Educação Profissional
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Por Adriana Fonseca — Para o Valor, de São Paulo


Patrícia Caires, da Câmara Brasil-Alemanha: parceria entre empresa e escola — Foto: Divulgação
Patrícia Caires, da Câmara Brasil-Alemanha: parceria entre empresa e escola — Foto: Divulgação

No Brasil, 9% dos alunos do ensino médio, entre 15 e 19 anos, estão matriculados em cursos da educação profissional. O número está bem abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 37%, segundo dados da instituição. Aumentar a quantidade de alunos nesse tipo de formação é um caminho a ser percorrido, afirmam especialistas. O país, aliás, pode aproveitar da experiência de outras nações para conseguir ampliar essa participação.

Gustavo Henrique Moraes, pesquisador em educação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), diz que talvez a principal lição a ser tirada do maior exemplo de educação profissional do mundo, a Alemanha, é a valorização do profissional técnico. “A primeira lição é extraescolar, tem a ver com a remuneração, o reconhecimento da função técnica”, diz o especialista. Na Alemanha, ele diz, há diferença de prestígio entre um médico e um profissional técnico, como acontece aqui, mas a diferença de remuneração é menor. “Nesses países que são referência [em ensino profissionalizante], há valorização do trabalhador.”

Do ponto de vista escolar, a Alemanha é o principal exemplo citado, ainda que haja críticas ao modelo, principalmente em função da pouca idade em que o aluno começa a formação técnica, por volta de 10 anos, por vezes de forma compulsória.

O modelo usado na Alemanha é chamado de “dual”, e há participação conjunta entre escola e empresas. “Existe um protagonismo do Estado na regulação da formação profissional, mas o estudante será aprendiz na empresa, e esta arca com os custos, incluindo a remuneração dos alunos”, diz.

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Patrícia Caires, diretora do Centro de Competência Formação Profissional da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, diz que os cursos de ensino dual profissionalizante na Alemanha são criados a partir da parceria de três agentes: a empresa (ou um conjunto de empresas que têm a mesma demanda por profissionais), a instituição de ensino e as câmaras de comércio e indústria. “A partir desse trabalho colaborativo a grade curricular do curso é criada com o objetivo de formar jovens com o perfil desejado pelo mercado de trabalho.”

O dual se difere do curso técnico brasileiro também em termos de carga horária, sendo mais aprofundado e abrangente. “Nesse sistema, a formação tem mais de 5.000 horas, sendo 1.020 horas dedicadas à formação teórica e 4.780 à prática. No ensino técnico brasileiro, são 1.600 horas no total.”

Outra diferença é que os cursos técnicos no Brasil contam com matérias como matemática e português, enquanto no dual alemão a grade curricular é formada somente por disciplinas da profissão escolhida pelo aluno. No sistema dual há provas teóricas e práticas que precisam de, no mínimo, 50% de aprovação para que o aluno receba o certificado.

A empresa formadora, por sua vez, precisa indicar um profissional que receberá uma capacitação como tutor. Esse profissional, explica Caires, é responsável por ensinar as atividades práticas ao aluno, acompanhá-lo durante toda a formação, esclarecendo dúvidas, incentivando o aprendizado. “Nesse formato, o tutor é corresponsável no processo de aprendizado do aluno.”

Atualmente, a Alemanha oferece 325 cursos de ensino dual profissionalizante, e cerca de dois terços dos jovens optam por esse tipo de formação após a escola básica, segundo dados da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo. O auxílio de bolsa para alunos do ensino dual na Alemanha é de, em média, € 1.028, diz Caires.

Moraes pontua que, no Brasil, há resistência para essa articulação empresa-escola, o que na visão dele deveria ser superado. “Essa articulação escola-empresa é muito benéfica para a sociedade, porque gera cursos mais alinhados às demandas do mercado”, afirma.

Carolina Campos, CEO da Vozes da Educação, cita como um dos exemplos a serem seguidos o ensino profissionalizante da França. Lá, diz Campos, o jovem pode validar seus saberes da vida em uma instituição de ensino ganhando um certificado que ateste esse conhecimento. Um filho de cabelereira, por exemplo, que aprendeu desde cedo a cortar cabelo, mas não tem uma certificação formal para isso, exigida pelo mercado de trabalho, tem caminhos claros e desburocratizados para fazer a validação desse saber.

A mobilidade geográfica é outro aspecto que pode servir de exemplo. Quem mora na Espanha, faz um técnico em culinária e resolve que quer aprender sobre pães na França, passa três meses estudando no país e tem um sistema que valida automaticamente esse ensino em seu país de origem.

Na Austrália, por sua vez, matérias cursadas no ensino médio são reconhecidas no ensino superior, fazendo com que o aluno não precise cursá-las novamente. “É mais atrativo para o jovem, porque é flexível”, diz Campos. Moraes, do Inep, comenta que esse sistema de aproveitamento de créditos entre ensino médio e superior até existe no Brasil, mas enfrenta uma série de burocracias na prática. “A legislação no Brasil já prevê o aproveitamento do ensino médio na graduação, mas ainda patinamos, há resistência”, diz.

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