Florestas
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Por Claudia Penteado — Para o Valor, de São Paulo


Coca-Cola investe em programa de rastreabilidade da cadeia produtiva de guaraná para seus refrigerantes; 100% do fruto utilizado vem da Amazônia — Foto: Divulgação
Coca-Cola investe em programa de rastreabilidade da cadeia produtiva de guaraná para seus refrigerantes; 100% do fruto utilizado vem da Amazônia — Foto: Divulgação

Enquanto a temperatura média global segue batendo recordes, aumenta a pressão sobre o compromisso de empresas com o desmatamento zero, com destaque para o rastreamento de cadeias produtivas. Contribui para o aumento da pressão de ordem comercial a recente aprovação, pelo Parlamento Europeu, da regulação anti-desmatamento da União Europeia (UE), afetando diretamente cadeias de carne, cacau, café, óleo de palma, soja, madeira e uma diversidade de subprodutos.

Outro movimento que deve mover ações e prioridades - neste caso, para frigoríficos e matadouros - veio da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Por determinação do conselho de autorregulação da entidade, bancos deverão solicitar a seus clientes frigoríficos da Amazônia Legal e do Maranhão a implementação de um sistema de rastreabilidade e monitoramento que permita demonstrar, até dezembro de 2025, a não aquisição de gado associado ao desmatamento ilegal de fornecedores diretos e indiretos.

As instituições financeiras ainda definirão planos de adequação, incentivos e consequências cabíveis, e indicadores de desempenho terão de ser divulgados periodicamente pelos frigoríficos, como forma de monitoramento. Paralelamente, resolução do Banco Central veda a concessão de crédito rural a fazendas que possuem embargos ambientais em qualquer bioma - para além da Amazônia Legal, onde a medida já existia.

Para as empresas, aumentam os riscos de estarem vinculadas, sob qualquer aspecto, ao desmatamento. “A pressão está forte e não há outro caminho, pois a continuidade dos negócios começa a ficar cada vez mais comprometida. A responsabilidade empresarial aumentou e as empresas estão respondendo, até porque seu futuro depende disso. O desafio é internalizar os custos gerados por todas essas demandas”, diz Velma Gregório, CEO da Ógui, consultoria especializada em transição de negócios para a economia regenerativa.

Segundo ela, talvez o maior desafio seja incluir os pequenos produtores, que muitas vezes não conseguem se adequar às demandas e correm o risco de ser excluídos caso não regularizem seus processos. “Muitas grandes empresas estão se propondo a ajudar os pequenos produtores a se organizar, puxando a roda da preservação das florestas”, observa. Companhias como a JBS mantêm “escritórios verdes” para auxiliar pecuaristas a atender os critérios socioambientais, oferecendo assessoria jurídica e ambiental. Esta e outras empresas do setor assinaram compromissos de estabelecer cadeias produtivas livres de desmatamento.

A Nestlé mantém o programa Nature por Ninho, que incentiva e remunera mais de mil produtores de leite parceiros de acordo com a implementação de práticas sustentáveis e regenerativas e, junto com a Embrapa, desenvolveu a primeira calculadora de pegada de carbono adaptada aos diferentes biomas e sistemas de produção do Brasil. A empresa firmou o compromisso de obter 30% das principais matérias-primas (cacau, café e leite) por meio de propriedades que aplicam práticas regenerativas até 2025, tem desde 2009 um programa global de sustentabilidade voltado para o cacau e lançou há 12 anos o programa Cultivado com Respeito, considerado o maior programa de sustentabilidade na cafeicultura do mundo.

Rodrigo Brito, head de sustentabilidade para cone sul e Brasil da Coca-Cola América Latina, diz que a empresa vem investindo na rastreabilidade e dá o exemplo do guaraná, em que 100% do fruto utilizado nos produtos vem da Amazônia, em especial de agricultura familiar. A empresa também possui o programa Olhos da Floresta, em parceria com a Imaflora, focado na inclusão de 350 famílias de produtores e mais de 3.000 pessoas nos diversos elos da cadeia.

Isabella Freire, co-diretora da ProForest para a América Latina, diz que a regulação, e a consequente pressão, tendem a aumentar. “A UE divulgou suas regras, mas os países individualmente estão se organizando, como o Reino Unido. Os EUA negociam seu Forest Act no Congresso, e há conversas a respeito na China”, diz Freire, que é co-líder da força-tarefa para a rastreabilidade na Coalizão Brasil Clima Florestas e Agricultura.

O ponto de partida para implementar rastreabilidade em larga escala abrange a pecuária e a soja prioritariamente, mas a intenção é incluir, gradativamente, todas as cadeias, afirma. Não só para atender as demandas da UE, mas também as metas do governo brasileiro de, entre outras coisas, eliminar o desmatamento até 2030.

Segundo Freire, um dos desafios é reunir e organizar dados que já existem, mas vêm de diversas fontes fragmentadas, tanto do poder público quanto da iniciativa privada. Há frequentemente burocracia excessiva em processos de regularização.

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