Inovar e se adaptar é a lição dos casos de sucesso

“A boa governança precisa ser implementada desde o momento zero”, diz Dilma Souza Campos, CEO e sócia da ESG Tech Nossa Praia, que já prestou serviço para mais de 500 marcas, elaborando planejamento para iniciativas de avanço sustentável.

Embora sejam de segmentos variados, as trajetórias das empresas White Martins (oxigênio hospitalar), Casa da Moeda (papel-moeda), Instituto Presbiteriano Mackenzie (ensino), CPFL (energia) e Hospital Sírio-Libanês (saúde) revelam padrões de ações e decisões semelhantes que parecem conduzir à longevidade e ao sucesso.

“Essas empresas fornecem produtos e serviços fundamentais”, aponta Paulo Vicente dos Santos Alves, professor da Fundação Dom Cabral (FDC). “Mas isso não basta. Assim como os organismos vivos organizados em ecossistemas, as companhias precisam evoluir dentro do ambiente de negócios, fazendo ajustes ao longo do tempo. Continuam na ativa aquelas que sabem se adaptar.”

O renome é uma das fortalezas do Hospital Sírio-Libanês. Fundado em 1921 pela comunidade de imigrantes sírio-libaneses em São Paulo, conquistou ao longo do tempo a reputação de excelência. A instituição conta com 544 leitos operacionais em unidades da capital paulista e Distrito Federal, somando mais de 163 mil atendimentos. Foi eleito pelo quinto ano consecutivo um dos melhores hospitais do mundo pelo ranking World’s Best Hospitals 2024.

Em 2025, vai inaugurar uma nova unidade no Morumbi, projeto que contou com investimentos de R$ 150 milhões. E como parte do plano de inovação e para chegar à frente da concorrência, a instituição inaugurou em abril um espaço de apoio a pacientes internacionais no aeroporto de Guarulhos. Segundo Denise Jafet, presidente da Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês, a expectativa é abrir entre 10 e 15 novas clínicas de especialidade nos próximos seis anos. “O Sírio-Libanês visa ampliar sua presença geográfica e fomentar um sistema de saúde integrado e inteligente.”

A White Martins inaugurou a primeira usina de oxigênio do Brasil em 1912, no Rio de Janeiro (RJ). Nos anos 1960, ao alcançar a produção diária de 220 toneladas de oxigênio, assumiu a liderança do mercado. Em 2022 se tornou a primeira empresa a produzir o hidrogênio verde certificado em escala industrial no Brasil e na América do Sul, com produção de 156 toneladas por ano. “Vamos ampliar a produção de hidrogênio verde com a construção e operação de uma nova planta em Jacareí [SP] para atender o Sudeste do Brasil já em 2025”, afirma Gilney Bastos, presidente da White Martins na América do Sul.

Em um dos momentos críticos da epidemia de covid-19, no início de 2021, a empresa foi cobrada, juntamente com a área de saúde dos governos, pelo desabastecimento de oxigênio em Manaus (AM), que pode ter causado a morte de até 40 pessoas, segundo o sindicato dos médicos do Amazonas. De acordo com Bastos, a resposta da empresa ao problema foi passar a fornecer para a região quantidades de oxigênio “muito além das obrigações contratuais com clientes públicos e privados”.

“Incrementamos a logística de distribuição, investimos em novos equipamentos, nossas unidades passaram a operar 24/7 e reativamos plantas de produção para atender à demanda exponencial”, diz o presidente. A principal meta da empresa para o futuro é zerar as emissões dos gases do efeito estufa (GEE) até 2050.

A Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) também volta a atenção à sustentabilidade. As mudanças climáticas são o maior obstáculo ao crescimento da empresa, de acordo com o CEO, Gustavo Estrella. “Eventos climáticos fora dos padrões exigem sistemas elétricos resilientes”, diz. “Por isso dobramos o investimento nos últimos cinco anos. Em 2023, investimos R$ 3,8 bilhões, com particular direcionamento às distribuidoras.”

A mais longeva na lista, a Casa da Moeda do Brasil, completou 330 anos de existência. Em 2023, fabricou 1,121 bilhão de moedas, o maior número em oito anos, e produziu 2,4 milhões de passaportes, o que representou aumento de 5% em comparação com a quantidade de 2022.

O novo passaporte traz itens de segurança como marcas d’água e holográfica aprimoradas, foto codificada e outros recursos de proteção contra falsificações, funcionalidades que levaram o documento a receber o prêmio internacional Melhor Novo Passaporte 2023, conferido pela High Security Printing Latin America. Desde janeiro, a CMB passou a contratar energia elétrica no mercado livre de energia. A estimativa é de que a migração resulte em uma economia de R$ 13 milhões por ano.