Guia de Previdência Valor/FGV
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Por Jiane Carvalho — Para o Valor, de São Paulo


Fernando Cavallete: “A carteira de títulos públicos vai sendo adaptada de acordo com as oportunidades do mercado” — Foto: Divulgação
Fernando Cavallete: “A carteira de títulos públicos vai sendo adaptada de acordo com as oportunidades do mercado” — Foto: Divulgação

O caminho percorrido pelos gestores de fundos de previdência em 2023 não foi uma linha reta. Houve desafios na renda variável (RV) - com risco de recessão global e sinais confusos na economia doméstica - e na renda fixa (RF), com dúvidas sobre o novo governo, além de crises no crédito privado que pegaram o mercado de surpresa. No entanto, mesmo com sobressaltos, o desempenho final da maioria das categorias de fundos de previdência foi positivo, superando a inflação.

O “Guia de Fundos Valor/FGV” mostra um retorno superior à inflação em oito das nove categorias de fundos no acumulado dos 12 meses encerrados em setembro. Destaque para os fundos de RF com retorno perto de 12%, mais que o dobro do IPCA do período (5,19%), e para os data-alvo, com ganhos de 10,2%.

Com os juros altos favorecendo a RF e o mercado acionário fragilizado, quanto mais ações na carteira, menor o retorno - esta foi a regra. Na categoria Balanceados, que combina RF e RV, os de melhor desempenho foram os fundos com até 15% de ações, que tiveram ganho de 10,17%. Por outro lado, aqueles que tiveram o pior retorno foram os com mais de 49% da carteira em ações, com alta acumulada de 5,54%. Só a categoria Ações não conseguiu superar a inflação, com 3,49%.

“Foi um bom período para quem soube aproveitar os fatores de risco associados a ativos de renda fixa, principalmente prefixados e juro real. Os episódios no crédito privado, como Americanas, foram um desafio, mas também oportunidade”, afirma Carlos Eduardo Eichhorn, diretor de gestão de recursos da Mapfre Investimentos, destaque em fundos RF. Em 30 de novembro, a gestora acumulava R$ 9,6 bilhões nesses fundos, 29% acima de dezembro de 2022, acompanhando a captação líquida positiva da categoria como um todo. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), R$ 28,8 bilhões ingressaram nos fundos Previdência RF até novembro. “O perfil do brasileiro é conservador, e quem faz previdência busca estabilidade. Os produtos RF atendem a isso”, diz Eichhorn.

Nos fundos data-alvo, que reduzem a exposição a risco das carteiras ao longo do tempo, a captação foi positiva em R$ 231 milhões. “É um produto muito interessante para a previdência, mas que ainda não pegou tração no Brasil”, comenta Fernando Cavallete, superintendente da área de portfólio specialist da Itaú Asset, melhor gestora da categoria. Na Itaú Asset, o produto atende pelo nome de “Fases da Vida” e o bom desempenho, destaca Cavallete, é fruto da filosofia de uma gestão ativa na RF e passiva na RV, atrelada ao Ibovespa. “A carteira de títulos públicos vai sendo adaptada de acordo com as oportunidades do mercado. Nós acreditávamos que teria espaço para cortar juro e nos posicionamos para isto”, comenta Cavallete.

A asset do Itaú também figura como melhor gestora em outras duas categorias de balanceados: a de 30% a 49% da carteira em ações e que permite alocar mais de 49% nesses papéis. “São produtos semelhantes ao data-alvo, ao combinar RF e RV, mas com percentuais fixos. A gestão é passiva em ações e ativa na renda fixa”, comenta o executivo, que vê 2024 com otimismo cauteloso. “A Selic cairá, mas não tanto, o que é bom para a renda fixa. A cautela é que tudo está muito precificado. As carteiras dos fundos estão montadas para Selic perto de 9,5% e ganho adicional apenas se houver uma surpresa e ela ficar abaixo [disso].”

Dentre todas as categorias de balanceados, os fundos com até 15% em ações foram os mais rentáveis, com destaque para a Caixa Asset, cuja carteira de RV também é indexada ao Ibovespa. “Nos últimos 12 meses, destacamos a capacidade de antecipar os movimentos de cortes de juros, mediante posições prefixadas”, diz Gabriel Cardozo, diretor presidente da asset. Na visão do executivo, fundos balanceados são recomendados a quem tem horizonte de investimento mais longo e tolerância moderada a riscos.

Na perspectiva da BrasilPrev, destaque nos balanceados de 15% a 30% em ações, 2024 deve ter um balanço mais equilibrado de contribuições para o retorno nesse tipo de aplicação. “A RF vem sendo a alocação preferida, em detrimento da RV e de offshore, mas o cenário atual sugere uma assimetria de ganho mais clara nessas classes de ativos”, comenta o superintendente de investimentos da Brasilprev, Altair Cesar. A estratégia que deu resultado, acrescenta o gestor de RF da Brasilprev, Emílio Carvalhais, foram os movimentos táticos. “Como não tínhamos muitas convicções, aumentamos a parcela do fundo destinada a alocações táticas para atravessar diferentes momentos de mercado. Posições em juros reais longos e juros nominais mais curtos constantemente ganhavam e perdiam relevância”, explica Carvalhais. “Daqui em diante, o que muda é que passaremos a revisitar com mais disposição as assimetrias em renda variável local e offshore”, afirma.

As duas categorias de fundos que mais perderam recursos no ano foram Multimercado e Ações, com saídas líquidas de R$ 9,5 bilhões e de R$ 4,2 bilhões, respectivamente. “Teve volatilidade na bolsa, no câmbio e na perspectiva de crédito. Nesse cenário, os multimercados fizeram o que fazem de melhor, buscar retorno ajustando o risco nas diferentes classes de ativos”, afirma Luiz Parreiras, gestor da estratégia multimercado e previdência da Verde Asset, destaque da categoria, acrescentando que foi importante “navegar na volatilidade, mas sem focar demais no ruído”.

Os principais movimentos da Verde foram a aposta na redução do juro e no real. Hoje, os multimercados da Verde têm a menor exposição à bolsa em 12 meses e 60% do risco contratado no Brasil, contra 40% no exterior. Ao longo deste ano, a Verde carregou perto de 30% do risco em bolsa, 30% em moedas, 20% em juros e 20% entre commodities e crédito. “Para 2024, creio que os portfólios de previdência vão correr mais risco, mas como será a escolha de ativos que se beneficiam, ainda é algo a avaliar”, diz Parreiras. Na visão dele, fundos multimercados se enquadram na necessidade de todos os perfis. “Todo investidor deve construir um portfólio com diferentes classes de ativos. O que o multimercado faz é entregar isso pronto, em um único fundo.”

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