O estoque de investimentos brasileiros no mundo, atualmente, é de US$ 327,5 bilhões, segundo os números mais recentes publicados em fevereiro deste ano pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e com dados gerais dos últimos três anos compilados pelo Banco Central (BC). Os EUA são o quinto destino do capital de investidores brasileiros e representam pouco mais de 10% do total (US$ 33 bi).
“A grande diferença dos EUA é que existe um mercado consumidor enorme e que, se você tiver um produto e souber acessar, a sua capacidade de crescimento é exponencial comparada com praticamente qualquer outro mercado. É um mercado mais maduro”, diz Andres Sinclair, sócio da Legend, holding que tem escritório em Miami e reúne assessoria de investimentos e wealth management. No entanto, o ambiente de negócio nos EUA não é de fácil acesso. “É muito mais competitivo, no sentido de que os investimentos são muito maiores. Se você não é bom ou não tem escala, não sobrevive.”
Ainda segundo o relatório da ApexBrasil, em relação a fusões e aquisições, o chamado investimento “browfield”, destaca-se a compra da marca de calçados sustentáveis Rothy’s pela Alpargatas em 2021, por um valor de estimado de US$ 275 milhões. O relatório chama atenção também para a compra da Usend pelo Banco Inter, estimada em US$ 157 milhões em 2022. Nos últimos dez anos, foram feitas 47 operações de fusões e aquisições brasileiras nos EUA.
Em investimentos “greenfield”, que têm o objetivo da criação ou expansão de capacidade produtiva de uma companhia, a ApexBrasil cita a Bauducco, que também investiu pesado, comprando um terreno para a construção de centro de distribuição na Flórida por US$ 200 milhões. A agência, que realizou ainda o “Mapeamento de Empresas Brasileiras Instaladas nos Estados Unidos”, mostra que 70% das empresas brasileiras decidiram ter seu centro de operações na Flórida, que tem forte imigração latino-americana e brasileira.
Outras gigantes brasileiras têm investido ao longo dos anos nos EUA. Somente a Braskem tem cinco unidades no país produzindo polipropileno. Segundo a American Chamber of Commerce for Brazil (Amcham), entre as dez multinacionais brasileiras instaladas nos EUA, estão peso-pesados como a JBS, Metalfrio e Gerdau, que detêm grandes fatias do mercado americano.
A legislação também é um fator que pesa na hora da escolha, segundo Sinclair. “Os Estados Unidos são um lugar muito diverso. Cada Estado é praticamente um país diferente por causa da sua legislação e até do tipo de mercado que você pode desenvolver”, diz.
De acordo com a última série histórica do BC, em 2022, os EUA eram o principal destino de investimentos brasileiros em carteira, com US$ 17,7 bilhões, o que representou uma queda em relação a 2021, quando o valor alcançou seu ápice, com US$ 24,8 bilhões.
Na posição em operações intercompanhia, que são instrumentos de dívida e dividem-se em matrizes no exterior e suas filiais no Brasil, filiais no exterior a matrizes no Brasil e operações entre empresas irmãs, os investimentos se mantiveram estáveis em 2022 em relação ao ano anterior, em torno de US$ 4,4 bilhões, de acordo com o BC. Os números registram um aumento se comparados aos níveis registrados de 2014 a 2020, quando variaram entre cerca de US$ 3 bilhões e US$ 3,5 bilhões.
Em relação aos investimentos diretos em participação no capital de empresas americanas, a posição brasileira em 2022 chegou a US$ 29,3 bi, uma alta de 2,75% comparado a 2021. O valo está abaixo do registrado em 2020, quando atingiu o recorde de US$ 39,2 bilhões.