Agronegócio
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Por — De São Paulo


A piscicultura tem crescido das três últimas décadas no Brasil, com impulso especialmente de cooperativas do oeste paranaense. Agricultores da região, rica em recursos hídricos, passaram a aproveitar áreas inviáveis ao cultivo para estabelecer tanques e açudes para a criação de peixes. “A produção era sem planejamento. Havia pesque-pagues, no entanto, os produtores não tinham venda garantida e sofriam com excedente. A atividade se tornava inviável sem um aparato adequado da produção até a comercialização”, lembra Valter Pitol, diretor-presidente da Copacol, sediada em Cafelândia (PR).

Quando cooperativas passaram a atuar também com piscicultura, o cenário mudou. Novas tecnologias foram introduzidas, a produção foi otimizada e hoje o Paraná é o maior produtor de peixes do Brasil, responsável por 40% da produção, principalmente de tilápia. Cooperados passaram a receber insumos como peixe na fase juvenil e ração durante o ciclo produtivo e assistência técnica. “Ficam sob responsabilidade do produtor a estrutura física, manutenção, custos de energia elétrica e os manejos de cultivo”, afirma Jair de Sordi, gerente do abatedouro de peixes da C.Vale. A cooperativa, sediada em Palotina (PR), ainda garante a comercialização do produto final.

Paulo Michelon, que hoje tira 90% de sua renda da piscicultura, destaca a importância do sistema cooperativo para seus resultados. “É ser dono do próprio negócio, ter constante desenvolvimento e crescimento, um ajudando o outro”, afirma.

Com 2017 cooperados piscultores, a C.Vale dedica-se à atividade desde 2017 e hoje abate 185 mil tilápias por dia. Em 2023, produziu 40 mil toneladas de carne de peixe e exportou 26% da produção. A previsão para este ano é produzir 43 mil toneladas, mantendo o percentual exportado. A Copacol, por sua vez, tem 286 cooperados e processa 190 mil tilápias/dia. Em 2023, foram produzidas quase 17 mil toneladas pela cooperativa, que tem meta de chegar a 21 mil toneladas neste ano.

Para atingir os resultados, as cooperativas estimulam a adoção de tecnologia por parte dos associados. Nos últimos anos tem sido mais intensivo o uso de aeradores para oxigenação da água e maior produção. Além disso, são poucas as propriedades que não possuem geradores para o caso de queda de energia. Também há preocupação ambiental. “A necessidade de preservação dos recursos naturais, aliada à otimização do uso do solo e da água na produção, tem resultado na implantação de sistemas mais sustentáveis de cultivo”, afirma o gerente de integração da Peixes Copacol, Nestor Braun.

A piscicultura brasileira cresceu ao ritmo de 9% ao ano nos últimos anos, de acordo com o IBGE, e se concentra no Sul e no Sudeste. Em 2022, último dado disponível, foram produzidas 617 mil toneladas, mas dados extraoficiais estimam que a produção tenha superado as 800 mil toneladas. O valor da produção superou os R$ 5,3 bilhões em 2022, e estima-se (não há dados oficiais) que tenha passado de R$ 8,5 bilhões em 2023. O país já se destaca como o quarto maior produtor de tilápias do mundo.

Apesar do crescimento da atividade, o consultor de aquicultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Eduardo Ono, afirma que o segmento enfrenta excesso de burocracia e altos custos para a regularização dos empreendimentos. Também faltam políticas estruturadas para o desenvolvimento da atividade, gerando insegurança jurídica, aponta. “Já no campo, os desafios se concentram na instabilidade dos custos dos principais insumos, como a ração, responsável por cerca de 70% dos gastos do produtor, os eventos climáticos severos, além do aumento na ocorrência de perdas por questões sanitárias”.

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