O mercado de acreditação tem muito espaço para crescer no Brasil. De acordo com Fábio Leite Gastal, presidente da Organização Nacional de Acreditação (ONA), das mais de 380 mil instituições de saúde no país, apenas 1.712 são acreditadas. Desse total, a ONA é responsável pela diplomação de 72,1%, o que corresponde a 1.295 organizações – eram 868 em 2019 – sendo 422 hospitais.
A acreditação é um método de avaliação e certificação que usa padrões para promover a qualidade da assistência na saúde. Para ser acreditada, a organização precisa cumprir critérios reconhecidos internacionalmente. Antes voltada apenas para hospitais, a diplomação tem se disseminado entre serviços laboratoriais, de hemoterapia, ambulatórios e de diagnóstico por imagem. Cobre áreas como segurança do paciente, gestão ambiental e proteção de dados.
A maioria ou 61% dos estabelecimentos acreditados pela ONA, criada em 1999, estão na região Sudeste, antes do Sul (12,7%), Nordeste (12,1%), Centro-Oeste (11,4%) e Norte (2,8%). “Somos a terceira maior certificadora do mundo, em termos de volume”, diz Gastal.
O executivo afirma que o crescimento do número de instituições certificadas ao ano é de 15%, em média. “A projeção para 2024 é ultrapassar os 20%, principalmente, no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.”
Para garantir esse avanço, a ONA conta com dez instituições acreditadoras credenciadas que realizam o trabalho de avaliação dos serviços. É o caso da Fundação Vanzolini (FCAV), instituída por professores do departamento de engenharia de produção da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
Ana Maria Saut, gestora técnica ONA da fundação e pesquisadora na área de qualidade em saúde da Poli-USP, explica que as certificações mais procuradas estão relacionadas à qualidade de serviços e segurança do paciente, gestão ambiental e segurança da informação. “Estão em destaque devido à ênfase crescente na excelência dos serviços e à necessidade de proteger os dados dos pacientes em um ambiente digitalizado”, detalha.
A Fundação Vanzolini, que também aplica certificados de saúde ISO, tem “mais de 550” clientes com diplomas ONA. Para dar conta da demanda, aumentou o número de avaliadores que visitam as empresas. A equipe passou de 30 profissionais, em 2020, para 70.
As tendências do mercado apontam para a criação de selos em áreas específicas, como a oncologia, destaca Saut. “Nos próximos anos, deve aumentar também a busca por certificações em responsabilidade social e na atenção primária”, afirma. A especialista diz que o custo para certificar um hospital é a partir de R$ 15 mil, dependendo da norma escolhida e porte da instituição.
“Os principais desafios do setor são comprovar, para as instituições, os benefícios da acreditação, e tornar esse processo acessível às pequenas empresas”, analisa.
Na opinião de Mara Machado, CEO do Instituto Qualisa de Gestão (IQG), instituição acreditadora com 30 anos de mercado, o setor também precisa atuar para que as certificações acompanhem a transformação digital da indústria da saúde. “Isso está exigindo uma mudança na gestão das instituições, com a adesão às novas tecnologias, ao controle de dados e à [necessidade] de conectividade”, diz.
Em 2021, o Vera Cruz, hospital com 166 leitos em Campinas (SP), conquistou um selo de excelência em boas práticas de segurança para o enfrentamento da Covid-19 e foi “reacreditado” na área de atendimento geral. João Paulo Oliveira, diretor geral do Grupo Vera Cruz, diz que novas garantias estão a caminho. “Estamos empenhados na certificação internacional, processo que pode ser concluído até 2025”, afirma.