Definir estratégias alinhadas com as vocações econômicas de cada região tem contribuído para programas envolvendo parcerias entre governos e empresas. No Rio de Janeiro, Oi e Artplan atuam como âncoras de cursos voltados para a economia criativa, apoiando escolas públicas com aulas técnicos de inovação digital e de publicidade, respectivamente.
A Oi apoia o Núcleo Avançado em Educação (Nave), que funciona no Colégio Estadual José Leite Lopes, na zona norte. Iniciado em 2008, com apoio do Instituto Oi Futuro, o Nave já formou 3,6 mil alunos e hoje mantém 900 matriculados em cursos que unem os ensinos médio e técnico. São duas habilitações: programação e produção multimídia e artes visuais.
Segundo Carla Uller, gerente executiva de programas e projetos de comunicação do Oi Futuro, uma pesquisa recente com mais de 700 jovens formados pela iniciativa revelou que 63% deles estão na universidade. Entre os que já se graduaram, 85,5% estão empregados, dos quais 50% na área que estudaram.
Já a Artplan criou o projeto Futuros Sonhadores para levar diversidade ao mercado de comunicação. O projeto combina conhecimento prático de agências de publicidade com aulas teóricas ministradas por professores da Escola Técnica Adolpho Bloch, também na zona norte, e por executivos do Grupo Dreamers, holding das marcas Rock in Rio, The Town, Artplan, entre outras operações.
A ideia partiu de Yuri Alcântara, gerente de planejamento da Artplan e ex-aluno da Adolph Bloch. Débora Moura, head de diversidade e inclusão do Grupo Dreamers e da Artplan, informa que a primeira edição formou 92 alunos. Uma nova edição impactará 50 alunos da Adolpho Bloch do ensino médio.
“Já contratamos quatro alunos, e outros quatro atuaram no Rock in Rio, trabalhando com conteúdo em tempo real. Agora, estamos formalizando uma parceria com a Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap) para o projeto ser replicado nos mesmos moldes por outras agências e escolas do Brasil”, diz Moura.
O professor Hélio Goldman, coordenador do curso de publicidade da escola, conta que outras agências têm procurado o Grupo Dreamers em busca de estagiários da Adolpho Bloch. “Em vez de só buscar estágios fora, trouxemos para dentro da escola o processo formativo prático desde o primeiro ano. Houve aumento do interesse dos alunos em continuar sua formação, quando antes tínhamos uma perda de 45% para outras carreiras”, diz Goldman.
Na Paraíba, a Secretaria de Educação criou, em 2019, o programa Primeira Chance para garantir empregabilidade das primeiras turmas do ensino técnico profissionalizante, lançado em 2015. O programa oferece estágios remunerados pelo Estado e funciona por meio de editais para selecionar as empresas e os estudantes.
“O governo paga bolsas de R$ 500 a R$ 1.000. As empresas recebem os estagiários durante seis meses e pagam transporte e seguro saúde. Os alunos recebem mentoria, incluindo como agir em assédio moral ou sexual, educação financeira, aconselhamento de carreira”, explica Rayssa Ferreira Alencar, gerente executiva de educação profissional e coordenadora do Primeira Chance.
Em 2020, participaram 244 estudantes e 130 empresas; em 2021, foram 356 estudantes e 254 empresas; e, em 2022, 572 estudantes e 394 empresas. O investimento total foi de R$ 800 mil, e a última edição de 2022 chegou a R$ 6 milhões.
“Em 2023, queremos ter 800 empresas. Temos 850 vagas de alunos para escolas técnicas e 375 para ensino regular EJA [Educação de Jovens e Adultos] e egressos já formados em escolas públicas. As escolas técnicas oferecem cursos de acordo com a vocação da região: turismo no litoral e no Brejo Paraibano, comércio e administração no sertão e agroecologia e recursos naturais em todo o estado”, diz a coordenadora do programa.