Amazônia
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Por Sérgio Adeodato — Para o Valor, de São Paulo


Coleta de lixo em mangue de Bragança, no Pará; animais são capturados acidentalmente por redes abandonadas — Foto: Divulgação/Projeto Mangues da Amazônia
Coleta de lixo em mangue de Bragança, no Pará; animais são capturados acidentalmente por redes abandonadas — Foto: Divulgação/Projeto Mangues da Amazônia

Com vazão de 209 milhões de litros por segundo, o rio Amazonas, um dos maiores do mundo em volume, leva mais do que água e sedimentos até o oceano. Ao longo de seus quase 7.000 km são carregadas toneladas de plásticos e outros resíduos descartados nos municípios ribeirinhos da bacia hidrográfica, além da crescente poluição de cidades da zona costeira amazônica, entre Amapá e Maranhão, com riscos à biodiversidade, à saúde humana e à pesca.

O quadro reflete o descompasso entre os investimentos na gestão do lixo e as mudanças nos padrões de consumo na Amazônia, por meio da substituição de alimentos in natura por produtos industrializados. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Pobreza Multidimensional não Monetário (IPM-NM), que considera privações da qualidade de vida para além dos valores da renda, diminuiu 62,4% entre os biênios 2008-2009 e 2017-2018 na região Norte. A falta de saneamento permanece como entrave para números melhores.

Os impactos dos resíduos onde a floresta encontra o Atlântico começam a ser desvendados por um projeto de 11 instituições de pesquisa para medir e mapear o problema na área costeira e marítima de influência do rio Amazonas. “O estuário é a lixeira da Amazônia e o diagnóstico fornecerá dados inéditos para políticas, ações de controle e educação ambiental”, diz Marcus Fernandes, coordenador do Observatório do Lixo Antropogênico Marinho (Olamar) e pesquisador da a Universidade Federal do Pará (UFPA). Segundo ele, a iniciativa, financiada com R$ 1 milhão do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), lançará luzes sobre como os desafios da Amazônia interagem com a Década do Oceano, instituída pela ONU para mobilizar soluções até 2030.

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Além de identificar origem e tipos de material que chegam ao litoral, o trabalho investigará a presença em sedimentos e animais marinhos. “A floresta tem fechado os olhos para a questão do lixo”, lamenta Valdenira Ferreira dos Santos, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Científica e Tecnológica do Amapá (Iepa). Ela explica que lidar com o problema é ainda mais difícil na região, devido a características ambientais como inundações no período chuvoso e variações da maré, o que requer maior esforço de inovação. “Na disputa por recursos, os projetos de conservação da floresta na maioria das vezes são priorizados”, observa.

A ONU estima a existência de mais de 150 milhões de toneladas de plásticos nos oceanos. No atual cenário, segundo a Fundação Ellen MacArthur, os mares terão mais plásticos do que peixes (em peso) até 2050. No mar amazônico, um dos problemas está na “pesca fantasma” - a captura acidental de peixes por redes, cordas e outros apetrechos abandonados ou descartados pelos barcos. “Por meio dos resíduos, podemos identificar o tipo de pesca e dimensionar ações junto aos pescadores”, diz Carlos Alberto Holanda, pesquisador da UFPA e integrante do Olamar. “Encontramos plásticos até em ninho de passarinho dentro de reservas ambientais”, reforça Emarielle Pardal, pesquisadora do Iepa dedicada ao estudo de microplásticos em sedimentos e peixes, base alimentar da população regional.

O objetivo é incluir a Amazônia na discussão mundial para discutir estratégias. A região Norte produz 7,5% do lixo gerado no país, no total de 6,1 milhões de toneladas em 2022, com 63,4% destinadas a lixões, enquanto a média brasileira é de 39%, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Conforme o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), instituído em 2022, a meta de reciclagem de embalagens projetada para a região Norte, em 2024, é de somente 3%. Para o país como um todo, a projeção é de 30%.

“Na Amazônia, a logística de coleta de resíduos é crítica, atrelada a questões sociais, econômicas e geográficas, com baixo investimento público”, diz Victor Bicca, diretor de políticas e relações governamentais da Coca-Cola Brasil. A empresa apoia iniciativas como a coleta de recicláveis na Festa do Boi, em Parintins (AM).

“Falamos muito da Amazônia pela floresta, mas não pelos problemas urbanos”, diz Eduardo Taveira, secretário do Meio Ambiente do Amazonas, ao lembrar que quase todos os municípios do Estado convivem com lixões. Os resíduos de comunidades ribeirinhas são transportados para cidades em balsas ou queimados na floresta. “As características amazônicas tornam inviável cumprir a lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos”, diz Taveira.

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