Biodiversidade
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Por Dauro Veras — Para o Valor, de Florianópolis


Pesquisadores criaram sensores, robôs e drones que coletam amostras de DNA das copas das árvores — Foto: Divulgação
Pesquisadores criaram sensores, robôs e drones que coletam amostras de DNA das copas das árvores — Foto: Divulgação

A inteligência artificial (IA) vem sendo usada por universidades, centros de pesquisa, empresas e organizações do terceiro setor para contribuir com o conhecimento e a proteção da biodiversidade. As iniciativas envolvem da análise de imagens de satélite para prever desde o risco de incêndios florestais até o mapeamento de padrões de sons emitidos por animais, passando por drones que coletam DNA ambiental em árvores e algoritmos que examinam novas moléculas.

Uma parceria entre o Instituto Baleia Jubarte (IBJ), a Veracel Celulose e a empresa de logística marítima Norsul criou um sistema para proteger as baleias na região do arquipélago de Abrolhos, no litoral sul da Bahia. Uma câmera térmica ligada ao radar das barcaças de transporte de celulose identifica baleias jubarte e dispara um alarme quando elas se aproximam, ajudando a evitar colisões. A iniciativa é pioneira, com paralelo apenas nas Ilhas Canárias, um arquipélago espanhol ao largo da costa noroeste da África, onde um sistema semelhante protege a baleia cachalote.

“A Veracel já usava uma câmera térmica para identificar incêndio florestal, com software criado pela empresa Aton ”, diz o veterinário Milton Marcondes, coordenador de pesquisa do IBJ. “Nós adaptamos o equipamento para detectar a baleia pelo borrifo e pela parte do corpo que fica fora da água”, afirma. Nos últimos dez anos, houve mais de mil atropelamentos de baleias no mundo, de acordo com a Comissão Internacional das Baleias.

Em Foz do Iguaçu (PR), o Parque Tecnológico Itaipu - Brasil (PTI-BR) usa IA para localizar os grandes felinos que habitam o entorno da hidrelétrica. “Criamos uma solução que dispara um alarme ao identificar onças-pintadas e pardas, dando mais segurança aos animais e aos colaboradores, além de apoiar o trabalho de inventário dos biólogos”, diz o pesquisador José Gomes. O PTI-BR também desenvolve sensores acústicos para detectar caça ilegal e desmatamento.

Segundo a pesquisa State of AI - Latin America, divulgada pelo fundo mexicano ALLVP, 71% das startups latino-americanas dizem usar IA nas operações diárias. “Muitas startups brasileiras estão usando IA para economia circular, preservação de áreas naturais e créditos de carbono”, diz Fernanda Stefanelo, sócia das áreas ambiental e ESG do Demarest Advogados. Seguradoras têm se beneficiado da tecnologia para avaliar riscos de sustentabilidade em ativos ambientais.

A empresa catarinense Quiron desenvolveu um algoritmo que prevê o risco de incêndios florestais com até 15 dias de antecedência e mais de 80% de acerto. “Identificamos padrões em imagens de satélite para apontar pontos críticos com resolução de dez metros”, explica um dos sócios, o engenheiro cartógrafo Marcos Schimalski. Em torno de 70% do faturamento vem do mercado externo. A startup pretende lançar em 2024 uma ferramenta de classificação de espécies vegetais no dossel superior de florestas, via imagens de ultrarresolução espacial associadas com laser embarcado em aeronaves.

Uma equipe de cientistas brasileiros de universidades e centros de pesquisa, o “Brazilian Team”, está entre as seis finalistas do Xprize Rainforest, premiação internacional de US$ 10 milhões para soluções inovadoras que avaliem a biodiversidade de florestas tropicais. Promovida pela Fundação Xprize e pelo Instituto Alana, a competição envolveu 300 grupos de 70 países nos últimos quatro anos. Sua etapa final será realizada no próximo ano no Amazonas. Entre as ferramentas empregadas pelo “Brazilian Team” estão sensores bioacústicos, robôs e drones que coletam amostras de DNA das copas das árvores.

Contudo, a inteligência artificial ainda apresenta limitações relacionadas à escassez de dados, observa Juliana de Paula-Souza, professora do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “Pelos próximos 20 ou 30 anos, a pesquisa básica sobre biodiversidade será importante para tornar a IA mais inteligente”, diz Paula-Souza.

Com sede em Macapá, capital do Amapá, a DruGet criou uma aplicação que analisa a eficácia e a segurança de moléculas da biodiversidade amazônica para o desenvolvimento de fármacos. A startup cresceu com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) e seus principais clientes são as indústrias farmacêuticas nacionais. “Um teste mutagênico que leva no mínimo três meses pelo processo experimental pode ser feito em 30 minutos com o uso de IA”, conta uma das fundadoras, Lorane Hage Melim, professora da Universidade Federal do Amapá. A empresa cobra R$ 2,1 mil para realizar um teste que custaria R$ 200 mil com os métodos usuais.

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