Uma associação setorial britânica de seguradoras incentivou os integrantes, entre os quais a Allianz SE, a Aviva Plc e a Chubb Ltd., a intensificarem os esforços de combate à perda de biodiversidade, como parte do compromisso maior dessas empresas de atingir metas relacionadas ao clima. Em um guia de orientação lançado neste mês, a Associação de Seguradoras Britânicas (ABI, na sigla em inglês) comunicou aos membros que deveriam incorporar os impactos à biodiversidade a seus planos de transição climática e metas de neutralidade nas emissões de carbono. Também os encorajou a considerar a possibilidade de oferecer novos tipos de apólices, como as que dão cobertura a danos à chamada infraestrutura natural.
A ABI destacou as dificuldades de se proteger a natureza, porque ela é específica de cada localidade, complicada de mensurar e, às vezes, prejudicada por interesses concorrentes. “Muitas empresas não encontram facilmente como avaliar o quanto dependem da natureza ou para reconhecer sua importância para as suas estratégias comerciais”, disse a diretora-geral da ABI, Hannah Gurga, em comunicado.
As seguradoras têm enfrentado outros desafios na frente climática. Em maio, várias grandes empresas se afastaram da maior aliança climática do mundo na área de seguros após procuradores-gerais republicanos nos Estados Unidos terem acusado o grupo de violações antitruste.
A biodiversidade (que inclui, por exemplo, as abelhas polinizadoras, a vida marinha, as florestas tropicais e o solo agrícola) vem diminuindo em um ritmo sem precedentes, como resultado de exploração, mudança no uso do solo, poluição e eventos climáticos extremos. O Fórum Econômico Mundial estima que cerca de metade do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, equivalente a cerca de US$ 44 trilhões em valor econômico, depende do mundo natural de alguma maneira.
As seguradoras estão sendo alertadas para a perda de biodiversidade porque árvores, solo e oceanos absorvem o carbono da atmosfera e, portanto, são cruciais para as metas assumidas por empresas e governos quanto à neutralidade das emissões. Perder a natureza pode enfraquecer barreiras naturais e aumentar o risco de enchentes para residências e empresas seguradas.
Outras ações que as seguradoras podem tomar incluem o aumento dos investimentos em empresas ou projetos que promovam a natureza, além de subscrever ou investir em títulos de dívida sustentáveis ou “verdes”, de acordo com a ABI. As orientações da associação vêm na esteira de iniciativas semelhantes do setor privado que convergiram em um novo marco mundial da biodiversidade no qual se propôs a mobilização de pelo menos US$ 200 bilhões (cerca de R$ 960 bilhões) por ano até 2030.
A AXA Investment Managers, a Columbia Threadneedle Investments, o BNP Paribas Asset Management e outras oito gestoras de ativos já haviam lançado anteriormente uma campanha de proteção da natureza com o objetivo de obter o comprometimento de pelo menos cem companhias para proteger e restaurar ecossistemas por meio do engajamento entre investidores e empresas.