Franquias
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Por — Para o Valor, de São Paulo

Ao se analisar um negócio ou um setor específico, estar ciente do que pode dar errado é tão importante quanto projetar o faturamento anual. No caso das franquias, não é diferente. Apesar de o modelo de negócio ser praticamente como uma receita de bolo, a mão do cozinheiro importa muito no resultado final.

Para Artur Shoiti Takesawa, consultor de negócios do Sebrae de São Paulo, o erro mais comum dos franqueados iniciantes é não pesquisar sobre o ramo e a franquia que pretende adquirir. Principalmente em relação a um documento importante que o franqueador disponibiliza com todos os detalhes do negócio, a chamada Circular de Oferta da Franquia (COF). “São cerca de 30 páginas com detalhes como investimentos, obrigações, o papel do franqueado e do franqueador, e que, pela Lei das Franquias, deve só ser assinado após 10 dias de estar em posse do futuro franqueado”, afirma o consultor.

Marcelo Cherto, consultor de franchising e um dos fundadores da Associação Brasileira de Franchising (ABF) lembra que antes de ter o cuidado em ler a COF, o investidor deve escolher um ramo de franquia com a qual se identifique e, sobretudo, tenha a ver com seu perfil. “Se você não gosta de trabalhar aos finais de semana, não adianta comprar uma franquia de fast-food no shopping, porque vão te ligar às dez da noite em pleno sábado”, afirma.

 — Foto: Elaboração: Valor
— Foto: Elaboração: Valor

Quem passou por tudo isso e teve diversas franquias - e experimentou errar e acertar - de 2009 a 2015, até abrir sua marca própria e virar franqueador é Deiverson Migliatti, CEO do Sterna Café. Hoje, são mais de 60 unidades da cafeteria premium em 9 Estados do país, com faturamento anual de R$ 50 milhões.

O início, aos 25 anos, foi com a franquia do Subway, cujo dinheiro veio de financiamento do Banco do Brasil. Antes, Migliatti era estagiário da Casas Bahia. Ele conta que adquiriu muitas franquias e que nem sempre elas tinham o seu perfil. “Eu comprei uma muito famosa de semijoias e as clientes entravam e perguntavam se eu tinha brinco de madrepérola, mas eu não sabia o que era madrepérola”, conta. “Em outra, eu trabalhava com carnes grelhadas, mas acabava comprando mais carne do que vendia no dia e era um desperdício.”

Foi após um “mochilão” a 60 países que o empresário se apaixonou por cafés especiais pelo mundo e resolveu trazer isso para o Brasil. Em 2015, abriu a primeira unidade do Sterna Café dentro do Hospital Sabará, em São Paulo. Um ano depois começou a primeira unidade franqueada.

Para 2024 os planos são ousados - abrir 20 unidades pelo país, após a inauguração de 13 unidades em 2023. Tudo isso com a ajuda de um fundo de investimento que aportou recursos no ano passado na marca. O investimento inicial de uma franquia do Sterna Café é R$ 285 mil, para quiosques e chega a R$ 372 mil em loja. O potencial de faturamento é entre R$ 1 milhão a R$ 2,5 milhões por ano.

A maior dica que Migliatti pode dar após 15 anos no ramo das franquias, como franqueado e franqueador? “Eu percebi que as franquias nas quais você tem um bom relacionamento com o fundador e tem o mesmo alinhamento de expectativa são as que mais dão dinheiro”, diz.

Takesawa, do Sebrae, observa que, após 5 anos, em média 70% das franquias sobrevivem, ao passo que com as empresas tradicionais, esse percentual é de apenas 30%. Mas, por trás dos números, há uma peculiaridade do ramo de franquias: muitas são vendidas e não encerram o CNPJ, o que dificulta a métrica para saber a taxa de mortalidade. “o franqueado após dois anos não quer mais a franquia e pede ao franqueador para buscar alguém que a compre ou ele mesmo compra, e isso não vai para a estatística”, diz.

O consultor Marcelo Cherto lembra ainda que, mesmo depois de fazer tudo certo é preciso ficar atento a quem se coloca para trabalhar no negócio. “Você fez tudo corretamente e contrata a cunhada pra ser a gerente da franquia e ela absolutamente não serve pra aquilo; isso não pode”, observa.

Claudia Bittencourt, sócia-fundadora do Grupo Bittencourt, observa que quem opta pelo franchising está buscando uma possibilidade mais segura de iniciar um negócio. “Os modelos já são testados, o que aumenta a probabilidade de sucesso”, avalia.

Segundo ela, primeiramente é preciso investigar o histórico e a reputação da marca; isso inclui falar com outros franqueados sobre suas experiências. Além disso, é fundamental verificar o tipo de suporte e treinamento oferecido pela franqueadora.

Entender detalhadamente o modelo de negócios também é vital, incluindo todas as taxas, royalties e outras obrigações financeiras, para evitar surpresas desagradáveis ou que não estejam sendo consideradas no plano de negócios.

A localização do negócio também desempenha um papel significativo no sucesso da franquia, de acordo com a consultora.

Outro aspecto importante é certificar-se de que a franquia se alinha com as habilidades, interesses e estilo de vida do franqueado, o que ajuda a mantê-lo motivado e preparado para gerenciar o negócio. “A saúde financeira da franqueadora também deve ser analisada, assim como a viabilidade econômica do negócio proposto”, diz.

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