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Por Sérgio Adeodato — Para o Valor, de São Paulo


Colmeias no entorno de Belém: iniciativa para constituir um cinturão verde de meliponicultura no território — Foto: Divulgação
Colmeias no entorno de Belém: iniciativa para constituir um cinturão verde de meliponicultura no território — Foto: Divulgação

Com 30 caixinhas de colmeias no quintal, o produtor Ocivaldo Moreira aguarda o início da colheita de mel, na comunidade Boa Vista, no município de Acará, região metropolitana de Belém (PA), orgulhoso não só pelo dinheiro extra, mas pela contribuição de manter a floresta em pé. Em meio a 4.000 pés de açaí e outras árvores polinizadas por abelhas nativas sem ferrão, o agricultor integra uma iniciativa que planeja constituir um cinturão verde de meliponicultura no território e entorno da capital paraense. O objetivo: auxiliar a mitigação da mudança climática e a adaptação aos impactos dessas alterações que já atingem a qualidade de vida na cidade.

“A região sofre com o clima mais seco, resultado do desmatamento, e fazer pequenos oásis pode amenizar os atuais e futuros impactos”, afirma João Meirelles, diretor-geral do Instituto Peabiru, em Belém. No projeto, financiado pelo Instituto Clima e Sociedade (ICs), as abelhas prestam o serviço de polinizar árvores nativas, contribuindo na reprodução vegetal, com captura de CO2 da atmosfera e formação de uma barreira natural para proteção da metrópole. A expectativa é demonstrar os resultados na COP30 do clima que acontecerá na capital paraense em 2025.

Na região, 40 famílias de nove comunidades receberam 1.200 caixas de colmeias e assistência técnica para reprodução e manejo do plantel. “A abelha faz o que o ser humano deveria fazer mais”, diz a produtora Márcia Ramos, que trabalhava como doméstica em Belém e voltou às origens, na comunidade Boa Vista, apostando no mel junto à criação de galinha e pés de patchouli e priprioca usados na produção de cosméticos.

Em todo o mundo, cresce o movimento de grandes cidades na adoção de planos climáticos, baseados, principalmente na redução de emissões de CO2 pelo transporte e consumo de energia, aumento de áreas verdes e sistemas de monitoramento e alertas contra enchentes e até contenção costeira contra a elevação do nível do mar. No caso das Soluções Baseadas na Natureza (SbN), entre as quais a conservação e ampliação de florestas, há potencial de mitigar 37% da mudança climática para o planeta não ultrapassar o limite de 1,5 grau de aquecimento até 2050, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

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Os eventos extremos no ano na Amazônia (seca) e Sul e Sudeste (tempestades) lançaram novo alerta. “A demanda de adaptação tem aumentado, sobretudo com sistemas de resposta para emergência em desastres climáticos, mas falta avançar nas medidas estruturantes para evitar impactos”, afirma Ilan Cuperstein, diretor regional para a América Latina na C-40 Cities. A iniciativa mobiliza 97 cidades do mundo no tema, quatro delas no Brasil: Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Salvador, que já lançaram planos de ação e agora buscam implementá-los.

Fazer pequenos oásis pode amenizar os atuais e futuros impactos”
— João Meirelles”

Segundo a ONU, quase metade da população global -3,6 bilhões de pessoas - vive em condições altamente vulneráveis aos impactos de secas, inundações, tempestades, ondas de calor e insegurança alimentar. O custo global dos danos causados pelas alterações climáticas é estimado entre US$ 1,7 bilhões e 3,1 bilhões por ano até 2050.

O financiamento necessário para implementar as prioridades nacionais de adaptação está estimado em US$ 387 bilhões por ano, de acordo com a ONU. O atual déficit flutua entre US$ 194 bilhões e US$ 366 bilhões por ano: à medida que os impactos climáticos aceleram, a lacuna de financiamento só aumenta.

Segundo Cuperstein, “não temos cultura de incorporar risco climático no planejamento urbano com ações de longo prazo”. Uma das exceções é cidade do Recife, alvo de um megacontrato assinado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), de cerca de R$ 2 bilhões, grande parte para habitação resiliente em áreas de baixa renda. Há expectativa quanto à incorporação de risco climático nas obras do Novo PAC, o plano de infraestrutura do governo federal que prevê investimento de R$ 1,7 trilhão até 2026.

“No Brasil, apesar da maior emissão de gases de efeito estufa no uso da terra, quem sofre a maior parte das consequências está nas cidades”, reforça Cuperstein. Quanto à elevação do nível do mar no planeta, resultado do derretimento de geleiras, as ações brasileiras de adaptação são ainda tímidas, porque “faltam dados mais precisos e confiáveis, além de barreiras como a pressão imobiliária”. Salvador, por exemplo, busca cooperação com universidades para dimensionar os riscos, e o Rio de Janeiro já mapeou as zonas da cidade que poderão ser mais afetadas pelo avanço marinho.

A melhor forma de adaptação é proteger ambientes naturais, como recifes de corais, restingas e manguezais, capazes de atenuar a ação das ondas. “Obras costeiras continuam sendo licenciadas como se não houvesse amanhã”, adverte Beatrice Padovani, integrante de recente diagnóstico lançado pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES).

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