Hidrogênio verde
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Por Vinicius Konchinski — Para o Valor, de Curitiba


Apontado como um dos potenciais líderes do mercado mundial de hidrogênio, o Brasil já tem mais de US$ 30 bilhões (cerca de R$ 146 bilhões) em investimentos prometidos para projetos de obtenção ambientalmente sustentável do gás. A Europa, grande consumidora do hidrogênio de baixo carbono, é responsável pela maior parte dos recursos destinados à produção do combustível em território brasileiro. Os números constam de balanço apresentado pelo ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, em setembro, e seguem crescendo.

Em outubro, a empresa europeia Green Energy Park assinou uma carta de intenções com o governo do Piauí para instalação de uma planta produtora de hidrogênio verde em Parnaíba, no litoral do Estado, que pode vir a ser uma das maiores do mundo. O investimento prometido é de € 10 bilhões (cerca de R$ 53 bilhões), valor que se soma aos US$ 30 bilhões anunciados por Silveira. A planta, batizada de Green Energy Park Piauí, utilizará o H2V para produção de amônia. O produto deve ser exportado via porto de Luís Correia para a cidade de Krk, na Croácia, país onde a Green Energy Park está sediada. A previsão é que as obras da fábrica comecem no ano que vem e sejam concluídas em dois anos.

O projeto é apoiado pela União Europeia (UE). A presidente do bloco, Ursula von der Leyen, disse em novembro que € 2 bilhões (R$ 10,7 bilhões) serão investidos pela UE no Brasil só em hidrogênio verde nos próximos anos.

Separadamente, países europeus já estão ligados a projetos de hidrogênio no Brasil. Criado em 2021, o Hub de Hidrogênio Verde do Complexo do Pecém, em São Gonçalo do Amarante (CE), é uma parceria de empresas brasileiras e do governo do Ceará com a administradora do porto de Roterdã, na Holanda. Só no hub, já foram anunciados investimentos de US$ 8 bilhões (R$ 39 bilhões) por quatro empresas: AES, Casa dos Ventos, Cactus Energia e Fortescue. O local está sendo convertido num centro regional de distribuição de hidrogênio; Pecém pode vir a produzir 1 milhão de toneladas de H2V verde por ano, o suficiente para atender 25% da demanda pelo gás do porto de Roterdã.

Segundo o engenheiro Hugo Figueiredo, presidente do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, os alemães tendem a ser os grandes compradores do hidrogênio produzido no Ceará, que deve sair do Brasil convertido em amônia para facilitar seu transporte. “A Alemanha está investindo em hidrogênio verde principalmente após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia e o corte do fornecimento de gás natural que vinha dos russos”, diz.

A elétrica EDP tem uma planta experimental produzindo H2V em Pecém há cerca de um ano. Em outubro, a siderúrgica de Luxemburgo ArcelorMittal, que também tem unidade no complexo, assinou um memorando com a empresa para avaliar a possibilidade da EDP oferecer hidrogênio de baixo carbono para sua produção de aço.

Outro hub de hidrogênio deve ser formado no porto do Açu, em São João da Barra (RJ), tanto voltado para exportação quanto para tender a indústria siderúrgica. Em 2022, o porto assinou um memorando com a britânica Shell para construção de uma planta-piloto ali. Em setembro, a brasileira Vale firmou outro acordo com o porto para desenvolver projetos de descarbonização do aço por meio do hidrogênio.

Hub de Pecém, no Ceará, deve suprir 25% da demanda pelo gás do porto de Roterdã

A Agência de Cooperação Alemã (GIZ) e o Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) inauguraram em setembro uma planta-piloto para produção de combustível sustentável para aviação (SAF, na sigla em inglês) em Natal (RN). No mês seguinte, o governo do Rio Grande do Norte assinou memorando com a empresa hispano-alemã Acciona Nordex visando a criação de hub de hidrogênio no Estado.

A White Martins, empresa brasileira que agora integra um grupo multinacional, produziu no fim de 2022, em Pernambuco, o primeiro hidrogênio verde certificado na América Latina. A empresa ainda estuda produzir o gás no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Ipojuca (PE), onde também está sendo criado um hub do combustível. O projeto é liderado pela empresa de origem francesa Qair Brasil, que promete investimentos de R$ 20 bilhões no local.

Já a brasileira Unigel anunciou neste ano um investimento de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,3 bilhões) no primeiro projeto de hidrogênio verde em escala industrial do país. A planta ficará no Polo Industrial de Camaçari (BA), onde ficam a Refinaria de Mataripe e outras indústrias potencialmente consumidoras. A Unigel pretende ainda fornecer amônia que poderá ser usada como combustível por navios.

Furnas tem a primeira fábrica de hidrogênio verde a entrar em operação no Brasil. Inaugurada em 2021, ela fica em Itumbiara (GO). Ainda entre as estatais, Itaipu Binacional tem uma planta experimental produtora do gás funcionando desde 2014.

Pesquisas sobre hidrogênio no Brasil recebem apoio de europeus, principalmente alemães. Em agosto, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) inauguraram plantas produtoras de hidrogênio e laboratórios dedicados a estudar suas aplicações. Em setembro, foi a vez da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) abrir seu Centro de Hidrogênio Verde (CH2V). As construções de todos eles foram financiadas com ajuda do governo alemão.

A Universidade de São Paulo (USP) tem um projeto para produção de H2V a partir do vapor do etanol, uma tecnologia desenvolvida no Brasil. O projeto, em parceria com multinacionais, vai instalar na Cidade Universitária um posto de hidrogênio para abastecer veículos munidos de uma célula combustível capaz de converter gás em eletricidade para movê-los.

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