Bancos, holdings e fundos financiam setor

No Santander, a carteira de crédito do segmento cresceu 16% em 2023. “A demanda das franquias em 2024 segue forte”, avalia Diogo Capuzzo, head de franquias e parcerias do Santander. Neste ano, só em março houve avanço de 31,4% no crédito concedido. Entre as tendências, ele destaca o crescimento orgânico. “Diversas redes têm dado descontos nas taxas de franquia para bons operadores abrirem mais unidades, aí entramos com nossas soluções”, explica.

Mais de 300 marcas são conveniadas ao Santander Franquias. A linha Giro Franquias é um dos carros-chefes e pode usada para montagem das lojas, reformas e estoques. Conforme Capuzzo, as condições são carência de até sete meses, prazo até 48 meses, sendo que a taxa de juros, quando não há uma garantia imediata - mas o banco aceita como garantia o faturamento futuro da franquia - é de1,45% ao mês. Para antecipar recebíveis futuros, por exemplo, a taxa de juros dessa linha é a partir de 0,94% ao mês. Uma novidade é a linha Use Imóvel, que tem prazo de até 10 anos e taxa de juros de 1,05% ao mês, tendo imóveis como garantia. Essas são algumas referências, acrescenta Capuzzo, observando que as soluções são customizadas.

O Bradesco, que também oferece um portfólio exclusivo para o franchising, registrou aumento de 15% na procura por crédito no primeiro trimestre. “A taxa de aprovação de crédito foi 39% acima do primeiro trimestre do ano passado, após melhorias contínuas do nosso modelo”, afirma Renato Pizzo, superintendente executivo de cash management do Bradesco. De acordo com ele, há linhas de capital de giro que permitem financiar até 90% dos projetos, com carência, prazo até 60 meses e taxas a partir de CDI +2,5% ao ano.

Em 2024, o Bradesco lançou o Portal de Fornecedores para pagamentos B2B. “Por meio desse painel, o capital de giro vira fatura do cartão de crédito, com até 53 dias para pagamento sem juros e opção de parcelamento em até 36 vezes”, destaca Pizzo. Nesse caso, os juros são a partir de 1,15% ao mês.

Depois de avançar 39% em 2023, a carteira de crédito do Programa BB Franquia do Banco do Brasil cresceu 45% no primeiro trimestre com expansão de 28% na base de clientes. “A projeção para o fim de 2024 é otimista, um potencial de crescimento da carteira de crédito superior a 50%”, afirma Marcelo Gomes, gerente-geral da unidade de clientes micro e pequenas empresas do BB. O banco oferece uma ampla gama de linhas, incluindo Pronampe, capital de Giro, antecipação de recebíveis e Finame.

Apesar do avanço na atuação dos bancos, vigoram algumas dificuldades para franqueadoras e franqueados. “O desafio não está na avaliação de crédito, mas na obtenção de volumes de recursos suficientes e nas elevadas taxas de juros no país”, diz Julio Monteiro, vice-presidente da ABF Rio. Em outra vertente, ganha força o aporte das holdings de franquias. “Holdings de marcas que alcançaram o sucesso estão adquirindo participação em redes menores”, acrescenta.

Monteiro, que é sócio e CEO da Megamatte, se associou a um empresário americano e outro indiano, fundando o Grupo Rhodium em 2022. O foco é buscar negócios para desenvolver, auxiliando na gestão e aportando recursos nas operações. No portfólio, está a rede de mercadinhos Mikro Market, que entrou sem nenhuma operação e, agora, tem mais de 60 contratos de franquias assinados.

Inovando no setor, o Grupo SMZTO decidiu lançar em 2020 seu primeiro fundo de private equity. No momento, seu segundo fundo conta com R$ 225 milhões e deve fechar a captação na faixa de R$ 250 milhões. O comprometimento de capital proprietário será de 30% e a maioria dos demais investidores são famílias e empresários próximos dos executivos da holding. “Cada vez mais entram investidores como single e multi familly offices”, comenta Bruno Semenzato, CEO do Grupo SMZTO. A intenção é investir em cinco a sete pequenas e médias redes. A Royal Face, rede de estética facial, e a Peça Rara, de brechós, estão entre as que já receberam aportes.

Na indústria de private equity, outras movimentações que se destacam. Em junho do ano passado, o fundo da Crescera Capital comprou uma participação de 27% no Grupo Salus, dono da Sorridents, rede de clínicas odontológicas, e da Giolaser, de estética. “Os objetivos são a expansão orgânica, explorando o cross-selling entre franqueados, além de aquisições de marcas que fortaleçam o ecossistema de saúde e bem-estar desenvolvido pela companhia”, diz Laura Guaraná, sócia da Crescera.