Agronegócio
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE

Por Franco Iacomini — Para o Valor, de Curitiba


Em abril, um incidente em Mauá da Serra (PR) reuniu produtores, pesquisadores da Embrapa e técnicos do Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR) e da Agência de Defesa Agropecuária (Adapar) para desvendar a causa da morte de abelhas de 300 colmeias. O evento mostra como a cadeia de assistência técnica e extensão rural atua para promover sustentabilidade no campo.

Apesar de sua importância, a área tem sofrido redução orçamentária: em 2015, a verba do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pronater) chegou ao pico, com R$ 607 milhões. O valor regrediu para R$ 30,8 milhões em 2022. A perda tem sido compensada em parte pela atuação de cooperativas e organizações não-governamentais.

Nos últimos anos, o agrônomo Decio Gazzoni, da Embrapa Soja, mostrou os benefícios da interação entre a oleaginosa e a apicultura. A produtividade da soja nos locais em que há criação de abelhas é, em média, 13% maior. “Isso é lucro líquido para o agricultor, porque o método não exige que se gaste nada mais de insumos”, diz Gazzoni. Para o apicultor, o resultado também compensa. No mês de florada da soja, uma caixa de abelhas pode produzir 25 kg de mel, mais do que a média anual do país, de 19,8 kg por caixa.

Os achados da pesquisa foram transformados em um programa que inclui, além da Embrapa, o IDR e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-PR). O desafio dos extensionistas é levar ao agricultor o benefício de ter colmeias na propriedade e a necessidade de redobrar os cuidados com os agrotóxicos. Em Mauá da Serra, a perda das abelhas foi causada pelo inseticida fipronil.

No caso da cidade paranaense, a participação de uma instituição pública, o IDR, foi essencial, mas nem sempre o Estado está presente. “Assistência técnica e extensão rural não estão acessíveis à maior parte dos produtores”, diz Rodrigo Castro, diretor da Fundação Solidaridad, que atua em 40 países na sustentabilidade e inclusão social no meio rural. O último Censo Agropecuário, de 2017, mostra que 20,2% das propriedades receberam orientação técnica no ano. E há desigualdade regional: no Sul do país, 48,6% dos produtores tiveram assistência, ante 10,4% no Norte e 8,2% no Nordeste.

A assistência prestada por ONGs é incipiente - em 2017, 0,8% das propriedades recebiam auxílio por essa via -, mas elas têm trazido resultados em produção e preservação. A Solidaridad trabalha há oito anos em Novo Repartimento (PA), município que em 2010 constava como o terceiro que mais desmatou no país. O projeto começou com recursos da ONG suíça Good Energies Foundation, da Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento e do governo dos Países Baixos. Na segunda fase, recebeu apoio do Fundo JBS pela Amazônia e da Elanco Foundation, americana.

Os agricultores atendidos integraram o cacau à pecuária e foram incentivados a aderir à cooperativa Coopercau. “A renda das famílias aumentou em 30%, com 50% menos desmatamento. Hoje, 78% dos produtores atendidos não tocam mais no remanescente florestal. Aprenderam a ver a floresta como aliada”, diz Castro.

A fonte adicional de renda tem sido o argumento principal para oferecer alternativas sustentáveis aos produtores”, relata Natasha Choinski, da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).

A ONG conta com projetos em três reservas florestais que administra no Paraná e expandiu seus métodos para cinco áreas vizinhas, com assistência técnica e a proposta de cultivar árvores frutíferas nativas. As frutas são vendidas in natura ou transformadas em doces, compotas e licores, com a ajuda de associações e cooperativas.

As cooperativas estão no coração do processo: têm nove mil extensionistas que atendem um quarto das propriedades do país. O produtor pode estar sequestrando carbono sem saber. Precisamos ajudá-lo a perceber as possibilidades”, diz Marco Morato de Oliveira, coordenador de Meio Ambiente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB)

Um exemplo é a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que inclui o uso de sistemas produtivos distintos. Entre os pioneiros está a cooperativa Cocamar. A operação teve início no noroeste do Paraná, região de solos arenosos e com baixos teores de matéria orgânica. Ali a promoção de sistemas integrados começou em 1999, para produzir soja e milho em consórcio com pecuária e florestas. Eram oito mil hectares. Hoje, são 200 mil.

“O ILPF transforma regiões. Diminui o custo do pecuarista, que usa menos insumos e gasta menos em rações no inverno. Há melhora no bem-estar animal, porque o gado ganha áreas de sombra. Na soja, a mortalidade por alta temperatura cai”, afirma Emerson Nunes, gerente de ILPF na Cocamar.

Mais recente Próxima Regulamentação ambiental caminha a passos lentos no campo
Tudo sobre uma empresa
Acesse tudo o que precisa saber sobre empresas da B3 em um único lugar! Dados financeiros, indicadores, notícias exclusivas e gráficos precisos - tudo para ajudar você a tomar as melhores decisões de investimento
Conheça o Empresas 360

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

Definição de um nome é considerada uma virada de página para a mineradora, avaliada em quase R$ 300 bilhões no mercado

Análise: na Vale, há uma lista de desejos, mas escolha do futuro CEO segue em aberto

A ONG disse que as ordens de evacuação e a destruição das instalações de saúde deixaram as pessoas no norte de Gaza com muito poucas opções de atendimento médico

Médicos Sem Fronteiras fecham última instalação de saúde no norte de Gaza

Queda do CPI de junho reforça percepção de que início do ciclo de cortes de juros americanos está mais próximo

Ibovespa e dólar sobem com inflação americana no radar

Média móvel de quatro semanas ficou em 233.500 pedidos, uma queda de 5.250 em relação à média revisada da semana anterior

Pedidos de seguro-desemprego nos EUA ficam em 222 mil na semana anterior

Presidente colombiano está prestes a ter maioria de indicados no banco central do país; nervosismo de economistas aumentou com a recente turbulência no mercado brasileiro após ataques de Lula à política monetária brasileira

Colômbia olha para o Brasil com medo de nomes de Petro no banco central

Contratos para setembro, os mais negociados, fecharam em alta de 0,79%, a 828,0 yuans (US$ 113,79) a tonelada

Minério de ferro sobe na Bolsa de Dalian

A avaliação é que os cálculos sobre como ficará o valor da alíquota geral, cujo teto foi fixado em 26,5% no texto da Câmara, terão de ser refeitos no Senado.

Senado adota cautela sobre regulamentação da reforma tributária e avalia tirar urgência

Na operação desta quinta-feira, PF cumpriu cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão, e entre os presos está Marcelo de Araújo Bormevet, agente da PF que integrou a equipe de Ramagem na Abin

Moraes retira sigilo de operação sobre Abin paralela

Recursos serão destinados, em grande parte, no desenvolvimento e produção de um veículo totalmente novo, de um segmento no qual a montadora ainda não atua, revelou o presidente da GM na América do Sul

Dos R$ 7 bilhões de investimento anunciados pela GM no país, R$ 1,2 bilhão vão para fábrica do RS

Volume de vendas cresceu 1,8% em maio ante abril, acima da média brasileira, que foi de 1,2%. Já a receita teve alta de 1,2% no estado, ante variação de 1,3% no Brasil

Corrida aos supermercados e doações puxam alta das vendas do comércio no Rio Grande do Sul