![Sidney Klajner, do Einstein: testes de estabilidade da rede para operações — Foto: Ana Paula Paiva/Valor](https://s2-valor.glbimg.com/nEqn37hF4esji799UahgOTfx3MU=/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2023/Y/c/OIqsf8SImfJKMJSfUDyQ/foto31rel-101-saude-f5.jpg)
Grandes hospitais realizam testes com o 5G com planos de adotar o padrão em rotinas médicas a partir de 2024. O interesse é aproveitar os benefícios que a tecnologia oferece como a confiabilidade da conexão e a alta capacidade de transmissão de dados. Estudos em curso incluem aplicações em cirurgias a distância, na predição de acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e no monitoramento de ambulâncias.
“Também há pilotos com a utilização da realidade virtual e aumentada na preparação de cirurgias”, informa Matheus Rodrigues, sócio-líder de tecnologia, mídia e telecomunicações da consultoria Deloitte.
No Hospital Israelita Albert Einstein foram criados em março, em São Paulo, dois laboratórios 5G para analisar índices de benefícios e de segurança do novo padrão de rede. As unidades contam com 13 profissionais, divididos entre equipes de inovação e de saúde, com médicos e enfermeiros. “Vamos ver se teremos, por exemplo, estabilidade [de rede] adequada para operar um paciente remotamente e que problemas podem comprometer o procedimento”, explica Sidney Klajner, presidente do Einstein. “Estamos lidando com vidas, e o funcionamento precisa ser 100% perfeito”, completa.
A ideia é testar o recurso em cinco áreas: cirurgia, apoio remoto em emergências médicas e monitoramento em ambulâncias, inteligência artificial para predição de AVCs, além de teleconsultas e serviços de saúde itinerantes. “São aplicações em que o 5G pode fazer a diferença”, justifica o CEO. As análises contam com ferramentas de fornecedores como a israelense LiveU, de transmissão de vídeo, representada no Brasil pela Ucan; da Zoll, de cuidados intensivos, marca do grupo de origem japonesa Asahi Kasei, distribuída pela Indumed; e da brasileira Tuinda Care, de soluções de telemedicina.
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Klajner diz que a expectativa é que os resultados dos testes saiam em dezembro, mas o cronograma de ativação das aplicações não está definido. “Ainda é muito cedo para dizer em quanto tempo poderemos incrementar atendimentos e serviços com essas inovações”, pondera.
No Hospital Sírio-Libanês, as ações de testes com as redes 5G começaram em julho de 2022. “Estamos finalizando a prototipação de uma solução de comunicação e transferência de dados em ambulâncias”, afirma Conrado Tramontini, gerente de garagem deeptech e agilidade do hospital. O objetivo é compartilhar os procedimentos realizados nos veículos em trânsito com a equipe que atenderá o paciente no pronto atendimento.
Até 2024, os estudos serão ampliados para verificar a autonomia da rede no monitoramento remoto de pacientes com dispositivos vestíveis, com transferência de dados e imagens; no processamento de grandes volumes de dados; e em procedimentos que envolvam realidade virtual e aumentada. O Sírio-Libanês conta com a cobertura de rede da TIM nos testes com ambulâncias e recorre à consultoria da Deloitte para cenários futuros.
Em Porto Alegre (RS), o Hospital Moinhos de Vento, com 485 leitos e 3,7 mil médicos ativos, deve investir cerca de R$ 40 milhões, até o final de 2025 em transformação digital, área em que o 5G é encarado como um componente central para a conectividade adequada de novas soluções. De acordo com Melina Moraes Schuch, superintendente de estratégia e mercado da instituição, entre as metas mais urgentes estão fortalecer o relacionamento digital com os pacientes, por meio do aplicativo do hospital; e escalar a prática da telemedicina, adotada desde 2016.
Schuch diz que podem entrar no radar novas oportunidades, como a robótica na coleta de amostras e o rastreamento de equipamentos em tempo real. “Mas, para isso, é preciso uma rede estável, sem falhas”, afirma. A expectativa é iniciar a implementação de algumas ações, depois de testes, a partir de 2024.
No InovaHC, núcleo de inovação tecnológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP), um dos projetos é o OpenCare 5G, que promete acelerar a implantação da rede a custos mais baixos, segundo Marco Bego, diretor executivo do InovaHC. Com investimentos de mais de R$ 1,3 milhão e parceiros como Siemens Healthineers e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a intenção é testar, até o próximo ano, aplicações como a realização de exames remotos de ultrassom em comunidades indígenas.
Na opinião de Marcello Miguel, diretor-executivo de marketing e negócios da Embratel, que oferece redes privativas 5G e tem o HC e o Einstein entre os clientes que realizam provas de conceito, os aportes no setor devem escalar. “Espera-se que os investimentos em TI e telecom, somente dos provedores de saúde pública no Brasil, ultrapassem R$ 5 bilhões nos próximos cinco anos”, diz ele, baseados em dados da empresa de pesquisas IDC.