A última década registra diversos desastres causados pela exploração de recursos naturais. O rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), em 2015, foi o maior desastre ambiental do Brasil, mas não foi o único. Poucos anos após o acidente que despejou 40 bilhões de litros de rejeitos de minério por municípios de Minas Gerais e Espírito Santo, chegando ao rio Doce, matou 19 pessoas, feriu outras 250 e deixou mais de mil desalojados, a barragem da Vale em Brumadinho (MG) se rompeu, matando 272 pessoas - o maior acidente trabalhista já registrado no país.
Os danos do acidente em 2019 ainda são avaliados, mas o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aponta que os 12 bilhões de litros de rejeitos carregados de metais pesados comprometeram 269 hectares de mata, sendo 138 ha de florestas nativas.
Em Maceió, a prospecção de sal-gema - usado na produção de vidro, celulose e produtos fármacos, entre outros - pela Braskem causou o afundamento de três bairros, afetando cerca de 60 mil pessoas.
E há pouco mais de dez anos, no Golfo do México, ocorreu o maior derramamento de óleo dos Estados Unidos, quando uma plataforma da British Petroleum (hoje BP) explodiu, matando 11 trabalhadores. Os cerca de 800 milhões de litros que vazaram podem ter atingido cerca de 800 mil aves, 170 tartarugas e mais de 8 milhões de ostras, segundo a Oceana, organização não governamental dedicada à conservação marítima. Uma espécie de baleia pode ter sido reduzida em 22% e populações de peixes, camarões e lulas, em 85%. Em janeiro, a petroleira disse que reforçou protocolos preventivos de segurança após o acidente e instalou comitês que avaliam quase que diariamente as condições das plataformas e de outras instalações.
Em nota, a Samarco “reforça o compromisso com a reparação integral dos danos causados pelo rompimento da barragem do Fundação, garantindo total suporte à Fundação Renova”. A instituição foi criada em 2016, como parte do acordo assinado pelos acionistas da Samarco - Vale e BHP Billiton - e os governos federal, de Minas e do Espírito Santo, e é coordenadora tanto das ações de recuperação dos danos ambientais, quanto das indenizações aos atingidos.
Também por meio de nota, a Fundação Renova informou que está recuperando nascentes e áreas de preservação permanentes, entre outras ações. Investiu R$ 742 milhões em saneamento e outros R$ 800 milhões em restauração de uma área de mais de 30 mil campos de futebol. “Mais de 1,9 mil nascentes estão com o processo de recuperação iniciado”, afirma.
A Vale tem ações para recuperação da biodiversidade, como o uso, em projeto piloto, de uma técnica que acelera o desenvolvimento da flora, o Resgate de DNA e Indução de Florescimento Precoce em Espécies Nativas. O coordenador do projeto, o professor do departamento de engenharia florestal da Universidade Federal de Viçosa - onde a técnica foi criada - Gleison dos Santos conta que há outras cinco interessadas em iniciar a aplicação em áreas degradadas.
A Braskem afirma que já pagou R$ 3,8 bilhões em indenizações às famílias por meio do Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação e que, na frente ambiental, mantém um projeto para replantio em área de mangue.