do hidrogênio. Por isso, na opinião das empresas, seria necessário reduzir o preço da energia, influenciado por gastos com capex, opex, e tributos. “Os principais fatores que pressionam os valores das eólicas hoje são os custos de transmissão e de ICMS. Se conseguirmos reduzir esses dispêndios, o hidrogênio verde consegue ficar mais competitivo”, afirma Francisco Habib, diretor de engenharia da Casa dos Ventos.

Ele explica que, depois de uma análise minuciosa feita pela companhia, é possível viabilizar projetos de hidrogênio verde em escala industrial e comercializar o energético no país entre US$ 4 e US$ 5 por kg. Para ele, o valor de US$ 2 é um “target” interessante, mas ainda é possível ser competitivo com valores entre US$ 2,5 e US$ 3. Nos Estados Unidos, afirma, a produção do H2V recebe subsídios, com o que o preço pode cair até US$ 3 por kg.

Nosso portfólio, com 100% de energia renovável, atesta vocação para produzir H2V”
— Bernardo Sacic

Independentemente desses custos, o otimismo em relação ao futuro do H2V tem relação direta com o fato de ele ser a melhor alternativa para eliminar as emissões de carbono, além de possibilitar o transporte de energia verde por longas distâncias, na avaliação de Bernardo Sacic, diretor de desenvolvimento de novos negócios da AES Brasil. Para a diretora do Instituto E+, o mix energético nacional significativamente renovável em comparação com o do mundo (90% para o setor elétrico e 50% para o energético, comparado com cerca de 20% do resto do mundo) e a disponibilidade de água, embora cada vez mais escassa, são de sobra elementos fundamentais para a economia do hidrogênio.

Santos lembra que, numa primeira fase, somente o Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no Ceará, deve abrigar usinas com capacidade entre 10 GW e 12 GW de eletrolizadores. “Mais da metade dessa capacidade já está comprometida com pré-contratos, sendo que o projeto mais avançado é o da mineradora australiana Fortescue, com indicação de investimentos de US$ 5 bilhões”, diz ela.

A Casa dos Ventos também prevê erguer uma planta de hidrogênio verde e amônia no complexo, que, no momento, está em fase de licenciamento. “Temos acordos firmados com parceiros estratégicos com o objetivo de viabilizar a exportação da amônia verde e garantir uma cadeia de suprimentos para a transição energética dos países europeus”, conta Habib.

O executivo diz que a usina terá capacidade de até 2,4 GW de eletrólise, produzindo 960 toneladas de hidrogênio por dia, o que possibilitará a produção de 2,2 milhões de toneladas de amônia por ano. Segundo ele, a empresa tem um memorando de entendimento com a Petrobras e com a TotalEnergies para fomentar a produção de H2V e de outros produtos renováveis. “As três empresas estão trabalhando para estruturar projetos em conjunto”, acrescenta.

A AES Brasil, por sua vez, assinou em fevereiro de 2022 um memorando de entendimento com o governo do Ceará e um pré-contrato com o Porto de Pecém para um estudo de viabilidade de produção de H2V. Com isso, passou a contar com uma área de 80 hectares reservada para a construção de uma planta de grande escala. “Nosso portfólio, com 100% de energia renovável, com hidrelétricas e parques eólicos e solares, atesta uma vocação para produzir hidrogênio verde”, afirma Sacic. “Inicialmente, acreditamos que a produção será de ao menos 2 GW de energia renovável e até 800 mil toneladas de amônia verde por ano”.

Alinhado à estratégia global da companhia, o projeto prevê o início das operações antes de 2030. Ainda este ano, a AES Corporation, empresa que controla a AES Brasil, havia divulgado que pretende investir US$ 20 bilhões na produção de H2V até 2030. E, junto com a Air Products, anunciou recentemente um plano de investimento de cerca de US$ 4 bilhões na construção de uma instalação de produção de hidrogênio verde na cidade de Wilbarger County, no Texas (EUA).

A Agência Internacional de Energia (IEA) estima que a produção anual de H2V pode atingir 38 milhões de toneladas em 2030 se todos os projetos em discussão no mundo forem realizados.

Mais recente Próxima Produção de H2V tem alto consumo de água e energia

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