Hidrogênio verde
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Por Luciana Del Caro — Para o Valor, de São Paulo

Há interesse de instituições financeiras e investidores de longo prazo em financiar projetos de hidrogênio verde, mas alguns empecilhos precisam ser removidos. Embora conte a favor a vantagem do Brasil na produção de energia limpa e a intenção de descarbonizar a economia, a viabilidade econômica ainda joga contra. Como os projetos são bilionários e não há contratos de longo prazo de compra do H2V, o empurrão de bancos de desenvolvimento deverá ser necessário. “Dificilmente os bancos locais e o mercado de capitais vão dar conta de financiar sozinhos os projetos”, avalia Paulo Leme, sócio do Dias Carneiro Advogados.

O hidrogênio verde é cerca de três vezes mais caro que o cinza e não há diferenciação nos preços dos produtos produzidos a partir de cada um - o que poderia mudar com uma eventual taxação de carbono mundial ou via subsídios para baixar o custo do combustível. “O Brasil está super bem posicionado para ser um grande player, mas isso não significa que irá aproveitar essa oportunidade. Essa é uma janela que deve ficar aberta até 2030”, afirma Luciana Costa, diretora de infraestrutura, transição energética e mudança climática do BNDES.

A favor do país a matriz energética (88% renovável), um sistema elétrico integrado e energia barata. Mas essas vantagens podem desaparecer até 2030, uma vez que vários países estão concedendo incentivos para ampliar suas fontes renováveis. Na ausência de subsídios, Costa se baseia na vantagem comparativa para atrair investimentos: 70% do valor dos projetos é composto pelo custo da energia, que no caso brasileiro é inferior.

A diretora afirma que o BNDES tem a expertise de ser o maior financiador de energia renovável do mundo, com funding de longo prazo. Além disso, dispõe de recursos do Fundo Clima, que receberá aportes da emissão de US$ 2 bilhões de títulos sustentáveis do governo federal. Outra possibilidade é a de o BNDESPar participar dos projetos como acionista.

Projetos de H2V vêm sendo considerados muito relevantes no International Finance Corporation (IFC) e a intenção é de financiá-los e mobilizar recursos, junto a outras instituições, para contribuir para a transição energética. “Instituições financeiras são conservadoras e provavelmente precisarão ganhar confiança antes de financiar os projetos de hidrogênio verde”, diz Alejandro Perez, executivo sênior da IFC para o setor de energia na América Latina e Caribe.

Para ele, o IFC e demais bancos de desenvolvimento vão desempenhar um papel chave na estruturação desses projetos. Superado esse primeiro estágio, ele avalia que será muito mais fácil obter recursos dos bancos comerciais. “Em minha experiência, nunca faltam recursos para projetos bem estruturados. O desafio é mitigar alguns riscos e construir um histórico de primeiros casos de sucesso.”

Bancos comerciais só devem atuar após nós serem desatados. “Há muitas etapas que precisam ser percorridas antes que possamos financiar os projetos de hidrogênio verde, sendo o principal a viabilidade econômica”, diz Marcelo Girão, responsável pela área de project finance do Itaú BBA. O interesse do banco em financiar projetos do tipo é grande, segundo o executivo, até porque o Itaú tem a meta de meta de descarbonizar a carteira de crédito e se tornar “net zero” até 2050. “Uma vez que o projeto estiver com pontas minimamente equilibradas e amarradas, haverá funding e financiamento”, continua.

Thiago Vallandro Flores, sócio do Dias Carneiro Advogados, avalia que a maioria dos projetos será bancada principalmente por meio de project finance (tipo de financiamento em que a receita originada com a operação paga a dívida). Mas ainda há o desafio de gerar essas receitas, uma vez que inexistem contratos de longo prazo com compradores de H2V. Para ele, essa dificuldade pode ser contornada com financiamentos do tipo “mini-perm” (pelo prazo necessário para a construção do projeto e com posterior refinanciamento).

Outra possível fonte de recursos é dos fundos de private equity. No caso da Brookfield, há conversas com desenvolvedores e a expectativa é realizar algum investimento em 2024, conta André Flores, líder de investimentos em energia renovável e transição da empresa no Brasil. “Estamos bastante otimistas com relação a essa indústria no Brasil, que tem potencial tanto para a exportação quanto para a inserção do atributo verde em produtos industriais, melhorando a competitividade”, diz. Os recursos devem vir do segundo fundo global de transição energética (o BGTF II) da Brookfield, cujo valor pode chegar a US$ 17 bilhões.

A Vinci Partners também acompanha com interesse projetos de hidrogênio verde, mas considera que ainda é muito cedo para se estruturar uma tese de investimento, por falta de viabilidade econômica. “Aguardamos ansiosamente um projeto de hidrogênio verde viável para investirmos”, afirma José Guilherme Souza, sócio da Vinci responsável pela área de infraestrutura.

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