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Por — Para o Valor, de São Paulo


Silber, da Fipe: sem superávit, país empresta dinheiro para pagar juros — Foto: Silvia Zamboni/Valor
Silber, da Fipe: sem superávit, país empresta dinheiro para pagar juros — Foto: Silvia Zamboni/Valor

O Fed, o banco central americano, jogou água nos anseios do mercado financeiro no início de maio. A expectativa era que Jerome Powell, presidente do Fed, anunciasse o início da redução dos juros, mas o que ele fez foi manter as taxas entre 5,25% e 5,5%, os níveis mais altos em mais de 20 anos. Com isso, adiou o anúncio da redução, que agora pode acontecer nas reuniões do comitê de política monetária dos Estados Unidos (Fomc) de setembro ou até de dezembro, a depender do comportamento da inflação, que teima em não cair, e da geração constante de novos postos de trabalho.

O que o Fed sinalizou ao mercado é que o afrouxamento monetário deve vir, mas não agora. Vai ficar, quem sabe, para o segundo semestre. “O banco central norte-americano mostrou que pode haver apenas uma redução das taxas de juros, o que mantém o dólar forte e a dívida do país com custo elevado”, afirma Simão Silber, economista, professor e pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). “O Fed mostrou que pode haver um ou dois cortes de 0,25 ponto percentual, baixando a taxa no fim do ano para 4,85% a 5%”, complementa Marcelo Kfoury Muinhos, economista e professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/Eeesp).

Segundo analistas, as consequências esperadas por aqui, diante desse cenário, são um empenho menos incisivo do Banco Central (BC) em reduzir a taxa Selic, a decorrente manutenção das taxas de crédito, o esfriamento da atividade econômica e o aumento do custo da dívida interna brasileira. Com os juros elevados no Brasil, a dívida pública, que tem parte indexada à Selic, parte ao câmbio e parte à inflação, aumenta.

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“A curva dos juros exigidos para rolar a dívida pública esticou. A expectativa em relação ao câmbio mudou, o mesmo se pode dizer sobre a previsão para a taxa de inflação”, diz Roberto Dumas, professor de economia internacional do Insper de São Paulo. “Tudo isso influencia da decisão do Copom [Comitê de Política Monetária do BC] no futuro e no carregamento da dívida pública”, afirma.

Um componente importante que afeta a dívida pública é o desempenho fiscal. Se o país gera recursos maiores que as despesas, tem superávit e sobra dinheiro para abater a dívida. Em 2023, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conseguiu aprovar no Congresso Nacional o novo arcabouço fiscal em substituição ao mecanismo que estabelecia o teto de gastos. Pelas novas regras, a meta era anular o déficit fiscal neste ano, chegando a um superávit primário correspondente a 0,5% do PIB em 2025, e elevando-o a 1% do PIB em 2026. Em abril, porém, houve uma revisão das contas por parte da área econômica, estabelecendo zerar o déficit só no ano que vem. Para 2026, 2027 e 2028, as metas passaram para 0,25%, 0,5% e 1% de superávit, respectivamente. “Nem bem o arcabouço entrou em vigor, já mudamos”, critica Dumas.

Silber, da Fipe, lembra que o país não gera superávit fiscal desde o governo Dilma Rousseff (2011-2016). “Se não há superávit, temos que pedir dinheiro ao credor para pagar os juros da dívida”. Nesse caso, lembra, a saída para fazer frente a compromissos como investimentos e gastos correntes, com aposentadorias e saúde será gerar mais inflação. “O brasileiro sabe muito bem o que é inflação e não quer isso. Nós acumulamos 3,4 trilhões percentuais de inflação entre 1980 e 1994. No governo Sarney (1985-1990), tivemos inflação de 2,5% ao dia e uma taxa de juros de 4% ao dia. Foi um filme de terror que ninguém mais quer ver”, diz.

Com a sinalização do Fed de deixar uma eventual redução dos juros para o segundo semestre, e do BC brasileiro de reduzir o ritmo de queda de Selic, as previsões para a economia do país para este ano arrefeceram. O boletim Focus, que reúne estimativas dos agentes do mercado financeiro, previa um crescimento do PIB de 1,5% para 2024 no início do ano. Depois, demostrando otimismo com os rumos da economia, passou a sinalizar 2% de alta. Agora, especialistas refazem as suas avaliações.

“As perspectivas para o segundo semestre estão meio nubladas”, diz Kfoury, da FGV. Pelas suas contas, o país deve ter crescer 2,4% neste ano. “Minha expectativa é de um desempenho mais forte que a visão do mercado. Pressupõe estabilidade e até algum crescimento no segundo semestre”, avalia. “Nos últimos dois anos, as projeções do mercado para o PIB ficaram abaixo da realidade e pode haver alguma surpresa positiva este ano também.”

Dumas, do Insper, tem um cálculo diferente. Para ele, o PIB deve registrar aumento entre 1,8% e 2%. Alerta, no entanto, para um componente das contas públicas que pode contribuir para a manutenção da inflação: o custo da mão de obra. Entre 1996 e 2022, o salário mínimo subiu 90% em termos reais. “Obviamente, a produtividade do trabalhador brasileiro não cresceu 90% em termos reais no período. Então, o custo unitário do trabalhador aumentou, o que afeta a inflação de serviços”, item que está na pauta do Banco Central.

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