Energia
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Por Sérgio Ruck Bueno — Para o Valor, de Porto Alegre


Éderson Krummenauer, da Frumar: “A energia representa 25% do nosso custo industrial, e o valor economizado vai para investimentos em tecnologia” — Foto: Divulgação
Éderson Krummenauer, da Frumar: “A energia representa 25% do nosso custo industrial, e o valor economizado vai para investimentos em tecnologia” — Foto: Divulgação

Animadas com expectativas de economizar pelo menos 15% nas contas de luz e garantir preços previsíveis ao longo dos contratos, milhares de empresas preparam-se para ingressar no mercado livre de energia a partir de janeiro de 2024, quando unidades consumidoras de alta tensão com potência contratada abaixo de 500 kW poderão participar desse ambiente de comercialização. Somente na indústria, 44 mil estarão aptas e 24 mil delas - sendo 95% de médio porte - já disseram em pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que pretendem fazer a migração, diz o gerente de energia da entidade, Roberto Wagner Pereira.

Se a previsão for confirmada, o número de consumidores industriais que contratam a energia diretamente das geradoras e comercializadoras vai mais que triplicar. Hoje o modelo é adotado por apenas 10,5 mil empresas, que representam 2,2% do total de indústrias do país, mas supre 87% do consumo do setor, especialmente em segmentos como alumínio, siderurgia, cimento, papel e celulose e automotivo. A estimativa da CNI é que a empresa que aderir ao mercado livre economizará, em média, de 15% a 20% nas contas de luz.

Conforme a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), apenas 32,2 mil unidades consumidoras de todos os setores - ou 3,7% do total do país, incluindo as residenciais - estão no ambiente de contratação livre, mas respondem por pouco mais de um terço do consumo nacional. A instituição está avaliando o potencial de novas adesões, mas avalia que o maior número virá das áreas de serviços, comércio e alimentos, como já ocorre hoje, afirma Marcelo Loureiro, membro do conselho de administração da CCEE.

A Frumar, processadora e distribuidora de pescados com sede em Porto Alegre e unidade industrial em Tijucas (SC), é uma delas. Vai migrar para o mercado livre com um contrato de cinco anos a partir de 2024, em busca de 25% de redução no gasto atual de R$ 650 mil por ano, além do suprimento somente a partir de fontes renováveis e limpas, como solar, eólica e pequenas centrais hidrelétricas.

“A energia representa 25% do nosso custo industrial, e o dinheiro economizado vai abastecer um fundo que criamos para investir em máquinas e tecnologia”, diz Éderson Krummenauer, diretor da empresa, que tem capacidade para processar mil toneladas por mês.

A BCBF, fabricante de copos, talheres e produtos descartáveis para festas, é mais otimista e prevê uma redução de até 35% na conta de energia da fábrica de Resende (RJ) com a migração de 100% da demanda da unidade em 2024. Segundo o CEO da companhia, Rica Mello, outro atrativo é a previsibilidade dos preços, e metade do dinheiro poupado deverá ser investido em inovação e equipamentos.

Já o grupo Sabin, de medicina diagnóstica, pretende contratar no mercado livre pelo menos 80% do consumo das unidades de Manaus (AM), Anápolis (GO) e Ribeirão Preto (SP), em linha com a agenda ESG da empresa e com expectativa de reduzir de 15% a 20% a fatura de energia dessas operações, afirma o diretor técnico Rafael Jácomo.

Para o presidente executivo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Rodrigo Ferreira, com a nova regra de adesão, determinada em 2022 pelo Ministério das Minas e Energia, não mais do que 5% das 201 mil unidades consumidoras de alta tensão no Brasil permanecerão no mercado cativo, suprido pelas concessionárias. Ele espera que a migração não ocorra no primeiro ano, mas em um prazo mais dilatado.

Segundo Ferreira, 106 mil unidades consumidoras de alta tensão têm carga inferior a 500 kW, mas aproximadamente um terço delas já adotou sistemas de produção distribuída (autogeração) e dificilmente migrará logo após a possibilidade entrar em vigor.

Ele lembra que em 2022 o mercado livre proporcionou uma economia recorde de R$ 41 bilhões para os grandes consumidores, além de garantir energia 100% renovável que oferece vantagens em mercados onde estratégias de desenvolvimento sustentável são mais valorizadas. Por isso, ele defende a abertura total do setor, inclusive para os consumidores de baixa tensão - formados por residências e pequenas empresas - que poderiam reduzir suas contas em até 19%. A estimativa é que isso possa ocorrer entre 2026 e 2028.

Na comercializadora e geradora 2W Ecobank, que também oferece soluções financeiras, o número de empresas que buscam energia no mercado livre cresceu três vezes, para 204, de janeiro a abril deste ano ante o mesmo período de 2022, puxado por clientes de pequeno e médio porte com faturas de R$ 20 mil a R$ 30 mil por mês que se preparam para migrar em 2024. Desde outubro passado, 58% da demanda corresponde a indústrias, em segmentos como alimentos, cerâmica, plásticos, móveis e têxteis. Depois vêm serviços, com 24% de participação e destaque para hotelaria, e comércio, com 18%, principalmente no segmento de supermercados.

De acrdo com o CEO Claudio Ribeiro, as contratações são fechadas por períodos médios de oito anos. Além disso, a empresa instala medidores e cabines de entrada de energia e paga as taxas na CCEE, o que pode diminuir para de 8% a 10% a queda dos preços finais aos consumidores. Ribeiro afirma que os consumidores também querem a conveniência de contar com serviços agregados.

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