Energia
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE

Por Dauro Veras — Para o Valor, de Florianópolis


Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS: “Norte de Minas Gerais e oeste da Bahia são pontos críticos” — Foto: Divulgação
Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS: “Norte de Minas Gerais e oeste da Bahia são pontos críticos” — Foto: Divulgação

A geração solar por meio de usinas fotovoltaicas, que hoje responde por 4,6% da capacidade instalada do Sistema Interligado Nacional (SIN), deve ampliar a participação para 8% em 2027, estima o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Este ano, a expectativa do setor é que a geração distribuída (GD) injete no sistema em torno de 8 gigawatts (GW), o equivalente a uma hidrelétrica de Tucuruí. Esse aumento na oferta de energia renovável é bem-vindo, mas traz desafios técnicos, regulatórios e de infraestrutura.

Um dos gargalos é o descompasso entre o tempo de conclusão dos projetos de geração, de três anos, e os de transmissão, de até cinco anos. “O norte de Minas Gerais e o oeste da Bahia são pontos críticos, com projetos em volume superior à capacidade de transmissão atual e mesmo à projetada”, diz o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi. “Houve leilão de transmissão para escoar 9 GW, mas a perspectiva de geração para essas localidades já é o dobro disso.” O órgão gestor propôs ao governo e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a realização de um leilão da margem de transmissão.

Outro desafio é a intermitência das fontes solar e eólica, que requer o uso de modelos preditivos sofisticados para equilibrar oferta e demanda de energia. “Reconhecemos a força da geração solar e estamos aprimorando nossos processos de planejamento, programação e operação em tempo real”, acrescenta o executivo. “O ONS não será um impedimento para a evolução do setor elétrico brasileiro, seremos sempre um habilitador dessas mudanças.”

Em 2022, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), uma das maiores do país, recebeu mais de 160 mil solicitações para conexão por GD. Esse número foi 35% superior ao de 2021, em função da “corrida do ouro” dos interessados em obter autorizações de geração com benefícios nas tarifas de uso da rede. Em março, a empresa precisou suspender as análises por 15 dias até adotar uma solução: passou a fazer a liberação imediata para micro GD (telhados solares) e uma análise técnica para mini GD.

“Conseguimos atender 93% dos clientes dentro do prazo”, informa o diretor de distribuição da empresa mineira, Marney Tadeu. “Como somos pioneiros em GD no Brasil, é natural que os primeiros esgotamentos aconteçam em nossa área de concessão”, diz. Ele acrescenta que a Cemig está implantando um robusto plano de investimentos, que prevê alocar R$ 18,4 bilhões na distribuição até 2027, para possibilitar a ligação de cargas reprimidas e melhorar a confiabilidade do fornecimento.

A rápida expansão das fontes renováveis vai demandar sistemas de armazenamento que deem mais flexibilidade ao sistema, observa o professor Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel/UFRJ). Ele lembra que a questão também afeta outros países: “Em 2040, já vai sobrar energia durante o dia na Europa”. Para o pesquisador, o novo cenário requer soluções a serem melhor estudadas, como as baterias e as usinas hidrelétricas reversíveis, que bombeiam a água de volta ao reservatório para uso posterior.

O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Madureira, avalia que os desafios técnicos vêm sendo bem encaminhados e que o principal problema é político. “O subsídio elevado à geração distribuída está causando um aumento na conta dos demais consumidores brasileiros”, afirma. “Ele deveria ter diminuído junto com o custo dos investimentos, que caiu 80% nos últimos dez anos”. Na visão da Abradee, todos os usuários da rede devem ser responsáveis pelos seus custos.

“Um estudo da EPE [Empresa de Pesquisa Energética] demonstrou que é possível triplicar a geração de energia renovável sem sobressaltos para a operação”, ressalta o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia. Ele avalia que este será o melhor ano para as grandes usinas, porque a fonte solar esteve presente em seis dos sete leilões de energia renovável realizados desde 2019. “Hoje, essa é a forma mais barata de gerar energia no Brasil e em vários países”, afirma.

Sauaia aponta dois grandes desafios: aprimorar as regras para os sistemas isolados, de modo que as baterias possam ser uma opção competitiva; e reduzir a tributação sobre esses dispositivos, que chega a 70% - bem maior que a tributação do tabaco, por exemplo. “Temos conversado com o governo federal e com órgãos reguladores, buscando destravar o potencial bilionário desse mercado para o Brasil”, afirma.

Mais recente Próxima Crescem as linhas de financiamento para GD
Tudo sobre uma empresa
Acesse tudo o que precisa saber sobre empresas da B3 em um único lugar! Dados financeiros, indicadores, notícias exclusivas e gráficos precisos - tudo para ajudar você a tomar as melhores decisões de investimento
Conheça o Empresas 360

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

Ministro do STF afirma que, quem quer paz, luta diariamente pela democracia

Após atentado a bomba, Flávio Dino fala em ciclo de violência e em quebra de cultura de paz

Outras divisas pares e também ligadas à commodity se valorizam; por aqui, agentes seguem à espera do pacote fiscal, após piora de projeções do Focus

Dólar tem queda firme e Ibovespa ronda a estabilidade com alta do petróleo no radar

Prazo para entrega da documentação necessária para participar da concorrência é 13 de janeiro de 2025 e a expectativa é que, até 3 de abril, todo o processo seja concluído

Governo de SP publica edital para escolher gestora do Finaclima

A expectativa do governo brasileiro é de iniciar a importação 2 milhões de metros cúbicos por dia (m³/dia) no início do ano que vem

Brasil sela parceria com Argentina para garantir importação de 30 milhões de m³/dia de gás até 2030

Presidente da COP29 pede sinal positivo sobre compromisso com a crise climática

Brasil e Reino Unido são convidados a ajudar a presidência da COP 29

Para reforçar sua ameaça nuclear, o governo de Pyongyang testou no mês passado o que descreveu como um novo míssil balístico intercontinental que alcançou um voo recorde

Líder da Coreia do Norte promete expansão “sem limites” das capacidades nucleares do país

O presidente eleito indicou lunáticos para cargos-chave que estão dispostos a virar as instituições americanas ponta-cabeça em busca de vingança

FT/ANÁLISE: Ao mirar o inimigo interno, Trump fortalece Rússia e China, os verdadeiros inimigos dos EUA

"Devemos defender o sistema internacional centrado na ONU, a ordem internacional sustentada pelo direito internacional e as normas básicas das relações internacionais baseadas nos propósitos e princípios da Carta da ONU”, destaca Xi Jinping

Presidente da China defende 'menos quintais com cercas altas' e mais cooperação entre países

Segmento é considerado um dos mais opacos nos mercados financeiros

Bancos dos EUA fazem parceria com BlackRock por dados de títulos

Será a primeira visita de um premiê indiano à Guiana desde a passagem de Indira Gandhi, em 1968

Premiê da Índia vai visitar a Guiana em busca de acordo de energia