Rastreamento facilita adoção de agenda ESG

Sandra Zanardi: produtora tem fazenda rastreada por empresa alemã — Foto: Divulgação

Demandas sociais pela adoção da agenda ESG (sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governança) têm se somado às normas legais sobre rastreabilidade como bons motivos para investir em tecnologias de monitoramento da cadeia agrícola. O rastreamento da produção facilita as boas práticas, além de permitir a comprovação da origem e da qualidade dos alimentos. Outros benefícios são a fidelização de clientes, a economia de tempo e a agregação de valor aos produtos.

“Segurança do alimento é uma premissa para exportar”, lembra Giampaolo Buso, diretor executivo da PariPassu, fornecedora de tecnologias para a cadeia agroalimentar, com sede em Florianópolis. A empresa atua na preparação para auditorias, certificações, controle de qualidade e monitoramento de resíduos químicos. Um de seus produtos, o Checklist de Inspeção e Controle de Qualidade (Clicq), automatiza o fluxo de informação compartilhado na cadeia de abastecimento. O ganho de desempenho pode reduzir o tempo da operação em até 50%, informa Buso.

A empresa alemã Eckes-Granini, maior produtora de sucos da Europa, usa a plataforma de de análise de dados Power BI, da Microsoft, para viabilizar uma relação transparente com seus fornecedores de vários países. Uma das propriedades rastreadas é a fazenda da produtora de laranjas Sandra Zanardi, em Mogi Mirim (SP). É possível verificar, por exemplo, detalhes como a jornada laboral e as folgas semanais dos trabalhadores. A fruticultora tem suporte técnico da organização da sociedade civil Solidaridad, que oferece treinamento gratuito em agronomia para pequenos produtores.

O apoio à agricultura familiar por meio de inovações sociais é uma das frentes de atuação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Em dezembro, a empresa lançou os protótipos de dois alimentos produzidos a partir da biodiversidade brasileira e de conhecimentos tradicionais: uma bebida similar ao leite e um análogo de queijo, fabricados com amêndoa de babaçu.

Os alimentos foram desenvolvidos em conjunto com duas comunidades do Vale do Itapecuru, no Maranhão - uma delas, quilombola -, envolvendo mulheres quebradeiras de coco. “Conseguimos produtos bonitos e apresentáveis, que tiveram uma aceitação fantástica”, comenta a pesquisadora Guilhermina Cayres, líder do projeto. “Nosso desafio agora é adequar as estruturas existentes nas duas agroindústrias e começar a produzir em escala”.