Agronegócio
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Por Vladimir Goitia — Para o Valor, de São Paulo


As exportações do agronegócio brasileiro, que já são quase a metade de tudo que o país vende ao exterior, devem mostrar este ano o mesmo desempenho que se repete há mais de uma década. “A expectativa é de que elas fiquem 8,4% acima do resultado de 2022, em termos nominais”, diz Sueme Mori, diretora de relações internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

No primeiro trimestre, os embarques agropecuários ao mercado externo renderam US$ 35,9 bilhões, resultado 6,5% maior em relação ao mesmo período de 2022. Vale pontuar que, no ano passado, a receita das exportações agrícolas do país cresceu quase 32% em comparação a 2021, passando de US$ 120,5 bilhões para US$ 158,9 bilhões.

Embora com oscilações pontuais, os envios do agronegócio ao exterior crescem ano a ano. Dados da CNA mostram que, em 2022, o setor correspondeu a 47,6% do total das exportações, resultado inferior apenas ao de 2020, quando a participação chegou a 48,1%.

Outros dados significativos são os superávits que o agronegócio gera para a balança comercial. No ano passado, o saldo positivo do setor somou US$ 141,8 bilhões. Em 2012, era de US$ 79,3 bilhões. Apesar dos resultados, há ainda desafios a serem superados, aponta Felippe Serigati, pesquisador e professor da FGV Agro.

Na avaliação de Serigati, a pauta exportadora do país é ainda muito concentrada em grãos, algodão, café, açúcar, proteína animal e papel e celulose. “Precisamos avançar na agroindústria [alimentos e bebidas], insumos e produtos não alimentícios”, diz. Em 2022, os principais produtos embarcados foram soja em grãos (US$ 46 bilhões), milho (US$ 12 bilhões), carne bovina in natura (US$ 11 bilhões), farelo de soja (US$ 10 bilhões) e açúcar de cana em bruto (US$ 9,5 bilhões).

Essa pauta se repetiu no primeiro trimestre do ano: soja em grãos (US$ 10,7 bilhões), milho (US$ 2,8 bilhões), farelo de soja (US$ 2,5 bilhões), carne de frango in natura (US$ 2,4 bilhões) e açúcar de cana (US$ 1,9 bilhões). Serigati avalia que o Brasil precisa também ampliar mais seus mercados. Hoje, o maior cliente é a China. “Abrir novos mercado depende de um trabalho diplomático e comercial”, pondera o professor da FGV Agro. Para ele, um dos focos deveria ser a Índia.

No primeiro trimestre, o mercado chinês absorveu US$ 7,8 bilhões em grãos. O segundo maior cliente para o produto foi a União Europeia (US$ 693,8 milhões), seguida pela Tailândia (US$ 295,3 milhões) e a Turquia (US$ 264,7 milhões). Carne bovina in natura é outro produto em que os chineses aparecem na liderança. Em 2022, compraram US$ 1,1 bilhão, seguidos pelos Estados Unidos (US$ 139,8 mi), União Europeia (US$ 112,2 milhões), Chile (US$ 90,4 milhões) e Egito (US$ 70,4 milhões).

Outro desafio a ser superado, na avaliação de José Augusto de Castro, presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), é a logística de transporte, que encarece os produtos e tira parte da competitividade brasileira, principalmente dos grãos. “Esses produtos deveriam ser transportados por trem, não por caminhão. Isso não vai mudar no curto prazo”, diz Castro.

A adoção de legislações ambientais que impõem medidas restritivas ao comércio internacional também pode impactar as exportações agrícolas do país. A União Europeia aprovou uma legislação que impõe requisitos ambientais para a importação de produtos agropecuários, entre elas, a proibição de bens que tenham origem em áreas abertas após 31 de dezembro de 2020.

Segundo Mori, as regras podem impactar até 31% das exportações brasileiras para o bloco, especialmente nos setores de café, carne bovina e soja. Reino Unido e EUA também elaboram medidas semelhantes. Em 2022, os três mercados representaram 24% do total exportado pelo agronegócio brasileiro.

Castro, da AEB, assim como Serigati, da FGV Agro, acreditam que essas mediadas fazem parte do jogo comercial. Para os dois, o Brasil precisa se adaptar e tomar medidas que até agora foram insuficientes. “Se o comprador exige isso, cabe ao ofertante se adaptar. Ele que determina o que quer. Proteger mercados faz parte do jogo. É legítimo”, afirma o professor e pesquisador da FGV Agro.

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